Desenvolvimento x crescimento

Ao observar a realidade politica e social de um país é comum deparar-se com os termos desenvolvimento e crescimento, geralmente sem que aja entre eles uma clara diferenciação. Partindo dessa premissa e observando a produção de alguns autores que abordam o tema esse trabalho buscará retratar aspectos que ora englobam esses conceitos de forma unificadora ou excludente. Percebendo-se a área de atuação da economia politica, o aspecto que será abordado dirá respeito a vertente econômica da disciplina.

Partindo do senso comum, recorre-se ao dicionário para observar qual seria a definição de desenvolvimento: 1. Crescimento; 2. Progresso (Houaiss, 2007), observando-se logo de cara que as duas denominações abordadas nesse trabalho são popularmente abordadas indistintamente.

Ao partir para uma definição mais acadêmica, de Bresser-Pereira, observa-se que para a economia desenvolvimento está ligado ao processo de acumulação de capital e de incorporação de progresso técnico visando o aumento da produtividade, dos salários e do padrão de vida da população, e tem como e tem como indicador mais usual a renda por habitante, uma vez que essa mede o aumento geral da produtividade. Nesse sentido o autor ainda delimita essa definição esclarecendo que ela se baseia na observância de uma sociedade capitalista na forma de estado-nação (o que faz uma breve ligação ao aspecto politico da disciplina trabalhada).

Bresser observa que, na sociedade moderna ,  o crescimento econômico depende da oferta de educação, tecnologia e capital para maquinas e processos mais produtivos e da demanda gerada que gere interesse no empresário (principalmente na sua relação entre taxa de lucro e taxa de juros).

Em oposição a Pereira, existe uma longa tradição teórica que descaracteriza o desenvolvimento econômico como o simples crescimento da renda per capita, valendo-se principalmente das conclusões de Schumpeter (1911). Esses teóricos afirmam que o desenvolvimento econômico implica em transformações estruturais do sistema econômico.

Na visão de Bresser esses conceitos são puramente teóricos, uma vez que não se aplicam a realidade, pois nessa são apenas exceções percebidas em países onde a renda per capita cresce pela presença da monocultura, ou por algum outro regime de enclave, normalmente acompanhado por doença holandesa, que limita o progresso técnico. Assim, nesse conjunto ideológico, desenvolvimento e crescimento econômico só podem ser alcançados pelo aumento da renda per capita e da produtividade de toda a economia.

Embora existam exemplos diversos de sociedades vitimas da doença holandesa, essa pode ser evitada. Sendo assim, partimos agora para a observação histórica do crescimento econômico, como regra geral (desconsiderando as exceções supracitadas) gera mudanças estruturais de ordem econômica e social.

Vencida essa primeira linha ideológica contrária, Bresser parte agora para a observação dos economistas não ortodoxos que diferenciam o desenvolvimento econômico do crescimento pelo fato do primeiro significar uma melhor distribuição de renda e o segundo não.

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