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O SER HUMANO A DIALÉTICA E A ESPIRITUALIDADE

Por:   •  4/3/2018  •  Trabalho acadêmico  •  6.942 Palavras (28 Páginas)  •  305 Visualizações

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3º ENCONTRO – CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

O SER HUMANO A DIALÉTICA E A ESPIRITUALIDADE

Prof. Pe. Eduardo Zanom

“A RELAÇÃO CONFLITANTE ENTRE O SIMBÓLICO E O DIABÓLICO NA EXPERIÊNCIA HUMANA”.

A partir do capítulo “O Simbólico e o Diabólico”, do livro “O despertar da águia”, do escritor Leonardo Boff, trabalhar-se-a as dimensões do ser humano de abertura e fechamento que estão hora uma, hora outra em predomínio e algumas vezes integradas e equilibradas.

Essas dimensões ou realidades humanas são também percebidas na realidade externa ao ser humano, ou seja, no meio ambiente, no universo e em todos os processos e projetos promovidos pelo próprio ser humano.

O autor atibui dois nomes a estas faces humanas e extra-humanas.

Em sua primeira obra que leva o mome de “A aguia e a galinha”, Leonardo Boff chama de dimensão águia para a realidade de abertura e busca de superação humanas e de galinha para a dimensão de fechamento e enraizamento humanos.

Na sua segunda obra que é a origem do capítulo abaixo, que se intitula “O despertar da águia”, ele trabalha estas mesmas realidade sob o nome de simbólico e diabólico. O simbólico entendido como a dimensão de integração, de organização e de aglutinação de conteúdos e sentidos no ser humano e na realidade externa; e o diabólico compreendido como a demensão de desintegração, de caos, de desorganização que acontece dentro e fora do ser humano.

No Capítulo do livro “O despertar da águia” transcrito abaixo, você vai estar em contato com uma bela e simples análise e reflexão sobre o ser humano.

Provavelmente você se auto analisará, analisará os outros e a própria realidade e fará suas reflexões e críticas às idéias expostas.

É importante que você, como estudante do tema, compreenda a definição dos termos utilizada nestes textos para que a compreensão seja contextualizada. Também é importante a sua reflexão encima destas idéias expostas pelo autor. Outra coisa que ajudará numa melhor compreensão é a leitura das obras de forma integral. Elas trarão outras abordagens sobre este mesmo tema.

Como estamos estudando o fenômeno religioso, uma chave de leitura é olhar a Religião como uma das realidades simbólicas no ser humano. A comunidade humana simboliza, ou seja, congrega sentidos e significados num elemento cultural de extrema importância que é a Religião. Ela é um dos fenômenos culturais com maior carga de simbolismo. Perém, está presente dentro dela também a dimensão diabólica, ou seja, ela também pode desorganizar, desorientar, desestruturar tanto no sentido negativo, como no sentido positivo da desintegração que ocorre quando nos desacomoda ou quebra circunstâncias alienantes.

Uma leitura que pode ajudar na compreensão deste simbólico numa outra abordagem é o capítulo “Os símbolos da ausência” da obra “O que é religião” de Rubem Alves. Nesta obra ele abordará o fenômeno religioso como um elemento carregado de simbolismo. A religião é vista aí como um elemento que tem origem na dimensão do imaginário, das significações, do extra-material. Não entendido como fantasia, e sim como originário de uma dimensão superior humana que produz ou identifica códigos, simbolos e dá sentidos superiores a elementos que os nossos sentidos e a nossa simples razão lógica não perceberiam nem significariam desta forma.

Faça esta leitura com cuidado e despido de preconceitos em relação aos termos, principalmente ao termo diabólico que em geral é visto como nefasto, demoníaco e elemento do mal. Aqui ele é visto como uma dimensões necessária da realidade humana. Somos um ser dinâmico, dialético (integração e conflito entre estas e outras duas realidade internas e externas), não somos estáticos sem mudança nem crescimento. Como o próprio texto vai dizer, é necessário a dimensão do diabólico para que as pessoas e as outras realidade se reorganizem e evolua.

A abaixo está o texto na íntegra do capítulo “O diabólico e o simbólico” da obra “O despertar da águia” de Leonardo Boff.

“(...) 

A águia e a galinha, o sim-bólico e o dia-bólico: dimensões da mesma realidade

O despertar da águia significa o desdobramento da obra anterior, A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. Naquela tentamos mostrar a coexistência da dimensão-águia/galinha dentro da realidade circundante, especialmente do ser humano. Por dimensão-águia entendemos a realidade e o ser humano em sua abertura, em sua capacidade de transcender limites, em seu projeto infinito. Por dimensão-galinha, seu enraizamento, seu arranjo existencial, os projetos concretos.

Nessa queremos retomar esta tensão sob um ângulo semelhante, também desafiador e dialético: a coexistência do sim-bólico e do dia-bólico no universo, na história e em cada pessoa humana. Ao lado do binômio águia/galinha, o sim-bólico/dia-bólico também nos propiciará uma fecunda experiência das coisas. E certamente nos possibilitará um estado de consciência mais globalizador da realidade.

 

1. Que significa dia-bólico e sim-bólico?

Expliquemos, antes de mais nada, os termos sim-bólico e dia-bólico. Sua origem filológica se encontra no grego clássico. Símbolo/sim-bólico provém de symbállein ou symbáilesthai. Literalmente significa: lançar (bállein) junto (syn). O sentido é: lançar as coisas de tal forma que elas permaneçam juntas. Num processo complexo significa re-unir as realidades, congregá-las a partir de diferentes pontos e fazer convergir diversas forças num único feixe.

Originalmente existia por detrás da palavra e do conceito símbolo (symbolos) uma experiência singular e curiosa: dois amigos, por conjunturas aleatórias da vida, têm que separar-se. A separação é sempre dolorosa. Implica sentimento de perda. Deixa muita saudade para trás. Assim os dois amigos tomavam um pedaço de telha e cuidadosamente o partiam em dois, de tal modo que, juntados, se encaixavam perfeitamente. Cada um carregava consigo o seu pedaço. Se um dia voltassem a encontrar-se, mostrariam os pedaços que deveriam encaixar-se exatamente. Caso se encaixassem, simbolizava que a amizade não se desgastou nem se perdeu. Era o símbolo (eis a palavra), vale dizer, o sinal de que, apesar da distância, cada um sempre conservou a memória bem-aventurada do outro, presente no caco bem cuidado de telha.

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