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A Genealogia da Moral

Por:   •  10/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.008 Palavras (9 Páginas)  •  219 Visualizações

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Curso de Direito

ATIVIDADE DE FILOSOFIA:

Moral

Belo Horizonte

2017

ATIVIDADE DE FILOSOFIA:

Moral

Belo Horizonte

2017

INTRODUÇÃO

        Primeiramente, é necessário definir o termo moral. No dicionário significa “relativo aos bons costumes, procedimento correto, honestidade e pudor.”, ou seja, um conjunto de qualidades e virtudes que devem determinar as atitudes de um indivíduo. Para vários filósofos existem significados diferentes para este termo.

O homem vive em sociedade, regras são criadas pelo grupo onde ele vive e são convencionadas como adequadas para o equilíbrio geral. A partir disso cria-se a dúvida sobre a origem da noção se é um fruto do espaço onde se vive ou de uma natureza boa ou má do indivíduo. O libertarismo acredita em uma diferenciação natural do certo e o errado, como defendido por Kant e Rousseau, que acreditavam que, mesmo que influenciado pelo meio, a razão do indivíduo o leva a uma “bondade“ com o outro, um dever com a sociedade e com outros indivíduos. O determinismo, por outro lado, defende que as ações foram apenas pré-constituídas pela história pessoal, independentemente da escolha. Nietzsche, por exemplo, fala sobre a vontade de poder (potência), uma sede de dominância, uma vontade competitiva que apenas existe caso existam outros para competir com, de certa forma é algo criado pela “história” do indivíduo.

A discussão sobre a moral aborda, por exemplo, a violência, comumente rejeitado nos costumes de uma sociedade civilizada. Ernest Becker, antropólogo, em sua obra “Denial of Death” fala sobre o condicionamento de ações de acordo com o medo da morte, seja do sujeito ou dos seus íntimos e para ele esse medo pode causar um comportamento violento de forma a criar sentimento de controle sobre essa inevitabilidade. Seria fácil olhar para esta colocação e pensar que favorece a exata ideia contrária ao determinismo, porém, mesmo sendo uma reação natural, o medo é parte de viver em uma sociedade onde o indivíduo é consciente de sua limitação e a das pessoas ao seu redor e cada vida humana tem um grande valor. Complementando essa ideia, James A. Graham, psicólogo, diz que essa ideia de medo da morte é adquirido apenas após os 10 anos. Becker, tal qual Kegaard, falam sobre a possibilidade de uma atitude contrária a esse medo, com uma razão ou aceitação para a finitude da vida servindo como controle desse medo, tal qual a religião.

        

    CRISTIANISMO, A INDIVIDUALIDADE E NIETZSCHE

A religião tem um papel fundamental na moral, principalmente em países onde esta é presente na lei. A ideia da maioria das religiões é a de um criador superior, que justifica a existência. Com esse motivo vem também, no caso do cristianismo, uma submissão. As escolhas, as origens e todo o futuro, são responsabilidade ou pelo menos fazem parte da consciência de um Deus ou de uma criatura superior.

        Sendo já pré-determinadas, independente das ações, a punição no “além” já estaria traçada e assim não haveria forma de julgar a culpa das ações de forma coerente. Nesta ideia é criado o livre arbítrio onde o indivíduo, mesmo criado de certa forma, faz suas escolhas mesmo sabendo que perante a sociedade ou Deus são erradas. Se baseado apenas neste conceito a moral, então, passa a ser para aqueles que acreditam uma escolha de aceitar ou não as leis divinas, e assim, seria realmente pessoal ou apenas uma forma de educação ou doutrinação?

Uma das problemáticas dessa questão, para Nietzsche, é a moral cristã. No livro Genealogia da Moral, a forma como é tratado o bom e o ruim faz de nós fracos, medíocres. O conceito de criar uma ideia central de comportamento massifica a população, fazendo com que todos pensem e ajam igual, assim a imagem do mal se torna distante em comparação. Um caso claro de uma situação como esta é do relato do julgamento de Eichmann (um nazista que supervisionava trens de transporte de judeus, culpado de vários crimes contra a humanidade), escrito por Hannah Arendt, que esperava encontrar um homem terrível, frio e cruel, porém, na realidade encontrou um burocrata, que para ela era comum, clichê.

“O problema com Eichmann era precisamente que haviam muitos como ele. [...] Eles eram, e ainda são, terrivelmente normais [...] Essa normalidade era muito mais assustadora que todas as atrocidades colocadas em conjunto.” –Arendt, Hannah: Eichmann in Jerusalem: Report of the banality of evil (p.276).

Hannah reporta também que Eichmann não era um homem com um senso de maldade extremo, mas sim alguém que passou toda sua vida seguindo ordens, subjugando-se a uma autoridade, que sua forma de seguir sem questionar era o que o trouxe ao mal.

Na situação citada, o mal é criado pelo oposto da ideia de o mal vir do diferente. Espera-se encontrar o mal naqueles à margem das regras, no caso do catolicismo Lúcifer/O Diabo (etc.), porém, o mal vem de situações e pessoas rotineiras, um exemplo dentro da própria fé católica é Abraão, disposto a matar seu filho em nome de seu deus que na situação a intenção é considerada correta graças a sua fé.

Para Nietzsche, o ato de valorizar a mediocridade, como prêmios de participação e dó daqueles incapazes de sobreviver em uma natureza, faz com que não exista um destaque, seja bom ou mal. Assim todos os seres são iguais e devem ser protegidos, tratados de forma igual e não existe correção para falhas, apenas regras que são seguidas sem real punição enquanto vivos. Havendo consequências para ações violentas em vida, apenas no inferno, um local de sofrimento eterno, mesmo que seja uma tentativa de coibir comportamentos, pode muitas vezes causa-los graças a distância da punição.

Como dito por Heidegger “[..] Em um ambiente público [...]  todos são como o próximo. E o Dasein do individuo se dissolve totalmente se tornando “os outros”.” (Being and Time, p. 164). Em um ambiente em que todos seguem a mesma moral, tem os mesmos pensamentos, da mesma forma pode existir o efeito contrário ao esperado, uma atitude “má” devido ao comportamento de um grupo.

   

KANT, ROUSSEAU E O NOBRE SELVAGEM

        Immanuel Kant vê a moral como uma noção de obrigação de um indivíduo, independente do resultado de suas ações. Ele propõe que a cooperação é racional, que vem do individuo, o que ele chama de categórico imperativo. Para Kant um humano só é verdadeiramente livre quando age no seu melhor comportamento, e que seguir as leis morais, já que são pessoais, é uma forma de expressar o livre arbítrio. Ele compartilha da mesma crença em uma origem da moral natural dos humanos, que os diferencia dos animais como na ideia de Rousseau: “o homem nasce puro e a sociedade o corrompe”.

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