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ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A NOÇÃO DE BELEZA NA FILOSOFIA DE ARISTÓTELES

Por:   •  31/5/2018  •  Bibliografia  •  1.016 Palavras (5 Páginas)  •  261 Visualizações

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ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE A NOÇÃO DE BELEZA NA FILOSOFIA DE ARISTÓTELES.

Ao que parece, duas causas, e ambas naturais, geraram a arte. (I) O imitar (mímesis) é inerente ao homem (e nisso difere dos outros seres viventes, pois, de todos, é ele o mais imitador, e, por imitação, aprende as primeiras noções), e (II) os homens se comprazem no imitado.

Sinal disso é o que acontece na experiência: nós contemplamos com prazer as imagens mais exatas daquelas mesmas coisas que olhamos com repugnância, por exemplo, as representações de animais ferozes e de cadáveres. Causa é que o aprender não só muito apraz aos filósofos, mas também, igualmente, aos demais homens (...).” (ARISTÓTELES, A Poética).

Como pode ser deduzido da passagem acima, um dos princípios norteadores na constituição da boa arte está na capacidade do artista em (re)-produzir obras que contenham em si um grau elevado de verossimilhança em relação àquilo que encontramos na realidade ou na natureza. Neste sentido, quanto mais parecida a cópia ou imitação (mímesis) de algo com o seu correspondente na realidade, maior prazer estético ele causará em seu espectador. A admiração provocada pela obra de arte dependeria, portanto, da habilidade do artista em apresentar a realidade do que é representado (ilusão). Isso se reflete de modo mais evidente nas anedotas populares da Grécia antiga:

“Apeles pintou um cavalo com tanto realismo que cavalos vivos, iludidos, relincharam. Parrásio pintou tão realisticamente um soldado sobrecarregado de armas numa corrida que este parecia transpirar enquanto corria. Numa competição com Zêuxis, Parrásio pintou uvas tão parecidas com uvas verdadeiras que os passarinhos acudiam a bicá-las. Diante disso, Parrásio pintou uma cortina em toda a extensão do quadro, que enganou o próprio Zêuxis; este lhe pediu que descerrasse a cortina para poder ver o quadro.

Ovídio nos conta ainda de Pigmaleão, que dispensou anos de sua vida na criação de uma estátua que representasse a mulher perfeita (tanto corporalmente quanto moralmente). “A imagem parecia ser uma virgem, quase de verdade, quase viva, e disposta, salvo pela modéstia, a movimentar-se. A melhor arte, dizem, é aquela que dissimula a arte, e assim Pigmaleão se maravilhou e se apaixonou pelo corpo que ele próprio construiu.” (OVÍDIO, Metamorfoses).

De fato, por muito tempo na história da arte, a admiração que prevaleceu tanto no fazer dos artistas quanto na contemplação do público girava em torno do senso naturalista, ou seja, das obras que fossem fac-símiles do real – “a melhor arte é aquela que dissimula a arte”, ou seja, uma arte que parece ser tão real quanto a própria realidade. Deste modo, a excelência da arte, pelo menos a princípio, repousaria em sua característica “transparente”. Mas a mímesis não se restringe unicamente à imitação física/corpórea da natureza (ainda que de certa maneira ela constitua um fundo comum da arte grega e renascentista). O maior grau de elevação da arte só pode ser obtido quando o artista é capaz de “imitar as ações humanas” (a nobreza e a generosidade, a vileza e a mesquinhez, a modéstia e a inteligência, a insolência e a estupidez, o terror e a serenidade). Segundo Xenofonte, “a representação das paixões dos homens empenhados num ato qualquer é capaz de despertar certo prazer naquele que contempla, de modo que um estatuário deve expressar as operações de espírito através de suas formas”. Aristóteles, ademais, estabelece que a boa arte relaciona-se a uma “função social”. Neste sentido, e além dos apontamentos feitos acima, o filósofo pressupõe, por meio do conceito de mímesis, que a semelhança produzida pela arte – por sua reflexividade e por ser o lugar do reconhecimento (diante de nós que, naturalmente, estamos inclinados à imitação) – poderia inspirar no ser humano valores éticos (uma “arte didática”) e ser um instrumento que pode conduzir ao “agir de modo belo”, lembrando que a beleza, para Aristóteles, não está apartada daquilo que é verdadeiro e bom.

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