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TRÁFICO DE ÓRGÃOS – QUANDO O FUTURO É ROUBADO

Por:   •  5/7/2018  •  Artigo  •  2.307 Palavras (10 Páginas)  •  85 Visualizações

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TRÁFICO DE ÓRGÃOS – QUANDO O FUTURO É ROUBADO

Por Felipe dos Santos, Karine Cantuário, Leidiane Moraes e Rafaela Sperandio.

CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO – CEUNSP

RESUMO: O Tráfico de Órgãos em Poços de Caldas e o caso de Paulo Pavesi, que teve seus órgãos retirados pela Central Clandestina de Retirada de Órgãos enquanto estava vivo.

PALAVRAS-CHAVE: tráfico, órgãos, transplante, medicina/legal, perícia, morte/encefálica, traumatismo/crânio/encefálico, investigação, exames, tanatologia, criminologia, deontologia, laudos.

  1. INTRODUÇÃO

Uma vítima do tráfico de órgãos, um pai que busca justiça, a descoberta de uma central clandestina de retirada de órgãos em Minas Gerais e o auxílio da Medicina Legal nas investigações. Uma pesquisa onde o maior objetivo é a busca por respostas, com base em perícias, sentenças e casos semelhantes, que trazem à tona detalhes sobre a crueldade que vitimou Paulo Pavesi.

  1. O CASO

Paulo Veronesi Pavesi, 10 anos de idade, conhecido como Paulinho, caiu de um brinquedo do prédio em que morava e foi levado às pressas ao hospital Pedro Sanches, onde deu entrada com traumatismo crânio encefálico.

  1. Hospital

Em sua chegada ao hospital, Paulinho foi submetido a duas análises: a de Glasgow – escala que registra o nível de consciência do paciente- e a de ASA – que classifica o estado físico do mesmo.

A primeira vai de 3 a 15 e, quanto maior o grau, menor o risco. A segunda vai de I a VI e conforme o grau aumenta, pior o estado do paciente. Paulinho foi considerado grau 10 (moderado) e II (com doença sistema leve, sem risco de limitação funcional), respectivamente.

Exames constataram coágulos no cérebro de Paulinho, que passou por uma cirurgia para retirá-los e teve seu estado agravado: de moderado para grave.

Devido à agitação do garoto, os médicos administraram medicamentos depressores do sistema nervoso, induzindo-o ao coma.

Paulo Pavesi pai foi comunicado que a situação de Paulinho era praticamente irreversível e que, após serem feitos outros exames, se constatada a morte cerebral da criança, havia a possibilidade de doação de órgãos, se assim ele autorizasse.

Autorização feita, o rumo começa a mudar...

  1.  Transplante

O plano já estava arquitetado, bastava colocar em prática. Era assim que eles agiam.

Assim que um potencial doador chegava ao hospital, todas as chances de sobrevivência eram extintas para que ele se tornasse, de fato, mais um fornecedor de órgãos.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) afirma que a morte encefálica só deve ser decretada após os médicos seguirem as regras de determinado protocolo, que no caso de Paulinho, foi ignorado.

O protocolo diz que um paciente só deve ter a morte cerebral constatada quando seu nível em Glasgow é igual a 3, quando o mesmo não está sob efeito de medicamentos depressores do sistema nervoso e a escala de ASA acusa grau VI, o que não configurava o estado clínico de Paulinho.

Após o protocolo ser desrespeitado e aplicado de maneira incorreta, uma Angiografia foi realizada em Paulinho e o resultado mostrou que havia fluxo sanguíneo no cérebro, indicando vida, fato tido como irrelevante para os médicos, que continuaram com o plano de transplantar os órgãos a qualquer custo.

Mesmo sem a morte encefálica constatada, Paulinho foi transferido para a Santa Casa de Poços de Caldas, onde foi dado como morto e teve seus órgãos retirados por aqueles que tinham o dever de mantê-lo vivo.

  1.  Desconfiança

Embora o luto fosse eterno e a saudade imensa, a vida da família Pavesi teve de continuar.

Paulo Pavesi pai, com o objetivo de cumprir com suas obrigações, foi até o Hospital para saldar a dívida e, analisando item por item da conta, se atentou para o superfaturamento da mesma. Desconfiando do valor, Paulo pediu para que lhe entregassem o prontuário de seu filho para que pudesse fazer um comparativo, mas o seu pedido foi negado. Após muito insistir, Paulo é informado que os exames e o prontuário de Paulinho desapareceram e que não há nada que possam fazer.

Passado algum tempo e com a insistência de Paulo, algumas radiografias aparecem, mas, para ele, visivelmente não são as imagens do cérebro de Paulinho, o que aumenta a sua desconfiança.

Empenhado para desvendar o mistério das radiografias falsificadas, Paulo começa a travar uma batalha contra o hospital para conseguir ter acesso ao prontuário de Paulinho e, quando finalmente o tem em mãos, descobre a verdade.

Com a ajuda de outros médicos, de especialistas e até mesmo de peritos, Paulo Pavesi descobre que o filho teve seus órgãos retirados enquanto estava vivo, sem a constatação da morte encefálica e morreu logo após o transplante, portanto, não foi vítima de uma queda mortal, mas de um homicídio.

  1. PERÍCIAS

Como em todos os casos, a perícia tem um papel de suma importância, pois através dela surgem as provas que norteiam o Direito nas investigações e dão forma àquilo que, até então, era só especulação. O caso de Paulinho exigiu inúmeras perícias relacionadas à causa da morte e até mesmo ao rumo que a história tomou.

  1.  Provas Médico-Legais

Tempos depois foi autorizada a exumação do cadáver, a fim de esclarecer a diferença do crânio das chapas com o de Paulinho e outros procedimentos duvidosos que haviam sido realizados enquanto o menino estava no hospital.

Foi encontrado, no cadáver, um corte que ia do pescoço até a região pubiana. O perito médico legista, então, questiona Paulo Pavesi sobre a realização da necropsia e o resultado, mas é informado que a mesma não aconteceu, o que aumenta ainda mais o mistério envolvendo o caso. Paulo Pavesi autorizou a doação de córneas e rins, portanto, não se fazia necessário um corte por quase toda a extensão do corpo.

  1.  Provas Documentais

O prontuário de Paulinho trazia informações fundamentais e esclarecedoras. Todos os resultados de exames, todos os procedimentos realizados e todas as provas de que Paulo Pavesi precisava para entender, de uma vez por todas, o que acontecera com seu filho naqueles terríveis momentos em que esteve dentro de um hospital, estavam contidas naquele documento, que embora rasurado foi firmemente analisado, contribuindo para o aparecimento de novas provas.

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