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Resumo: Modernidade Liquida

Por:   •  26/4/2016  •  Dissertação  •  1.342 Palavras (6 Páginas)  •  618 Visualizações

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Modernidade Líquida

Zygmunt Bauman

Ser Leve e Líquido

        O que é Fluidez? É uma qualidade de líquidos e gases, tornando-os diferente dos sólidos. Essa qualidade deve-se ao arranjo de suas moléculas, ordenadas e com pequenos diâmetros moleculares, diferentemente dos sólidos que tem seus arranjos de átomos unidos por uma espécie de Liga que lhe da estabilidade. Diferentemente dos sólidos os líquidos não mantém sua forma com facilidade, não se fixam ao espaço e nem prendem o tempo e estão constantemente propensos a muda-la, para eles o que importa é o tempo. Enquanto os sólidos possuem dimensões espaciais definidas, e ao descreve-los podemos ignorar o tempo. Os fluidos não são facilmente contidos, eles tem a capacidade de dissolver outros, contornar obstáculos e emergem intactos do encontro com sólidos, enquanto estes ficam molhados. A ideia de leveza está associada a mobilidade e a inconstância dos fluidos.

        Por essas razões podemos considerar as palavras fluidez ou liquidez como metáforas adequadas para captarmos o cenário da nova fase da história da modernidade. Pois a modernidade não foi um processo de liquefação desde o inicio? Não foi o derretimento dos sólidos o seu maior passatempo e principal realização? A modernidade não foi fluida desde sua origem? Essas objeções são justificadas no Manifesto Comun[pic 3]ista, que referia-se ao tratamento que o espírito moderno dava a sociedade, considerando-a estagnada demais para seu gosto e muito resistente para mudar e adaptar-se. Assim a modernidade deveria se livrar da “mão morta” de sua própria história e derreter o que quer que insistisse no tempo e fosse contrário a sua passagem ou imune a seu movimento, essas intenções exigia a profanação do sagrado, o repúdio e a renúncia do passado, da tradição, de cresças e lealdades que permitiam que os sólidos resistirem a liquefação.

        Tudo seria feito não para por fim de uma vez por todas aos sólidos e construir um novo mundo livre deles, mas para substituir o grupo de sólidos deficientes e defeituosos por outro conjunto, aperfeiçoado e perfeito, portanto não mais mutável. Os modernos depararam-se com os sólidos pré-modernos já em desintegração, sendo um dos motivos da urgência em derrete-los, desejando descobrir ou inventar novos sólidos de solidez duradoura, confiáveis, tornando o mundo previsível e admirável. Os primeiros a derreter foram as lealdades tradicionais, os direitos costumeiros e as obrigações que atavam pés e mãos, construindo assim uma nova ordem.

        Essa forma de derreter os sólidos deixou a complexa rede de relações sociais desprotegida e exposta, incapaz de resistir as regas de ações e aos critério de racionalidade inspirados pelos negócios, deixando o campo aberto para a invasão e dominação da racionalidade instrumental ou para o desempenho determinado da economia. O derretimento dos sólidos induziu a progressiva libertação da economia de deus tradicionais constrangimentos políticos, étnicos e culturais. Essa nova ordem que surgiu é definida principalmente em termos econômicos e deveria ser mais sólida e imune a desafios que a ordem substituído. Os incentivos políticos ou morais capazes de mudar ou reformar a nova ordem foram quebradas ou feitas fracas demais.

        A situação presente surgiu do derretimento das correntes e algemas que, certo ou errado, eram suspeitos de limitar a liberdade individual de escolher e agir, sendo essa rigidez o resultado da desregulamentação, da liberalização, da flexibilização, da fluidez progressiva, do descontrole dos mercados financeiros, imobiliários e de trabalho. O derretimento dos sólidos, uma marca definitiva da modernidade, adquiriu um novo sentido, e mais, foi redirecionado a um novo alvo, sendo um dos seus principais efeitos dessa mudança de rumo a dissolução das forças que poderiam ter mantido a questão da ordem e do sistema na agenda politico. Os sólidos que estão derretendo nesse momento da modernidade fluida, são os elos que entrelaçam as escolhas individuais em projetos e ações coletivas.

        O que está acontecendo hoje é uma redistribuição dos poderes de derretimento da modernidade, a fase “quebrar a forma” na historia da modernidade pega tudo que foi posto para derreter e remoldar, refazendo-os novamente. Os indivíduos passaram a ser confrontados por padrões e configurações, que mesmo novas e aperfeiçoadas, eram tão rígidas e indomáveis como sempre. As pessoas foram libertadas de suas prisões apenas para serem censuradas caso não conseguirem se encaixar nos nichos pré-fabricados da nova ordem. Nossa modernidade é individualizada e privatizada, em que o peso dos padrões e dos fracassos recaem sobre os ombros dos indivíduos. Chegamos assim a liquefação dos padrões de dependência e interação, agora eles são flexíveis a tal ponto que as gerações passadas nem poderiam imaginar, porém como “fluidos" eles não mantém a forma por muito tempo.

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