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O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÃO E QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS: ANÁLISE DAS EMPRESAS LISTADAS NA B3

Por:   •  4/2/2021  •  Trabalho acadêmico  •  9.088 Palavras (37 Páginas)  •  121 Visualizações

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GERENCIAMENTO DE IMPRESSÃO E QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS: ANÁLISE DAS EMPRESAS LISTADAS NA B3

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi investigar qual é a relação entre a qualidade das informações contábeis e o gerenciamento de impressão, encontrado nos relatórios de administração das empresas não financeiras listadas na bolsa de valores brasileira.  Para tanto, analisou-se o período de 2010 a 2018 e, devido a informações faltantes, a amostra restringiu-se a 205 companhias. A fim de mensurar a persistência dos resultados contábeis, utilizou-se o modelo de Dechow et al. (2010) e para o conservadorismo usou-se o modelo de Banker et al. (2016). Para o gerenciamento de impressão, considerou-se como proxy o sentimento textual presente nos relatórios de administração das empresas. Ele foi estimado por meio da metodologia de bag-of-words, ou seja, com uma leitura automatizada dos textos, por meio do software R, que realizou a identificação e contagem da frequência das palavras positivas, mediante o algoritmo A, escrito em linguagem R, utilizando-se como base a lista de palavras-chave descritas no dicionário de Silva (2017). Os resultados indicaram que as empresas as quais apresentaram baixos níveis de qualidade em suas informações contábeis, ou seja, aquelas que reportaram resultados menos persistentes e com menores níveis de conservadorismo contábil, tenderam a realizar mais gerenciamento de impressão. Pois, apresentaram relatórios de administração com textos mais otimistas. Os achados evidenciaram que o sentimento textual pode ser considerado como uma fonte de informação complementar para os usurários aumentarem o poder preditivo de suas análises. Como também, sinalizou que os gestores podem estar se utilizando do gerenciamento de impressão para manipular a percepção dos usuários das demonstrações.

Palavras-chave: Qualidade da informação contábil; Persistência dos resultados; Conservadorismo contábil; Gerenciamento de impressão; Sentimento textual.

1 INTRODUÇÃO

Os estudos na área das finanças comportamentais apresentam a ideia de que é mais prudente considerar o homo economicus como um agente com racionalidade limitada (Kahneman, 2003; Kahneman & Tversky, 2003; Thaler,  2014; Tversky & Kahneman, 1973, 1981). A partir desse pressuposto, considerando tanto a racionalidade limitada dos indivíduos, quanto sua restrita capacidade de absorver e processar todas as informações apresentadas pelas empresas, Kahneman e Tversky (2003) apontam que, no processo de tomada de decisão, o indivíduo também tende a ser influenciado pela forma de apresentação das informações.

Dessa forma, entende-se que os gestores das empresas podem se utilizar de algumas ferramentas para manipularem as decisões dos seus investidores em potencial (usuários externos das informações contábeis). Uma das técnicas utilizadas nesse processo é o gerenciamento de impressão, que envolve várias práticas potencialmente capazes de distorcer a percepção dos usuários sobre o desempenho da empresa, a qualidade das suas demonstrações e as informações apresentadas em geral (Shmakov, 2015); dentre essas práticas estão a estrutura da divulgação, o sentimento textual e a legibilidade dos relatórios. Sendo assim, entende-se que é pertinente analisar, se a presença de gerenciamento de impressão pode indicar uma baixa qualidade das informações contábeis reportadas.

Nesse contexto, a persistência e o conservadorismo são considerados atributos utilizados para identificar o nível de qualidade das informações contábeis reportadas pelas empresas. Em vista disso, diversos autores buscaram propor modelos que identificassem a qualidade das informações a partir de características como essas (Dechow & Schrand, 2004; Dechow, Ge & Schrand, 2010; Basu, 1997; Khan & Watts, 2009; Banker, Basu, Byzalov & Chen, 2016).

A definição de qualidade dos resultados apresentada por Dechow, Ge e Schrand (2010) sugere, que a qualidade pode ser avaliada, com relação a qualquer decisão que dependa de uma representação informativa do desempenho financeiro. No sentido de entender a qualidade da informação a partir da sua capacidade de auxiliar, na tomada de decisão do investidor, existem várias medidas que são usadas como indicações de "qualidade dos resultados", incluindo persistência, conservadorismo (Basu, 1997), accruals, suavização, pontualidade, evitar perdas, capacidade de resposta dos investidores e indicadores externos como reexpressões e liberações de execução de órgãos reguladores (Dechow, Ge & Schrand, 2010).

A partir disso, o foco desse estudo foi nas características de qualidade das informações que se referem a persistência dos lucros e ao conservadorismo contábil. Entendendo-se que os investidores buscam por informações de ganhos passados para os auxiliarem a prever ganhos e retornos futuros.

A possibilidade de recompensas do mercado, bem como motivos de reputação e compensação do próprio gestor, proporciona a este incentivos para apresentar aos investidores medidas de resultados com pouca volatilidade, o que garante um maior poder preditivo das informações.

Para fornecer uma medida melhor de resultados (mais constantes), alguns gestores podem excluir itens recorrentes em uma tentativa de aumentar a percepção dos investidores sobre a persistência da lucratividade da empresa. Para tanto, os gestores podem usar várias técnicas de gerenciamento de resultados, a exemplo de suavização dos lucros (income smoothing). Porém, com a sofisticação do mercado e o aumento da expertise dos agentes financeiros, essas técnicas começaram a serem identificadas e penalizadas pelo mercado (Guillamon-Saorin, Isidro & Marques, 2017).

Em vista disso, os gestores buscaram se reinventar por meio de novas formas que reduzem o possível impacto negativo que a divulgação de alguns resultados poderiam provocar nos usuários das informações e legitimar a qualidade dos seus demonstrativos ante os seus stakeholders. Sendo assim, eles podem tender a optar por utilizar o gerenciamento de impressão.

Uma das explicações, apontada na literatura, para a utilização do gerenciamento de percepção (impressão) por parte das empresas é a busca por legitimação das informações reportadas e a melhoria da sua imagem frente aos usuários das informações (Queiroz, Montenegro & Heber, 2018).

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