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Resenha Crítica do artigo ”A lógica financeira e o espaço do transporte aéreo comercial brasileiro”

Por:   •  10/7/2017  •  Resenha  •  1.985 Palavras (8 Páginas)  •  345 Visualizações

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Universidade Federal de São Carlos

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Resenha Crítica do artigo ”A lógica financeira e o espaço do transporte aéreo comercial brasileiro”

A lógica financeira e o espaço do transporte aéreo comercial brasileiro Au-tor: Martin Mundo Neto. Divulgação:Gest.Prod., São Carlos, v. 18, n. 2, p. 311-324, 2011

O passado recente trouxe uma série de desafios a serem enfrentados pelo se-tor aéreo brasileiro. Mudanças estruturais no setor, que favoreceram, de certa forma, o aumento da competição entre as companhias aéreas, acompanhadas de um período de desenvolvimento econômico notável, viabilizaram um represen-tativo aumento no movimento de passageiros em nossos aeroportos. O ritmo de tal aumento não encontrou correspondência na ampliação da infraestrutura aeroespacial do país (um dos motivos da tão citada crise aérea no artigo), tor-nando importante a adoção de medidas que viabilizassem a adequação do setor aéreo brasileiro a essa nova realidade, que basicamente são as construções e lóg-icas financeiras, que influenciam o cenário do trabalho atual, não só no Brasil, mas sim em todo o mundo.

A ideia principal do artigo é demonstrar que, atualmente, o princípio da lógica financeira é o pensamento dominante nas novas formas de organiza-ção, inclusive nas mais importantes empresas do mercado de transporte aéreo brasileiro. Isso só evidencia que este mercado brasileiro está em concordância com as mais novas inclinações do capitalismo contemporâneo. Ou seja, mesmo que em seu estilo de agir com relação aos seus produtos e serviços sejam difer-entes, estas empresas (especialmente TAM e GOL) apresentam uma mesma lógica no ambiente financeiro.

Logo de início, o autor realiza um apurado histórico e bibliográfico acerca do cenário das teorias econômicas neoclássicas. A definição mais utilizada, inclusive, sobre a lógica financeira é a de que ‘’as empresas são “feixes” de contratos: de um lado, o principal (acionistas); e do outro o agente (colabo-radores, gerentes, executivos)’’. Com essa retórica, foi-se possível, conforme muito bem indicado no artigo, evidenciar quem são os principais responsáveis pela estruturação das empresas dominantes no atual cenário econômico, bem como quais foram os fatores que contribuíram para a alteração na concepção do trabalho.

Para tal, o artigo argumenta que, para se entender a organização e estrutu-ração (bem como sua consolidação) em um determinado setor, devemos analisar tanto a empresa em relação ao campo que a engloba, como a própria empresa enquanto um campo relativamente ‘’autônomo’’. Desta maneira, realizou-se

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um apanhado histórico destas duas empresas que dominam o mercado aéreo brasileiro, bem como suas ações estratégicas.

Um ponto interessante do texto, que foi inclusive apresentado e discutido durante as aulas de organização do trabalho, é a organização do mercado e, principalmente, qual é o papel do Estado nisto. Segundo o autor, a estrutura do campo e a distribuição dos capitais entre os agentes determinam o processo de reprodução do próprio campo. Entretanto, dentre as trocas realizadas com o exterior do campo, as mais importantes são as que se estabelecem com o Es-tado. O Autor argumenta que, repetidamente, a competição entre as empresas torna-se uma competição pelo poder sobre o poder do Estado (principalmente sobre os trâmites judiciais, direitos de propriedades, vantagens das intervenções Estatais, tarifas menores, inovação, modernização, etc), que é bem interessante de se observar, uma vez que na atual lógica de mercado, sempre se defende a interferência mínima do estado. Isso só nos mostra como o ingresso dos países no capitalismo leva seus Estados a desenvolverem regras sobre os direitos de propriedade, estrutura de governança, regras das transações econômicas e con-cepções de controle no sentido de estabilizar os mercados. Entretanto, devemos estar sempre atentos à este tipo de reestruturação organizacional.

Este tipo de articulação (ou até mesmo rearticulação) é uma ferramenta de gestão, tanto pelo papel retórico como pelas implicações para a organização do trabalho corporativo. Historicamente, ela estaria sendo utilizada para alterar as definições societárias e do trabalho assalariado, e pode influenciar negati-vamente outras parcelas da sociedade, em detrimento do mercado.A principal diferença entre a nova concepção de controle e a anterior seria o fato de que, na anterior, os administradores não estariam gerenciando os ativos de modo a maximizar o que veio a ser denominado de “valor do acionista”. Novamente, como estudado em sala de aula, estas estratégias resultantes da nova concepção de controle seriam de natureza financeira (demonstrando assim a ascensão do setor financeiro), mas procuram privilegiar os acionistas e não os gerentes que, na versão anterior, além de muito numerosos, recebiam salários elevados (como os CEO’s chamados de ‘’Big Cats’’). Uma importante construção da concepção de controle baseada no valor do acionista é a Governança Corporativa (GC).

Agora, em se tratando mais especificamente do setor brasileiro, podemos fazer uma análise das duas principais empresas citadas: a TAM e a GOL. No caso da TAM, logo de início, o artigo argumenta sobre quais foram os desafios entre os paradigmas que a empresa tinha antes, e os que passou a ter. A difer-ença fundamental está na ampliação dos tipos de cliente da empresa: “cliente passageiro” e “cliente investidor”. Ou seja, o foco se move para a gestão finan-ceira, e as atividades que antes eram as ‘’principais’’, passam a ficar a mercê

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desta lógica. A TAM busca, com tal política, é consolidar e ampliar a lider-ança no mercado doméstico de passageiros, obtendo alta rentabilidade (con-forme dito pela própria empresa). Essas diretrizes explicitam um processo de transição no foco estratégico da empresa, antes predominantemente focados na qualidade total e depois centrado na reengenharia das operações produtivas. Ou seja, o modelo ‘’imposto’’ pelo mercado financeiro é adotado como referência.

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