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Resenha Igreja da Ordem Terceira do Carmo

Por:   •  24/9/2018  •  Seminário  •  2.650 Palavras (11 Páginas)  •  241 Visualizações

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Igreja da Ordem Terceira do Carmo

Localidade: Cachoeira – Bahia / Brasil

A cidade histórica de Cachoeira situa-se às margens do Rio Paraguaçu, no recôncavo baiano, e teria sido fundada no século XVI por Diogo Álvares Correia, o Caramuru. Chamando-se “Vila de Nossa Senhora do Rosário”, não tardou a crescer, dada a sua posição privilegiada no entroncamento de importantes rotas que se dirigiam ao sertão baiano, ao Recôncavo, à Mina Gerais ou a Salvador. No ano de 1698, passou a chamar-se “Vila da Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira de Paraguaçu”, por se situar próxima às quedas d’água presentes na cabeceira do aludido rio.

No século XVI, tão logo Cachoeira ganhou seu primeiro e único espaço conventual, o Convento e a Igreja do Carmo, principiaram ali as atividades de associações leigas. Duas delas eram conventuais: a Ordem Primeira, masculina, e a Ordem Segunda, feminina. A Ordem Terceira, leiga e secular, obedecia à regra, ou estatuto especial.

A história do edifício da Ordem Terceira, pode-se dizer, começou uma década depois com a obtenção de terras vizinhas ao Convento, onde os irmãos terceiros já tinham uma capela: a de Santa Tereza. As terras foram doadas em 1702 pelos religiosos carmelitas. Frei Antônio de Santa Rosa era o prior.

A fachada

A forma estética barroca que predominou na arquitetura baiana do período colonial foi dividida com a preferência de traços do Rococó, ainda com traços curvos, porém suavizados. Isso levou aos historiadores a tacharem a fachada principal da Igreja da Ordem Terceira do Carmo sendo rococó, que segue o modelo padrão de divisão horizontal em três módulos, cada um com suas específicas repartições.

Assentado sobre alguns pequenos lances de degraus de pedra, o pavimento térreo é provido de galilé com aberturas de arco pleno. No segundo plano, correspondente ao pavimento superior, possui seis janelas do tipo guilhotina e dispostas na mesma simetria com as do pavimento térreo.

O corpo da Igreja

A planta da igreja seguiu um traçado simples, retangular, de modelo tridentino. Do lado do claustro foi construída uma ampla sacristia com três janelas e duas portas. Por sobre esta se ergueu a varanda de arcadas – que se vê na fachada principal –, um pequeno espaço para funcionar a Casa dos Milagres e o amplo salão do consistório com duas portas de cada lado. Dando para o claustro, uma sacada de madeira formava um harmônico conjunto

O traçado interno é espaçoso, composto por nave única, que difere o olhar do adorador para o altar-mor, uma prática “imposta” pela Contra-reforma nas igrejas da época para que todos pudessem ver a missa e suas celebrações. Há também duas naves laterais superpostos por tribunas, onde tem ligação com a iluminação, vindo das janelas do coro.

No espaço central da capela-mor estava a imagem da Nossa Senhora do Monte do Carmo, e junto com ela, dois santos carmelitas, sendo eles Elias e Eliseu. As paredes entre as janelas das tribunas são ornamentadas por quadros de figuras que fazem parte do ciclo Carmelitano. Antônio Simões Ribeiro e José Joaquim da Rocha, aos quais se deve boa parte dos tetos pintados dentro da linha ilusionista em diversas igrejas da cidade do Salvador.

A exuberância da talha dourada da capela-mor dá continuidade à forma abobadada do forro, em madeira, criando desenhos circulares, entrelaçados geometricamente, que se espalham por toda a abóbada, chamada de berço, trazendo elementos de estilo rococó, misturados ao neoclássico. O estilo rococó é também percebido nas paredes da capela-mor e nos ornamentos que decoravam os vãos das tribunas. Um largo friso de talha foi colocado sobre elas. Essas tribunas são alternadas por seis quadros emoldurados, assim identificados, a partir do altar-mor: do lado esquerdo, São Zacarias, São Porto e Santa Pelágia e, do lado direito, São Osias, São Jacinto e Santa Maria Egípcia.

Passando-se da capela-mor para a nave, o arco cruzeiro, provavelmente construído na década de trinta do setecentos, serve de suporte à talha dourada, com detalhes fitomorfos e zoomorfos nas pilastras, não deixando nenhum espaço vazio. Ladeado por anjos, um grande escudo com as insígnias da Ordem, que sustentava coroa e cartelas, arrematava o arco.

Os altares colaterais ao arco cruzeiro seguem o ritmo barroco, com predela, semelhante ao do altar-mor. Às suas colunas salomônicas, revestidas de detalhes florais e capitéis coríntios, juntavam-se pilastras recobertas por ramicelos em curvas, forma que também se encontrava nas arquivoltas que contornavam os nichos. Esses altares abrigavam imagens do ciclo da Paixão: Nossa Senhora das Dores e Senhor dos Passos. Por serem imagens de roca, mereceram proteção especial de vidro. Novos elementos em curvas e contracurvas complementam o nível superior desses altares.

Os especialistas que estudaram esse templo foram unânimes em classificar essas talhas do altar-mor e do arco cruzeiro como sendo de fase mais antiga que as demais.

Rodeando a nave, e separando desta os altares laterais, foi colocado um gradil todo trabalhado em madeira de lei, trazendo mostras da transição do rococó para o neoclássico.

Na parte superior, abrem-se as tribunas, seguindo o mesmo ritmo decorativo dos altares, com cornijas recortadas, coroadas de sanefas franjadas e balcões rematados por bicões. As tribunas duplas da capela-mor são mais antigas do que as da nave.

PAINÉIS DE AZULEJO

De qualidade pictórica mediana, seis painéis com moldura entalhada separam essas tribunas. Retratam os oragos dos altares colaterais, além de São Franco e Santo Eduardo, da Inglaterra, todos do hábito carmelitano.

Nas paredes da nave se encontram ainda seis braços-tocheiros, encaixados em fundo espelhado, com moldura recortada e com motivos concheados.

Seguindo o ritmo decorativo da nave, o coro é fechado por balaustrada, cujos extremos curvados se ligam aos balcões das últimas tribunas. O piso assoalhado segue o modelo predominante no século XVIII, com recorte sinuoso na parte voltada para nave, sem que realmente date daquele século. Foi todo renovado no século XX. Os cantos são arredondados por baixo, de forma a apresentar uma abóbada rebaixada. Nos ângulos que formam arco com as paredes da nave, se observam bustos de figuras masculinas, como que suportando a junção do coro com as tribunas. Debaixo do coro, o forro pintado exibe três grandes medalhões com molduras, circundados por pintura floral singela. As temáticas centrais desses painéis narram passagens da história carmelitana. A boa qualidade pictórica desses quadros e o cromatismo chamam a atenção. A pintura que circunda os medalhões lembra influência oriental. É uma imitação do floral comumente usados na pintura de papel japonês ou chinês. Não satisfeitos com todo esse emaranhado de talha dourada, da policromia das pinturas, das molduras recortadas, das portas, janelas, pisos trabalhados, os Terceiros mandaram revestir as paredes com primoroso conjunto de azulejos portugueses do século XVIII. Em tons azuis, sobre fundo branco, cenas bíblicas são narradas, combinando quadros com cenas figurativas e molduras barrocas.

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