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Sistema de Bretton Woods e suas Relações com o Sistema Monetário Privado

Por:   •  23/6/2016  •  Resenha  •  1.675 Palavras (7 Páginas)  •  786 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

Para entender como surgiu o Sistema de Bretton Woods, é necessário fazer um breve - mas importante - resumo dos fatores que foram determinantes à desincronização financeira e a grave crise econômica que as nações mais desenvolvidas viveram nas primeiras décadas do século XX, que começou pelo enfraquecimento da Inglaterra perpassando pelas guerras mundiais e chegando ao ápice com a crise de 1929.

No final do século XIX era possível observar que a economia britânica passava por uma forte desaceleração econômica, uma vez que sua indústria já não acompanhava mais as inovações e avanços na tecnologia, gestão e fabricação que os americanos e alemães utilizavam em suas respectivas produções em massa. Outra ponto desfavorável era o custo da força de trabalho na Inglaterra ser superior e menos flexível ao restante das economias industriais, graças ao desempenho dos sindicatos, se comparada aos concorrentes.

Antes da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos já eram uma potência com forte desempenho econômico e autonomia, porém isso não ainda não refletia globalmente, pois o governo era considerado por muitos como protecionista e nacionalista. Porém havia pressões intrainstitucionais dos bancos, empresas privadas para uma maior abertura da economia. No âmbito mundial também havia o ensejo de uma maior expansão financeira estadunidense, pois nessa altura Nova York já era o novo centro financeiro (um posto que outrora Londres ocupava).

Após a Primeira Guerra Mundial os bancos americanos passaram a atrair a maior parte do capital financeiro, expondo a fraqueza do padrão ouro/libra diante da demanda e das crises inflacionárias vividas pela Europa. O caminho natural seria o dólar torna-se a moeda referência global, entretanto graças ao alto nível de absorção da economia norte-americana, o dolár não logrou como referencial monetário mundial. Este impasse e as fortes correntes especulativas do período culminaram na crise de 1929. Cada país passou a adotar medidas para proteger sua própria economia e estabilidade. A economia global estava despedaçada ao ponto que tornou-se prioridade para os países mais desenvolvidos adotar medidas de articulação e regras para a retomada do crescimento mundial.

2. SISTEMA DE BRETTON WOODS

Após a Segunda Guerra Mundial o sistema financeiro e comercial do mundo foi fragmentando em diversas zonas monetárias. O ouro continuou sendo o denominador comum na mensuração pecuniária e encontrou posteriormente estabilidade quando o dólar oficializou a conversão de 35 doláres a onça.

Houve muitas tentativas de uniformização do padrão monetário e multilateralismo na economia, principalmente por parte dos Estados Unidos e Inglaterra, porém sem sucesso uma vez que as ideias conflitantes sempre se sobressaiam ao interesse comum – afinal de contas, enquanto a Inglaterra (e outros países europeus) buscava superar a crise pós-guerra, os Estados Unidos queriam se firmar como a maior potência econômica e política do mundo.

Foi somente em 1944 que o sistema monetário pode ser institucionalizado e ficou conhecido como Sistema de Bretton Woods. As conferências ficaram marcadas pelas ideias opostas de Keynes (defendendo o lado britânico) e White (o lado norte-americano). Foi um embate de forças desiguais uma vez que a Inglaterra já não detinha influência ou poder de fogo para bater de frente com o poder esmagador que os Estados Unidos detinham na época. Não seria exagero definir o Sistema de Bretton Woods como uma extensão das políticas monetárias, comerciais, políticas norte-americanas – mas principalmente como mais um instrumento do interesse dos setores privados que encontravam na institucionalização uma oportunidade para extender seus domínios.

Ideologicamente o novo sistema fomentaria o crescimento mundial multilateral através do equilíbrio no fluxo do comércio internacional, adoção de um meio de pagamento como padrão monetário, além de oferecer ajuda para países em dificuldades financeiras, seja através de empréstimos ou como intermediador de empréstimos através da criação do FMI e do Banco Mundial. Para ter acesso ao financiamento os países deveriam manter “saudáveis” suas políticas monetárias e cambiais, afim de acabar com as práticas artificiais de desvalorização cambial em visando a balança de pagamentos positiva, por exemplo.

3. OBJETIVOS E OS INSTRUMENTOS DE ATUAÇÃO DO FMI

Ao analisar a trajetória do FMI, é possível entender como o Sistema de Bretton Woods não conseguiu efetivar-se como referência do sistema monetário mundial.

O auge e a crise posterior de Bretton Woods estiveram sempre associados ao destino do organismo que simbolizou em maior meda a nova institucionalidade do sistema financeiro capitalista: o Fundo Monetário Internacional (LICHTENSZTEIN; BAER, 1987, p. 35).

Sua prerrogativa era conceder auxílio econômico aos países requerentes - através de empréstimos ou articulações entre os países e os bancos privados - em busca de uma maior abertura econômica, fortalecimento da balança de pagamentos e equilíbrio das forças produtivas através da livre circulação de mercadorias e capitais. Além da ajuda financeira, o FMI deveria utilizar o padrão ouro/dólar e promover uma série de obrigações aos países para que estes alcançassem o equilíbrio de suas contas.

Os ajustes propostos pelo FMI em sua maioria era de influência liberal, apesar de ter princípios keynesianos. Ficou conhecido pela linha mais ortodoxa, pois defendia que o desequilíbro na balança de pagamentos era reflexo de alta demanda e excesso de gastos dos agentes econômicos. Focou principalmente no controle da inflação e na adoção de políticas restritivas para saldar dívidas. Esse posicionamento ficou evidente principalmente na América Latina.

Para um país ter acesso ao financiamento deveria ser obediente a uma série de políticas rígidas.

• Política Monetária: para a circulação da moeda, para mensurar riqueza e para as transações internacionais o padrão seria o ouro/dólar. Evitaria assim o excesso de moeda creditícia no mercado.

• Política Cambial: deveria ser abandonado as práticas artificiais de valorização/desvalorização da moeda em busca de uma vantagem competitiva desleal no comércio internacional ou para saldar dívidas.

• Política Salarial: O FMI corrobora a escola clássica ao sugerir que os salários sejam em função direta da produtividade do trabalho e não em valores pré-fixados.

• O governo deveria evitar ao máximo as interferências

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