TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Fichamento do Livro Introdução á Criminologia Crítica Brasileira de Vera Malaguti Batista

Por:   •  4/6/2018  •  Resenha  •  4.976 Palavras (20 Páginas)  •  1.521 Visualizações

Página 1 de 20

Fichamento do Livro Introdução á Criminologia Crítica Brasileira de Vera Malaguti Batista

                                             

                                                          Pós graduação em Criminologia Penal e Processo

                                                          Universidade Candido Mendes

                                                          Marcela Teles Andrade Cardoso

  1. Introdução

O presente trabalho busca realizar uma interlocução entre o pensamento da autora Vera Malaguti em sua obra Introdução á Criminologia Crítica com a do autor Eugenio Raúl Zaffaroni em sua obra Em busca das Penas Perdidas. A perda de legitimidade do Sistema Penal.

  1. Criminologia

A autora postula ser a criminologia um curso de discursos sobre a questão criminal se apropriando do conceito de Zaffaroni que também postula ser a criminologia saber e arte de despejar discursos perigosistas.

  1. Criminologia e política criminal

A autora entende ser a criminologia uma resposta política ás necessidades de ordem que vão no decorrer de processos históricos mudando de acordo com a evolução da acumulação de capital. Deste modo, a política criminal estaria subordinada a demanda por ordem emanada pelo capital. Sendo certo, que o conceito de política criminal abarcaria a polícia judiciária, penitenciária, e segurança pública.

Nessa esteira, Zaffaroni traz ser impossível uma separação entre criminologia e política criminal, dado que todo saber criminológico está previamente delimitado por uma intencionalidade política. O autor afirma não ser a criminologia uma ciência, mas sim um saber oriundo de múltiplos ramos, necessário para dar subsídios às decisões políticas que busquem garantir o direito a vida e reduzir a violência política em nossos trópicos. Postula que tal medida busca a supressão dos sistemas penais e consequente substituição por formas efetivas de solução de conflitos e não a simples decisão dos mesmos.

Vera Malaguti acrescente que a criminologia e a política criminal surgem como um eixo de racionalização a serviço da acumulação de capital.

A autora faz um apanhado histórico desde o século XIII para situar o desenvolvimento da formação dos discursos criminológicos.

Postula que as técnicas inquisitórias de suplícios para extração da verdade e consequentes penas de morte se articularam com o surgimento das cidades, a ideia de contrato social, o fortalecimento da burguesia mercantil, o absolutismo, configurando o Estado moderno e suas estruturais penais. Após, entre os séculos XIV e o XVIII a acumulação de capital impulsionará o mercantilismo, a manufatura e substanciará a Revolução Industrial que forjará uma sociedade divida em classes, abarrotada para o disciplinamento para o trabalho, consumida pela mais valia, um exército de reserva de mão de obra pobre e miserável.

Já em meados do século XVIII com a crítica social ao absolutismo e o fortalecimento da ideia de contrato social as técnicas inquisitórias de extração da verdade, mas precisamente na sua fase de expetacularização do sofrimento, não são mais aceitas pelo povo. Nesse momento o poder punitivo precisa de outros métodos controle da massa polulacional enfurecida e pobre.

A ascensão da burguesia traz novos discursos criminológicos, estabelecendo limites para a organização da verdade, buscando punir ao invés de vingar e estabelecendo uma gestão seletiva das ilegalidades. O delito passa a ser definido juridicamente.

No século XIX a Europa passa a produzir teorias acerca do grande internamento que iniciou no século XVIII sobre os indesejáveis do exército de reserva, dentro de prisões, manicômios, internatos e asilos. Nesse momento o saber criminológico se filia a uma reflexão dita cientifica autônoma do discurso jurídico, portanto sem embaraços ou limites, se alimentando da clientela seletiva dessas instituições totais. Estamos diante do positivismo criminológico.

A sociologia e as ciências sociais vão evoluir do positivismo segregador para o funcionalismo integrador. A criminologia se apropria do conceito de anomia de Durkheim aprofundada pro Merton, nesse tocante Zaffaroni traz que houve um deslocamento do centro de atenção que antes era o homem agora sendo o sistema. A criminologia estadunidense buscará observar as concentrações urbanas e a conflitividade social, sob um olhar onde o delito ou o desvio não configuram um fenômeno natural, mas sim uma definição do sistema de controle.

Essa criminologia conduziu a ruptura do Labeling Approach, que cruzando com a teoria psicanalítica, o marxismo, o Walfare System, os movimentos sociais, permitiram a construção da criminologia crítica.

Com o fim do Walfare System e o desmantelamento do Estado previdenciário, os Estado Unidos investem massiçamente em ondas punitivas, represálias e criminalizações. Esse punitivismo chega aos trópicos. Zaffaroni entende que na América Latina o punitivismo chega com viés muito mais destruidor dada as condições extremamente desiguais que aqui encontra, asseverando que sempre nos faltou investimentos em saúde e educação.

  1. Positivismo

O positivismo surge como um discurso cientifico que rompe com os postulados na questão criminal pensada pelos liberais iluministas. O delito é um ente natural, o determinismo biológico se contrapõe a ideia liberal de livre arbítrio e responsabilidade moral. Analisando e classificando o autor do delito , o crime deixa de ser o objeto de análise.

Enquanto o liberalismo revolucionário tratava de limitar o poder punitivo, o positivismo dará subsídios para a expansão do mesmo, travando inúmeras estratégias correcionalistas travestidas de curativas, reeducativas, ressocializadoras, as ideologias re, como traduz Vera Malaguti.

Partindo do paradigma metodológico instaurado pela Encyclopedie a frenologia vai buscar ma mensuração e análise cerebral a comprovação da delinquência. Trazendo uma comprovação cientifica para a desigualdade a fim de frear os anseios libertários iluministas, com as máximas da igualdade, liberdade e fraternidade.

A fisionomia de Johann Kaspar nasce, substancia e aguça a solidificação de preconceitos, buscando nas comparações e medições da face identidade da alma degenerada. Os criminosos são feios.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (32.8 Kb)   pdf (156.3 Kb)   docx (24.8 Kb)  
Continuar por mais 19 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com