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Dadaísmo e Surrealismo: Zonas fronteiriças da relação interartes

Por:   •  10/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  4.024 Palavras (17 Páginas)  •  242 Visualizações

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SURREALISMO

Dadaísmo e Surrealismo: zonas fronteiriças da relação interartes

Disponível em: < http://www.todasasmusas.org/02Veronica_Daniel.pdf>.

Artigo – Todas as Musas / ISSN: 2175-1277, ano 01, nº 02, jan - jul de 2010.

Profa. Dra. Verônica Daniel Kobs - doutora em Letras pela Universidade Federal do Paraná (2009) e Membro Consultor do Conselho de Editoração da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.

(...) O movimento surrealista teve seu auge no período de 1922 a 1925 e, em seu Manifesto, trazia a seguinte definição: “Puro automatismo psíquico, através do qual se pretende expressar, verbalmente ou por escrito, o verdadeiro funcionamento do pensamento. O pensamento ditado na ausência de todo o controle exercido pela razão (…).” (ADES, 2000, p. 91).

A atmosfera surrealista enfatizava o non sense, o que contrariava por completo a representação mimética. O objeto desse tipo de arte caracterizava-se como um ponto de fuga em relação à representação tradicional, determinada pelo vínculo com o referente real.

Os artistas surrealistas NÂO representavam a “realidade” de um modo mimético, isto é, não pintavam exatamente o que “viam”. Expressavam verbalmente, por escrito ou por meio da pintura, o funcionamento do pensamento – Expressavam as imagens do inconsciente, o pensamento não era controlado pela razão.  

Admitia-se a figuratividade, mas privilegiavam-se a imaginação e o universo onírico, o que justificava o destaque a junções inusitadas:

A imagem surrealista nasce da justaposição fortuita de duas realidades diferentes, e é da centelha gerada por esse encontro que depende a beleza da imagem; quanto mais diferentes forem os dois termos da imagem, mais brilhante será a centelha. (ADES, 2000, p. 92)

        Nas obras surrealistas enfatizava-se o “figurativo”, mas, inserido no universo onírico, dos sonhos.

Os artistas surrealistas “justapunham” realidades diferentes em uma mesma obra, isto é, colocavam uma realidade ao lado da outra. Com a aproximação de realidades diferentes surgia uma outra realidade – Segundo Ades (veja acima) quanto mais diferentes forem os temas das imagens usadas na obra mais rica será a “síntese” da obra, mais rico será o resultado da obra, “sua imagem final”.

[pic 1]

[pic 2]

O peito do manequim é uma gaveta aberta, da qual saem roupas. O ventre, exposto, revela um crustáceo. Também há buracos nas coxas, que deixam à mostra uma taça e uma garrafa. Rebites fazendo emendas, chaves e círculos em baixo relevo, além de mais uma gaveta minúscula, em um dos tornozelos, completam a figura inumana, colocada sobre um fundo preto, cercada por quatro cogumelos de fumaça, um em cada canto, ao fundo. Na lateral direita, diversos tipos de pontas de lanças pretas sobre o fundo branco.

A descrição detalhada, seguida da reprodução do desenho, não objetiva investigar as possíveis interpretações da tela surrealista. Mais importante é o conjunto formado por elementos aparentemente desconexos, fazendo questão absoluta de evidenciar a montagem e, com ela, provocar o estranhamento. Palavras como “montagem” e “justaposição” demonstram afinidades entre o Surrealismo e o Dadaísmo. (o Dadaísmo vocês vão aprender no semestre que vem). 

        A autora do artigo, profa. Verônica Kobs, relata que o mais importante nas obras surrealistas é provocar o “estranhamento”, por meio da montagem. O mais importante é a imagem que se formou com a aproximação de elementos desconexos.

André Breton é o principal responsável por essa associação, pois participou das duas vanguardas. Outra coisa que comprova a relação é esta afirmação, de Dawn Ades, que faz referência ao jogo do “cadáver delicioso”, muito usado também no período Dadá: “Faziam jogos infantis, como o ‘cadavre exquis’, em que cada jogador desenha uma cabeça, o corpo ou as pernas, dobrando o papel depois de sua vez, de modo que sua contribuição não possa ser vista.” (ADES, 2000, p. 93).

Descontextualização e fragmentação são pontos de partida para o nonsense surrealista, que opta pela figuratividade, mas que, longe de serem verossímeis, ficam restritas ao plano simbólico.

- nonsense – “sem sentido” em inglês - é uma expressão inglesa que denota algo disparatado, sem nexo. A expressão é utilizada para denominar um estilo característico de humor perturbado e sem sentido, que pode aparecer em diversas artes.

- os artistas Surrealistas optaram pelo “figurativo” – porém, não para “mostrar” o que era verossímil (que aparenta ser verdadeiro).

- As obras apresentavam imagens oniricas, pensamentos que se restringem ao plano simbólico e não se enquadram ao que é verdadeiro, ao que existe na realidade.  

Porém, deve-se ressaltar que o Surrealismo utiliza a realidade como parte do processo criativo, mas a desconstrói e a desestrutura, no momento em que agrega vários elementos, sem nenhuma relação direta. Por isso, essa vanguarda liga-se mais ao inconsciente e ao devaneio.

- Os surrealistas utilizavam a realidade como parte do processo criativo, mas, quando os artistas aproximam imagens desconexas e elementos inusitados nas suas obras eles “desconstroem e desestruturam” a realidade. Eles constroem outra “realidade” (que não existe), diferente da convencional, diferente da realidade que conhecemos.

 

- Os artistas criam uma realidade repleta de elementos simbólicos que NÃO tem relação direta com a realidade que conhecemos. Por isso o Surrealismo tem relação direta com o inconsciente e com o devaneio.

Devaneio: Ausência de razão. Estado de espírito de quem se deixa levar por lembranças, sonhos e imagens: passar as horas em devaneio. Resultado de sonhos, quimeras, fantasias, ficções.

A mescla de elementos despersonifica-os, fazendo com que todos eles passem a desempenhar função totalmente distinta daquela que desempenhavam, quando ainda participavam de seu ambiente original.

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