Confições de Um Assassino Economico

O jogo funcionaria assim: Perkins devia justificar os enormes empréstimos internacionais que canalizariam rios de dinheiro de volta para sua empresa por meio de gigantescos projetos de engenharia e construção a um certo país para financiar um plano para a modernização de sua infraestrutura. Os técnicos da companhia manipulariam suas projeções (inflando estatísticas de crescimento no setor elétrico e outros), e garantiriam que a empresa contratada fosse norte-americana. Para bancar o investimento, facilitariam linhas de crédito com instituições financeiras multilaterais sob forte influência dos EUA, como o Banco Mundial e o FMI.

Inflando as necessidades de investimento em infraestrutura, e condicionando sua realização a empresas americanas, Perkins mataria dois coelhos com uma só cajadada – o dinheiro nunca chegaria a sair dos EUA, e o país contratante se veria enredado num débito alto demais para ser pago. Uma vez que a dívida chegasse ao insustentável os credores seriam dependentes para sempre dos seus credores e assim apresentaria alvos fáceis quando precisassem de favores, incluindo construção de bases militares no território do devedor, votos em processos decisórios de organismos multilaterais (como a ONU), acesso a petróleo e outros recursos naturais., seus recursos naturais ou seus votos, ou ainda, mais recentemente, a aceitação de acordos de livre comércio e privatização de empresas públicas.

A correlação de forças entre corporações, governo dos EUA e organismos financeiros internacionais – batizada “Corporatocracia” por Perkins – não seria fruto de mero acaso. Grupos econômicos, políticos, organismos multilaterais, militares e a comunidade de espionagem/informação. As corporações teriam vínculos estreitos com as agências de espionagem e o alto escalão do governo dos EUA, servindo, em muitos casos, como testas-de- ferro da política americana junto a países em desenvolvimento, condicionando serviços ou projetos de infraestrutura a certo alinhamento político.

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