TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Resenha do livro amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos

Por:   •  3/6/2018  •  Resenha  •  2.972 Palavras (12 Páginas)  •  696 Visualizações

Página 1 de 12

O livro amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos do autor, Zygm Zygmunt Bauman trata das relações humanas, que estão cada vez mais flexíveis, transparecendo que a insegurança aumenta dia após dia. Com a globalização e as facilidades dos meios de comunicação, as pessoas tecem seus relacionamentos em “rede”, ou seja, a relação entre os seres humanos nos dias de hoje são atreladas a internet e não para a família, amigos ou até para si mesmo.

Segundo Bauman (2004) a era da modernidade líquida em que vivemos — um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível — é fatal para nossa capacidade de amar, seja esse amor direcionado ao próximo, nosso parceiro ou a nós mesmos.

Atualmente os indivíduos vivem relacionamentos cada vez mais fragilizados e desumanos, estão cada vez mais desapegados uns aos outros, com receio de sentirem que estão sozinhos. A insegurança se faz muito presente na sociedade atual. Com o avanço tecnológico influenciou a fragilidade dos laços humanos, hoje o amor não tem mais o mesmo significado, não é duradouro e perene, o amor é hoje algo flexível e facilmente substituído.

De acordo com Bauman (2004), a pessoa é capaz de relutar em cortar seus gastos, mas abomina a perspectiva de perder ainda mais dinheiro na tentativa de recuperá-los. Num relacionamento, é um investimento como todos os outros: você entrou com tempo, dinheiro, esforços que poderia empregar para outros fins, mas não empregou, esperando estar fazendo a coisa certa e esperando também que aquilo que perdeu ou deixou de desfrutar acabaria, de alguma forma, sendo-lhe devolvido — com lucro. Você compra ações e as mantém enquanto seu valor promete crescer, e as vende prontamente quando os lucros começam a cair ou outras ações acenam com um rendimento maior (o truque é não deixar passar o momento em que isso ocorre). Se você investe numa relação, o lucro esperado é, em primeiro lugar e acima de tudo, a segurança — em muitos sentidos: a proximidade da mão amiga quando você mais precisa dela, o socorro na aflição, a companhia na solidão, o apoio para sair de uma dificuldade, o consolo na derrota e o aplauso na vitória; e também a gratificação que nos toma imediatamente quando nos livramos de uma necessidade. Mas esteja alerta: quando se entra num relacionamento, as promessas de compromisso são irrelevantes a longo prazo".

A modernidade líquida em que vivemos traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos, o amor líquido, a insegurança inspirada por essa condição estimula desejos conflitantes de estreitar esses laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos.

A idéia central deste livro é o relacionamento humano, seus personagens centrais são homens e mulheres, nossos contemporâneos, desesperados por terem sido abandonados aos seus próprios sentidos e sentimentos facialmente descartáveis, ansiando pela segurança do convívio e pela mão amiga com que possam contar num momento de aflição, desesperados por “relacionar-se” e, no entanto desconfiados da condição de “estar ligado” em particular de estar ligado “permanentemente” para não dizer eternamente, pois temem que tal condição possa trazer encargos e tensões que eles não se consideram aptos nem dispostos a suportar. Os indivíduos aprendem com a experiência de outros leitores, reciclada pelos especialistas, que é possível buscar “relacionamentos de bolso” do tipo que se “pode dispor quando necessário” e depois tornar a guardar. Ou que os relacionamentos são como vitamina C: em altas doses, provocam náuseas e podem prejudicar a saúde. Tal como no casso desse remédio, é preciso diluir as relações para que se possa consumi-las. Ou que os casais semi-separados merecem louvor como “revolucionários do relacionamento que romperam a bolha sufocante dos casais”. Ou ainda que as relações, da mesma forma que os automóveis, devem passar por revisões regulares para termos certeza de que continuarão funcionando bem. No todo, o que aprendem é que o compromisso, e em particular o compromisso a longo prazo, é a maior armadilha a ser evitada no esforço por “relacionar-se”. Um especialista informa aos leitores: “Ao se comprometerem, ainda que sem entusiasmo, lembrem-se que possivelmente estarão fechando a porta a outras possibilidades românticas talvez mais satisfatórias e completas”. Outro mostra-se ainda mais insensível: “A longo prazo, as promessas de compromisso são irrelevantes. Como outros investimentos, elas alternam períodos de alta e baixa”. E assim, se você deseja “relacionar-se”, mantenha distância; se quer usufruir do convívio, não assuma nem exija compromissos.

As relações virtuais, ao contrário dos relacionamentos antiquados, parecem feitas sob medida para o líquido cenário da vida moderna, em que se espera e se deseja que as “possibilidades românticas surjam e desapareçam numa velocidade crescente e em volume cada vez maior, aniquilando-se mutuamente e tentando impor aos gritos a promessa de “ser a mais satisfatória e a mais completa”. Diferentemente dos “relacionamentos reais” é fácil entrar e sair dos “relacionamentos virtuais”. Em comparação com a “coisa autêntica”, pesada, lenta e confusa, eles parecem inteligentes e limpos, fáceis de usar, compreender e manusear.

Para Ivan Klima, poucas coisas se parecem tanto com a morte quanto o amor realizado. Cada chegada de um dos dois é sempre única, mas também definitiva: não suporta repetição, não permite recurso nem promete prorrogação. Deve sustentar-se “por si mesmo” - e consegue. Cada um deles nasce, ou renasce, no próprio momento em que surge, sempre a partir do nada, da escuridão do não-ser sem passado nem futuro; começa sempre do começo, desnudando o caráter supérfluo das tramas passadas e a utilidade dos enredos futuros.

Quase o mesmo se pode dizer do amor e da morte. Parentesco, afinidade, elos causais são traços da individualidade e/ou do convívio humanos. O amor e a morte não têm história própria. São eventos que ocorrem no tempo humano - eventos distintos, não conectados (muito menos de modo causal) com eventos “similares”, a não ser na visão de instituições ávidas por identificar - (por inventar) - retrospectivamente essas conexões e compreender o incompreensível.

Assim, não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a morrer.

O amor parece desfrutar de um status diferente do de outros acontecimentos únicos.

De fato, é possível que alguém se apaixone mais de uma vez, e algumas pessoas se gabam - ou se queixam - de que apaixonar-se ou desapaixonar-se é algo que lhes acontece (assim como a outras pessoas que vêm a conhecer nesse

...

Baixar como (para membros premium)  txt (18.4 Kb)   pdf (61.3 Kb)   docx (17.7 Kb)  
Continuar por mais 11 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com