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Antropologia - Levi Strauss

Por:   •  4/11/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.208 Palavras (9 Páginas)  •  499 Visualizações

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Estruturalismo - Lévi-Strauss e a antropologia estrutural

No campo dos estudos da antropologia e do mito, o trabalho foi levado a diante por Claude Lévi-Strauss, no período imediato á II Guerra Mundial, que divulgou e introduziu os princípios do estruturalismo para uma ampla audiência, alcançando uma influência quase que universal, fazendo com que o seu nome, o de Lévi-Strauss, não só se confundisse com o estruturalismo como se tornasse um sinônimo dele. O estruturalismo virou "moda" intelectual nos anos 60 e 70. Os livros dele ("O Pensamento Selvagem", Tristes Trópicos, Antropologia estrutural, As estruturas elementares do parentesco), tiveram um alcance que transcendeu em muito aos interesses dos especialistas ou curiosos da antropologia Desde aquela época o estruturalismo de Lévi-Strauss tornou-se referência obrigatória na filosofia, na psicologia e na sociologia. De certo modo, ainda que respeitando a indiferença dele pela historia ("o etnólogo respeita a história, mas não lhe da um valor privilegiado", in O Pensamento Selvagem, 1970, pag.292), pode-se entender a antropologia estrutural como um método de tentar entender a história de sociedades que não a tem, como é o caso das sociedades primitivas.

A valorização das narrativas mitológicas

Enquanto a ciência racionalista e positivista do século XIX desprezava a mitologia, a m

agia , o animismo e os rituais fetichistas em geral, Lévi-Strauss entendeu-as como recursos de uma narrativa da história tribal, como expressões legitimas de manifestações de desejos e projeções ocultas, todas elas merecedoras de serem admitidas no papel de matéria-prima antropológica. Como é o caso do seus estudos sobre o mito (Mythologiques) , cuja narrativa oral corria da esquerda para a direita num eixo diacr�nico, num tempo não-reversível, enquanto que a estrutura do mito (por exemplo o que trata do nascimento ou da morte de um her�i), sobe e desce num eixo sincr�nico, num tempo que � revers�vel. Se bem que eles, os mitos, nada revelavam sobre a ordem do mundo, serviam muito para entender-se o funcionamento da cultura que o gerou e perpetuou. A mesma coisa aplica-se com o totemismo, poderoso instrumento simb�lico do cl� para reger o sistema de parentesco, regulando os matrim�nios com a inten��o de preservar o tabu do incesto (cada totem est� associado a um grupo social determinado, a uma tribo ou cl�, e todo o sistema de casamentos � estabelecido pelo entrecruzar dos que filiam-se a totens diferentes). O objetivo dele era provar que a estrutura dos mitos era id�ntica em qualquer canto da Terra, confirmando assim que a estrutura mental da humanidade � a mesma, independentemente da ra�a, clima ou religi�o adotada ou praticada. Contrapondo o mito � hist�ria ele separou as sociedade humanas em � frias� e �quentes�, formando ent�o o seguinte quadro delas:

Sociedades "frias" (primitivas)

Sociedades "quentes" (civilizadas)

Encontram-se "fora da hist�ria", orientando-se pelo modo m�tico de pensar, sendo que o mito � definido como "m�quinas de supress�o do tempo".

Movem-se dentro da hist�ria, com �nfase no progresso, estando em constante transforma��o tecnol�gica


Partindo-se das id�ias de Saussure e do ling�ista Roman Jakobson, e do antrop�logo L�vi-Strauss, especificaram-se quatro procedimentos b�sicos ao estruturalismo: 


- Primeiro, a an�lise estrutural examina as infra-estruturas inconscientes dos fen�menos culturais; 

- em segundo, considera os elementos da infra-estrutura como "relacionados," n�o como entidades independentes; 

- em terceiro lugar, procura entender a coer�ncia do sistema;

- e quarta, prop�e a contabilidade geral das leis para os testes padr�es subjacentes no sentido da organiza��o dos fen�menos.

A import�ncia da narrativa

Nos estudos human�sticos e liter�rios em geral , o estruturalismo foi aplicado o mais eficazmente no campo do "narradologia." Esta disciplina, ainda nascente, estuda todas as narrativas, se elas ou n�o usam a l�ngua, os mitos, as lendas, as novelas, a circula��o das not�cias, historias, esculturas de relevo e janelas, as pantominas e os estudos de caso psicol�gicos. Usando m�todos e princ�pios do estruturalismo, os narradologistas analisam as caracter�sticas e as fun��es sistem�ticas das narrativas tentando estabelecer e isolar um jogo de regras finito para esclarecer o jogo infinito de narrativas reais e poss�veis. 
Come�ando nos 1960s, o cr�tico franc�s Roland Bartes e diversos outros narradologistas franceses, popularizaram o m�todo, que tem desde ent�o transformado um m�todo de an�lise importante tamb�m nos Estados Unidos tamb�m.

Estruturalismo, marxismo e freudismo

[pic 1]

Totem , smbolo clnico

Ao avaliar as estruturas profundas, subjacentes, que se ocultam por detr�s dos fen�menos, escapando do primeiro olhar humano, o estruturalismo aproxima-se das vis�es de Marx (a infra-estrutura econ�mica)e Freud (o poder do inconsciente). Ambos, como se sabe, entendiam os fen�menos sociais ou comportamentais como obrigatoriamente condicionados por for�as impessoais (o Capitalismo, o Superego), deslocando, desde ent�o, o problema do estudo da consci�ncia ou das escolhas individuais para um quadro bem mais amplo, dos macro-sistemas. Ao contr�rio da ci�ncia de inclina��o liberal, para as correntes citadas acima, o indiv�duo pouco contava. Tal como o marxismo e o freudismo, o estruturalismo diminui a import�ncia do que � singular, subjetivo, individual, retratando o ser, a pessoa humana, como resultante de uma constru��o, a conseq��ncia de sistemas impessoais (no marxismo o indiv�duo � marionete do sistema

 capitalista, na psican�lise, se bem que amparado no ego, ele � regido pelos impulsos do inconsciente, e na antropologia estrutural pelas rela��es de parentesco determinadas pelo totemismo) . 
Os indiv�duos, por conseguinte, nem produzem nem controlam os c�digos e as conven��es que regem e envolvem a exist�ncia social deles, sua vida mental ou experi�ncia ling��stica (� o que Marx quis dizer quando afirmou que � os homens fazem a hist�ria, mas n�o est�o conscientes disso�). Em conseq��ncia desse descaso do estruturalismo pela import�ncia da pessoa, ou do assunto, por ter feito o homem desaparecer na complexa teia da organiza��o social em que nasce e a que pertence, foi considerado pelos seus cr�ticos como um "anti-humanismo.

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