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O Divorcio e os Efeitos da Alienação PArental Para as Crianças

Por:   •  25/8/2021  •  Trabalho acadêmico  •  3.249 Palavras (13 Páginas)  •  90 Visualizações

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O Divorcio Litigioso e as repercussões nas crianças: A alienação Parental e Síndrome de Alienação Parental.

A família com o passar dos tempos vem sofrendo inúmeras mudanças e transformações, já não podendo ser contextualizada de uma única sistemática. Segundo Rocha, Cury e Rocha (2015) as mudanças econômicas e sociais aliadas ás transformações comportamentais foram icones para pôr fim à instituição familiar nos seus moldes patriarcais. O fator econômico, a evolução política e cultural e em especial a Revolução Industrial foram os principais fatores que desencadearam alterações no Direito de Família para integrá-la e adapta-la a realidade social. A família que vivia da atividade produtiva na fase pré-industrial foi substituída pela produção fabril, sendo que as mulheres e crianças assumiram parceria ao lado dos homens. De acordo com os autores acima citados a necessidade da sobrevivência fez com que a mulher ganhasse o mercado de trabalho se emancipando e passando a ter acesso à educação. Dessa forma, a mundialização e as transformações da libertação sexual da mulher juntamente com sua independência financeira, fez surgir novas formas de família, que merecem respeito e proteção do Estado, sem preconceitos ou repulsa, priorizando pela dignidade humana de cada membro dessa nova constituição familiar. Na atualidade, pela busca de maior privacidade, a instituição familiar apresenta-se estruturada de forma nuclear, com um número menor de pessoas, substituindo a família extensa. ‘’ Antes submetida ao poder absoluto do patriarca, a família de hoje é regulada por norma de ordem pública, os interesses de ordem individual e privada deram espaço a uma regulamentação marcada pelo interesse público’’.

Cezar-Ferreira (2007) afirma que além dos fatores acima descritos e diante da intensificação da problemática conjugal decorrente no número crescente de separações e tendo como consequência os efeitos sobre o desenvolvimento dos filhos, muitos estudiosos tem se preocupado em pesquisar e escrever sobre a importância da família e sobre o desenvolvimento de seus membros, sendo preocupante também as situações de crise na desestruturação do grupo familiar e a necessidade da ajuda especializada nesse momento.

