Considerações sobre o Ecletismo na Europa

Universidade Federal da Bahia[pic 1]

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

História da Arquitetura e Urbanismo II – T02

José Carlos Huapaya Espinoza

Samira Pezzorgnia Nader

PATETTA, Luciano. Considerações sobre o Ecletismo na Europa. In: FABRIS, Annateresa. (Org.). Ecletismo na arquitetura brasileira. São Paulo: Nobel, 1987, p.8-27.

        Em “Considerações sobre o Ecletismo na Europa”, Luciano Patteta faz um estudo arquitetônico da Europa de um período, considerado por ele, um “único longo período”, que vai da metade do século XVIII até o início século XX. Segundo ele, em um panorama de reconsiderações críticas dos movimentos mais recentes, a historiografia arquitetônica acabou reavaliando antigas classificações que envolviam o Neoclassicismo e o Ecletismo, e discutindo alguns novos conceitos e significados, chegando a descoberta da importância social, ética e política da classe burguesa (únicos clientes daquele período) dentro da arquitetura. Muitas pesquisas foram realizadas para estudar essa relação e algumas constatações foram feitas sobre o Ecletismo (e que em seguida seriam continuações para outras discussões e questionamentos), mas a mais importante delas foi de que não é possível classificar toda a experiência do Ecletismo historicista, dentro de um contexto geral de consolidação do poder burguês, advento das indústrias e da produção em série, do crescimento da população, problemas econômicos, etc.

Nesse contexto, a arquitetura seguia a cultura da própria classe burguesa, que buscava conforto, amava o progresso e as novidades, mas bastava a produção arquitetônica ao nível da moda e do bom gosto. Ainda assim, foram os burgueses que exigiram progressos estruturais, técnicos, sanitários, etc. Foram esses progressos que permitiram aos arquitetos configurações diversas, dando origem a três principais correntes: a da composição estilística, do historicismo tipológico, e dos pastiches compositivos. Infelizmente, o autor não trata em nenhum aspecto neste texto a questão operária, que era muito evidente naquele momento, pois era a maior parte da população e uma das mais importantes, porque sem eles a indústria não poderia funcionar, mas que viviam nos centros industriais em estado de decadente insalubridade e pobreza, enquanto os burgueses, que eram mais abastados, puderam fugir para as regiões mais afastadas e construir as condições de vida que lhes bastavam. Talvez o tema não se encaixasse na proposta principal, mas poderia ter sido abordada, ainda que de forma breve.

Ainda sobre as casas burguesas, Luciano faz, posteriormente, uma relação das casas inglesas com os estilos que estavam em questão na época e como elas não tinham a intenção de criar um novo estilo, apenas de atender as necessidades funcionais com conforto e praticidade, típicos da cultura burguesa. Sendo assim, acabam voltando-se para o estilo gótico, e chegam até a antecipar algumas escolhas da arquitetura moderna.

        Patetta enumera algumas observações “sintomáticas e caracterizadoras sobre o século XIX”, e entre elas, algumas destacam-se. A primeira observação fala sobre o distanciamento das cópias feitas em relação aos monumentos antigos, talvez até pela própria tentativa de reprodução exata, por se tratar de uma época diferente, de equipamentos e tecnologia diferentes, os resultados eram muito distantes dos originais. A observação número 6 chamou a atenção por falar sobre o consumo acelerado de ideais e como pouco absorvia-se disso, chegando até a uma produção em série de objetos medievais (como igrejas neogóticas). Ambos são assuntos ainda muito atuais no século XXI, comparando-se à efemeridade dos ideias e conceitos gerais do mundo globalizado, que se reproduzem muito rapidamente e que vão se distorcendo a cada reprodução até um momento que já não importa mais.

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