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A Matemática dos Tribunais: o caso dos Collins

Por:   •  24/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.964 Palavras (8 Páginas)  •  311 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A utilização de números é uma das mais utilizadas formas de agregar veracidade à discursos. Muitas vezes tais números não estão corretos, partem de ideais ou palpites pessoais, e é aí que se encontra a problemática. No caso escolhido pelo grupo, números criaram uma extraordinária sentença anulada por erros matemáticos.

O caso é o dos Collins, mencionado no segundo capítulo da obra “A matemática dos tribunais”, “ERRO DE MATEMÁTICA NÚMERO 2: Estimativas injustificadas”.  O capítulo acompanha o julgamento de Malcolm e Janet Collins, acusados de roubarem a bolsa de Juanita Brooks. A escolha foi realizada por tratar-se de um caso minoritário que viria a agregar muito ao sistema judicial estadunidense.

O trabalho se dividirá em três partes, a primeira dessas sendo “APRESENTAÇÃO DOS FATOS”, aonde todos os fatores que cercam o caso serão expostos; A segunda sendo a “JULGAMENTO E SENTENÇA”, aonde serão apresentadas as dadas resoluções do processo; e a terceira e última, “CONSIDERAÇÕES FINAIS”.

APRESENTAÇÃO DOS FATOS

Às 11h30 da manhã ouviu-se o grito de Juanita Brooks. A idosa, que acabara de ser atacada, agora se encontrava no chão, caída sobre sua bengala. Seu único reflexo foi olhar para trás, aonde pôde ver à distância a mulher de cabelos loiros que a atacou dobrando a esquina junto a bolsa que acabara de roubar. Com sorte, Juanita não foi a única a obter algum relance da criminosa. O vizinho, assustado com o grito que havia acabado de ouvir, foi averiguar o que estava acontecendo e chegou a tempo de ver a mesma mulher.

Nos relatos do homem, identificado como John Bass, a criminosa tinha os cabelos loiro escuros presos em um rabo de cavalo, era baixa de estatura – aproximadamente 1,50m – e trajava roupas escuras.  John pôde ainda vê-la entrando em um carro amarelo estacionado ao meio-fio, dirigido por um homem negro de barba e bigode, e de lá fugindo abruptamente. O roubo foi comunicado a polícia, que o encarregou ao oficial de justiça Kinsey.

O roubo de uma bolsa não causa muita comoção, ainda mais quando são poucas as pistas e evidências a seguir.  Sendo assim, o filho de Juanita, revoltado com a situação da mãe hospitalizada – havia deslocado o ombro na queda – bola um simples plano. Após reunir as informações, Brooks foi a todos os postos de gasolina da região procurando por um casal inter-racial que dirige um automóvel amarelo. E é assim que chegam aos Collins.

“Quando o policial optou por seguir a informação que o filho de Juanita lhe dera – quando concordou que os Collins eram suspeitos simplesmente porque se encaixavam na descrição dos ladrões -, não podia imaginar que estava se envolvendo num procedimento de identificação não ortodoxo, que mais tarde resultaria num sério quebra-cabeça legal.”

Na primeira visita policial ao casal, Kinsey deliciou-se ao logo avistar o carro amarelo. Ao tocar a campainha, atendeu a jovem Janet, que possuia cabelos loiros presos a um rabo de cavalo. O cabelo parecia mais claro do que o descrito por John Bass, mas ainda assim parecia-se o suficiente. O marido da jovem, Malcolm, era negro, mas não usava barba. Kinsey não achou que tais pequenas diferenças fizessem com que o casal saísse da lista de suspeitos, intimando-os para segui-lo até a delegacia.

Na delegacia, Janet tinha um álibi: estava trabalhando no momento do assalto. Foi liberada do serviço de doméstica às 13h; o crime havia ocorrido às 11h30. Janet contou que o marido a buscou ao fim do expediente, e que de lá haviam ido visitar uma amiga em Los Angeles, aonde viriam a passar o resto da tarde. Com isso, foram liberados. Kinsley mostrou as fotos do casal para Juanita e John, os únicos que haviam visto os criminosos, mas não obtiveram as mais convincentes respostas.  Juanita disse não poder identificar, e John apenas disse que o rabo de cavalo parecia ser o mesmo.

O detetive não pareceu convencido com a figura dos Collins, e dois dias depois do primeiro contato, retornou a casa do casal. Ele chegou primeiro e estacionou em um ponto estratégico da rua, aonde pudesse ver os fundos da casa. Então acionou reforços. Quando as sirenes soaram e os carros estacionaram na frente da casa dos Collins, Kinsley pode ver o marido fugindo pela porta dos fundos até a casa de um vizinho. A forma que o casal se portou demonstrou certa culpa, o que fez com que fossem levados à delegacia para mais uma bateria de interrogatórios. Mais uma vez eles seriam liberados sem acusações.

Kingsey se empenhou em encontrar mais evidências. Retornou a casa da patroa de Janet, aonde descobriu que a doméstica havia saído às 11h30, e não às 13hrs como havia testemunhado. Foi também a casa da amiga que o casal teria ido visitar, que se lembrava da visita, mas não precisamente o dia e horário. Achou ainda uma terceira pessoa para interrogar: o homem que recolhia pagamentos de multas de trânsito. Para o último homem, Kingsey perguntou sobre a situação capilar de Malcolm, mas este não se recordava.

Malcolm havia pago uma multa de $35 no dia seguinte ao assalto, uma quantia significante para a época e também quanto Juanita apurava ter em sua bolsa. Quando questionados sobre a origem do dinheiro, Janet respondeu ter usado suas economias, mas Malcolm disse ter ganho em uma casa de apostas. A divergência de suas respostas e a coincidência de valores fez com que o detetive ficasse ainda mais certo da culpa do par.

Antes da audiência preliminar, Janet fraquejou em defender-se: estava preocupada com seu marido. Malcolm era negro, desempregado e tinha histórico criminal, se fosse acusado, cumpriria muitos anos de prisão. Chamou o detetive e perguntou se, caso ela se entregasse como única culpada, o marido sairia ileso. Kinsley chamou Malcolm para participar da conversa, mas não conseguiu extrair muito mais do que já possuía. O casal decidiu que deveria pensar um pouco mais e esperar o julgamento para tomar decisões.

JULGAMENTO E SENTENÇA

O caso era fraco. A quase confissão de Janet não poderia provar nada, era uma mulher pobre e ignorante, não estava acostumada a lutar por seus direitos e acreditava que não conseguiria se safar. As maiores evidências envolviam o físico do casal, mas mesmo essas não eram inteiramente compatíveis: o cabelo de Janet era loiro claro e ela comprovadamente trajava roupas claras no fatídico dia; já Malcolm não tinha barba.

Durante o julgamento, todos os levantamentos feitos contra o casal foram debatidos pela defesa. Nada era suficiente para prendê-los, nenhuma das evidências era concreta. O casal ainda testemunhou por sua defesa, e mais uma vez negaram envolvimento no crime. Quando tudo parecia terminado, surgiu o último recurso: o promotor Ray Sinetar.

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