O DIVORCIO E AS CRIANÇAS

O divórcio é compreendido como o final de um relacionamento marital, onde há muitos sentimentos pessoais envolvidos, pois o divorcio sofre influências e reflexos de todos os que fazem parte desse contexto. Especialmente quando há criança, e a separação tem início exatamente quando não há possibilidade do casal viver mais juntos e torna-se um processo lento para que cause menos danos à  família, estando ambos abalados emocionalmente. Portanto, o divórcio abrange certo receio em relação ao novo mundo que os envolvidos terão que enfrentar, fazendo-se surgir um turbilhão de emoções que torna a vida dos envolvidos mais tensa. A esse respeito, Lamela, Figueiredo e Bastos (2008), tratam: O divórcio é um evento que pode funcionar como um marcador desenvolvimental para mudanças positivas e negativas nos percursos de vida dos adultos que o experienciam [...] Concomitantemente, tendo como referência o adulto divorciado como pai e membro de uma família, e utilizando uma matriz sistêmica, o divórcio é responsável por profundas alterações no sistema familiar, obrigando os seus subsistemas a proceder a reorganizações estruturais. A dissolução conjugal é um evento stressor do sistema familiar, sendo que a capacidade de absorção do seu impacto sistêmico e a qualidade do funcionamento adaptativo dos filhos estão dependentes das características do sistema familiar durante o casamento (p.12-13). Sendo assim, no período inicial do divórcio é mais comum surgirem nos filhos problemas, preocupações e sintomas. Diante da separação, Souza e Ramires (2006), “os filhos têm que enfrentar o medo de também serem separados: perder o contato com uma das figuras parentais. Serem, de fato, abandonados”(p.199). Nesse contexto, Papalia et al (2006), faz-se importante enfatizar que o número de divórcio triplicou desde 1960, mais de um milhão de criança são envolvidas todos os anos. Assim, é cada vez mais comum encontrar crianças que dividem seu tempo entre a casa da mãe e a do pai. O conflito conjugal prejudica as crianças mais do que o divórcio, que as crianças adaptam-se melhor quando criadas com um genitor solteiro em um lar harmonioso do que em um lar com ambos os pais marcados pelas discórdias e pelo descontentamento (Papalia et al 2006, p.411). Como pode ser visto, o divórcio é o período de maior turbulência, em uma crise familiar nervosa acarretando desequilíbrio emocional principalmente nas crianças devido a sua imaturidade por não se encontrarem preparadas para compreender a complexidade desse acontecimento. Com isso, Bee e Boyd (2011), pontuam que “nos primeiros anos após um divórcio, as crianças tipicamente apresentam declínios no desempenho escolar e mostram comportamento mais agressivo, desafiador, negativo ou deprimido” (p.378 - 379). Entretanto, Souza e Ramires (2006), salientam que o divórcio é um processo de crise e ruptura no qual a família busca novas respostas e que isso não pode ser confundido com problemas de ajustamento ou de saúde mental. As autoras  confirmam que o período envolve tensão e sofrimento, porém, em longo prazo, os efeitos negativos não são tão frequentes como supunham. As autoras também enfatizam que nem sempre a separação reduz o conflito conjugal. Em relação a isso, Lamela, Figueiredo e Bastos (2008), apontam que: Os adultos divorciados reportam mais distress psicofisiológico, perdas acentuadas na segurança económica e financeira e no suporte social, alterações depreciativas na percepção do self e desestabilização emocional nos sistemas de procura e prestação de cuidados (p.13). Sendo assim, o divórcio abrange certo receio em relação ao novo mundo que os envolvidos terão que enfrentar, faz surgir um turbilhão de emoções que torna a vida de um ou de outro ainda mais tenso. Nesse sentido, o divórcio torna-se traumático para crianças, mesmo que elas não sejam capazes de compreender completamente suas implicações que tornam às vezes complexas, diante dessa situação é muito importante à atitude coesiva e equilibrada dos pais para evitar danos futuros que teriam um período impresumível no desenvolvimento emocional na maioria das crianças. Desse modo, a crise familiar é sentida pela criança como uma perda, por mais adaptada que ela esteja com a situação, ela vive numa mistura de sentimentos, pois, as crianças são muitos sensíveis, espertas e atentas ao ambiente familiar, e percebem o clima de tensão ou de harmonia que é construído entre os pais. Para elas, é melhor ter pais separados e felizes, do que juntos torturando-se com brigas, choro e angustia. Neste caso, a criança de repente pode oscilar atribuindo a si mesma a responsabilidade pelo conflito ou atribuir aos pais, essas situações geram circunstâncias afetivas de culpa e de vergonha ou de raiva distinguida a um dos pais ou a ambos (CAMPOS, 2002). No entanto, para Bee et al (2013), alguns efeitos negativos apresentados pelas criança surgiam bem antes do divórcio. Sendo assim a autoria enfatiza que: Não pode haver muita dúvida de que o divorcio é traumático para as crianças. Entretanto, essa afirmação deve ser seguida por uma advertência. Alguns dos efeitos negativos do divorcio são devidos a fatores que estavam presentes antes do divórcio, tal como temperamento difícil na criança ou conflitos excessivo entre os pais (BEE et al, 2013, pg.378). Assim, muitas crianças apresentam dificuldades em expressar os seus sentimentos acerca do que está acontecendo e mantendo-se aparentemente estáveis, o que leva os pais a subestimarem a situação de que a criança está bem, é fundamental que os pais tentem conduzir essa situação de maneira que as crianças não sofram consequências traumatizantes, e que o ambiente familiar na presença da criança não seja tão desgastante. Isso não quer dizer que não existam crianças que superem relativamente bem o processo de divórcio dos pais, sem apresentarem sintomas de maior intensidade além da ausência de ambos. Em relação a isto, Campos et al (2002), destaca: As atitudes dos pais de preparar a criança para a separação através de uma comunicação sincera, clara e objetiva do acontecimento e das possíveis consequências, ajudam à criança a reagir melhor a esse evento. Os cuidados realizados com atenção e carinho na preparação na época da separação valoriza a criança, o faz sentir-se amada, tranquila, confiante e protegida. A existência dos bons aspectos do vinculo entre os pais diminuem o impacto da separação nos filhos, por compartilhar a educação e o desenvolvimento infantil (p. 17). Portanto, de acordo com o referido autor, o divórcio dos pais tem impacto de forma negativa no desenvolvimento das crianças, pois, muitas delas sofrem em nível psicológico devido às circunstâncias vivenciadas antes, durante e após o divórcio. Assim, Papalia et al (2006), aponta que esta questão psicológica não pode ser negligenciada por parte dos pais. Com isso, percebe-se que os problemas comportamentais ou emocionais que as crianças emitem podem provir de conflitos entre os pais, tanto antes quanto depois do divórcio, bem como da própria separação. Desta forma, o que desestabiliza emocionalmente uma criança não é o divorcio em si, mas, como esse é administrado e vivenciado pelo paciente, muito do humor das crianças depende do humor da atenção e das condições em que os pais se encontram, sentimentos de depressão e angústia intensa, relacionada a dúvidas e mudanças constantes...

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