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Resumo do Livro “As Origens do Pensamento Grego” de Jean Pierre Vernant

Por:   •  29/6/2022  •  Resenha  •  1.014 Palavras (5 Páginas)  •  397 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL – CPAN

Resumo do livro “As Origens do Pensamento Grego” de Jean Pierre Vernant.

Matéria: Filosofia Jurídica.

Professor(a): Janaina Mafra.

Aluno(a): Isabella Lima

Curso: Direito

Data: 13/03/2019

RESUMO

O texto de Vernant aborda a transformação da civilização grega que, por muito tempo, se mostra muito semelhante aos reinos do Oriente Próximo, até que, com as invasões dóricas, o poder micênico desaba e toda uma forma de vida social é abolida, fazendo com que os gregos se isolassem durante vários séculos. Após um longo período de isolamento, a Grécia, com uma identidade própria, toma um novo rumo: “lança os fundamentos do regime da Polis e assegura por essa laicização do pensamento político o advento da filosofia” (VERNANT, 2002, p.11).

No capítulo IV, O Universo Espiritual da Polis, Vernant começa abordando o surgimento da polis que vai instaurar uma nova forma de vida e relações entre homens. Nela a palavra será um instrumento político assumindo a forma de debates, argumentações, discussões por meio da Peithó, a força de persuasão, pois é através da persuasão que a vitória é assegurada nesses confrontos.

Todas as questões políticas que antes eram resolvidas por uma única pessoa, o Soberano como cita o aludido escritor, serão resolvidas por meio de debates, assim, a arte política se torna um exercício da linguagem, estreitando a relação entre política e logos. Historicamente, a retórica e a sofística abriram caminho à Aristóteles ao levantamento de um saber teórico e uma lógica do verdadeiro em detrimento da lógica do provável ou do verossímil.

“Uma segunda característica da polis é o cunho de plena publicidade dada às manifestações mais importantes da vida social” (VERNANT, 2002, p.55). Daí, pode-se dizer que a vida de todos se tornou de domínio público: os assuntos privados foram deixados de lado e os processos secretos foram banidos dando lugar ao setor de interesse comum e às práticas abertas, estabelecidas em plena luz do dia na ágora. Esse processo abrange uma grande transformação: o que antes era conservado, como garantia de poder, agora é publicado em praças públicas, sujeito à discussão, à argumentação, à polemica. Essas, tornam-se as regras do jogo intelectual e do jogo político.  

Nesse contexto, há o ressurgimento da escrita, tomada dos fenícios e modificada, que vai se tornar uma técnica de amplo uso, proporcionando a divulgação de conhecimentos que, até então, eram reservados, satisfazendo a função de publicidade. Com a escrita, foi possível a redação das leis, assegurando permanência e fixidez. Dessa forma, as leis tornaram-se um bem comum aptas a serem aplicadas a todas as pessoas da mesma maneira. Assim, a dike, divindade grega que representa a justiça, pôde realizar-se na lei. Foi, ainda possível, o surgimento de livros, em que os indivíduos tornavam público o seu saber, fazendo dele o bem comum da cidade.

Essa publicidade, além de afetar os âmbitos intelectual e político, também afeta o religioso: símbolos, deuses ou objetos considerados sagrados são tirados das casas sacerdotais, onde ficavam, e exposta nas ruas. As figuras divinas perdem o seu caráter secreto e religioso e tornam-se apenas imagens com a mera função de serem vistas.

Todavia, esse processo encontra dificuldades até mesmo no plano político, em que técnicas e práticas de governo secretas tentaram se manter e, no plano religioso, houve a utilização de santuários secretos ou de oráculos privados. Assim, é possível notar que o racionalismo político não exclui os antigos processos religiosos. Além disso, seitas e grupos exotéricos são formados a margem da cidade. Esses grupos religiosos selecionavam as pessoas por meio de várias provas e as que passavam gozavam de privilégios inacessíveis ao comum. Entretanto, esses privilégios permaneciam apenas no campo religioso.

Nessa conjuntura, os primeiros sábios começam seu estudo que tratava, justamente, do mundo religioso. Seus ensinamentos tratavam de uma verdade de outro mundo, que mesmo sendo levado a praça pública não perdiam seu caráter misterioso.  

A filosofia nasce, então, ambígua, pois, segundo Vernant, nasce no centro da divergência entre os segredos das seitas e a publicidade do debate contraditório. Ambiguidade que, talvez, nunca consiga se livrar: “o filósofo não deixará de oscilar entre duas atitudes, de hesitar entre duas tentações contrárias.” (VERNANT, 2002, p.64).

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