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Resenha do livro - O Nordeste e a questão regional

Por:   •  8/12/2017  •  Resenha  •  1.297 Palavras (6 Páginas)  •  1.009 Visualizações

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Aluno: Gabriel Alexandre Bernhardt        (17101395)

Resenha do livro “O Nordeste e a questão regional”

        O livro “O Nordeste e a questão regional” publicado em 1988 e escrito por Manuel Correia de Andrade busca tratar sobre a gênese dos problemas socioeconômicos da região nordestina brasileira. Para tal, o autor busca apresentar um panorama desde a colonização, perpassando pelo processo de regionalização, até as políticas de desenvolvimento econômico. A finalidade do texto é mostrar, além da origem e os porquês dos problemas, que a problemática nordestina é uma questão regional, diferente do que afirmam outros autores, principalmente os gramscinianos, porém, aliada a uma questão nacional.

        Andrade inicia o texto discorrendo sobre o início da regionalização nordestina, e a partir deste, as políticas econômicas implantadas. Cita que durante o Império e a Primeira República, o Brasil era dividido em Norte e Sul, sendo os estados do Nordeste incluídos na porção Norte. Em 1941 é feita a primeira divisão do Brasil em grandes regiões, levando-se em consideração questões naturais, tendo o São Francisco como limite que separava o Nordeste do Leste. A partir de 1946, o governo brasileiro exigiu que se aplicasse 1% da renda nacional no desenvolvimento do Vale do São Francisco. Em 1952, com a seca, o Banco do Nordeste do Brasil passou a atuar com um programa na área das secas, que compreendia a maior parte do território nordestino, e assim, a concepção de nordeste começava a se modificar.

        Em 1958, após outra grande seca, foi criada a Openo, que consistia em um grupo de trabalho para o desenvolvimento da região. Tal grupo realizou um estudo que concluiu que o problema não era de ordem climática, mas sim, de ordem econômica, já que a região encontrava-se num abismo de desenvolvimento em relação às outras. Então, na década de 60, a região nordeste foi reformulada por conta de política de planejamento do Governo Federal feita a partir da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), criada para planejar e orientar a atuação de órgãos federais na região citada.  

A industrialização nordestina inicia-se a partir do algodão e da cana-de-açúcar no século XIX. Houve um surto industrial que se estagnou nos meados do século XX, porém, retornou com a Sudene. Esta tinha como um dos objetivos o desenvolvimento industrial, e para tal, criou incentivos fiscais para a criação de indústrias. Tal processo trouxe grandes benefícios à região, atenuando a importação, aumentando as estruturas universitárias – pois agora havia um maior mercado para a mão-de-obra qualificada da região – e também o aumento da renda dos Estados. Porém, não evitou o processo de marginalização dos migrantes que chegavam e nem que fosse minimizada a migração de trabalhadores rurais para as outras regiões, pois a mão-de-obra pouco qualificada não foi tão absorvida. A expressiva migração da população rural para o meio urbano por conta da industrialização foi extremamente problemática, pois tal meio não possuía recursos para abarcar tamanha migração, o que fez crescer o número de favelas e inúmeros outros problemas da falta de infraestrutura.  

Da política desenvolvimentista de Kubitscheck, nasce a Sudene com o intuito de fazer a expansão capitalista alcançar o nordeste. A partir do estudo liderado por Celso Furtado, aprofunda-se a compreensão sobre as causas do subdesenvolvimento da região, que se dava na ordem política e econômica, e traçam-se os planos de desenvolvimento. No setor agrícola, tinha proposta de financiar os grandes proprietários na implantação de obras de infraestrutura em suas propriedades e tal financiamento seria pago com a doação de terras para o assentamento de famílias de agricultores. Também facilitou o empréstimo ao produtor rural e outras formas de financiamento para a modernização. Com o passar do tempo e a resistência dos grandes produtores, o caráter reformador deu espaço ao modernizador, fazendo com que as preocupações sociais diminuíssem. No setor mineral a principal colaboração foi com os estudos geológicos e hidrológicos. Com os incentivos fiscais, estimulou não só a exploração, mas também a transformação do minério, apesar de que a maior parte das empresas que realizavam tal tarefa não eram originárias da região, havendo uma fuga de capital. Também não houve preocupações ambientais, além de não absorver mão de obra nordestina, pois essa necessitava de qualificação para trabalhar. Houve grande crescimento na infraestrutura da região, afinal, era necessário para que o desenvolvimento acontecesse, porém, Andrade cita que a Sudene não conseguiu cumprir o objetivo de atenuar os desníveis existentes entre o nordeste e o restante mais desenvolvido do país.
          O texto disserta também sobre os aspectos políticos, de suma importância para a compreensão da realidade, e esse se dá acerca da dependência do poder central. Os grupos dominantes são muito sensíveis à influência e à pressão deste, e também estão mais comprometidos com interesses próprios que com os de desenvolvimento da região. Além dos dados que versam acerca da realidade da década de 80, época na qual o texto foi escrito, um elemento citado perdura até os dias atuais: apesar do grande número de representantes no Senado e na Câmara dos Deputados, a rivalidade entre estados e partidos impede que sejam discutidos pontos de interesse de toda a região.

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