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A INFLUÊNCIA NORTE-AMERICANA NA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA - GOVERNO DUTRA

Por:   •  18/10/2016  •  Artigo  •  3.234 Palavras (13 Páginas)  •  685 Visualizações

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ARTIGO
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A INFLUÊNCIA NORTE-AMERICANA NA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA - GOVERNO DUTRA

Mayara Vianna Pirasol

RESUMO:

O artigo adota como tema principal as relações entre Brasil e Estados Unidos, tendo como foco o período dos primórdios da Guerra Fria e o governo Dutra. Neste trabalho será abordada a influência estadunidense na política externa, na cultura e nas relações econômicas brasileiras neste contexto pós II Guerra Mundial, abordando também o início dessas relações entre Brasil-EUA e como estas vêm sendo importantes desde então.

PALAVRAS-CHAVE: Política externa; guerra fria; relações Brasil-EUA; governo Dutra.

INTRODUÇÃO:

As relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos vêm, ao longo do tempo, sendo de grande importância para os dois países, mas principalmente para o Brasil. Pode-se dizer que esta união começou no início da vida republicana brasileira e se prolongou pelos anos seguintes. No início do século XX foi  feito um acordo "secreto" entre os dois países, que ficou conhecido como a Aliança Não Escrita. Esta aliança se fez possível por diversos fatos ocorridos durante os anos, como por exemplo, o fato dos Estados Unidos terem sido o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil. Além disso, outros ocorridos posteriores à sua criação também foram importantes para que esta aliança fosse mantida, como a aceitação do Brasil na Doutrina Monroe. Um dos principais fatos que levaram à esta aproximação foi a questão comercial, tendo em vista que o mercado americano acabou se tornando o principal comprador de produtos e serviços brasileiros no exterior. Isso porque com o grande crescimento populacional que vinha acontecendo no continente, os norte-americanos demandavam uma maior quantidade de produtos, como por exemplo o café. Além das relações comerciais estabelecidas entre os dois países, o uso da diplomacia de ambas as partes também se tornou um pilar importante na construção desta cooperação Brasil-EUA. Durante a estadia de Rio Branco no posto de diplomata ocorre o apogeu e o declínio desta aliança. O então diplomata brasileiro tinha consciência da grandeza do protecionismo norte-americano perto do protecionismo brasileiro e também tinha consciência de que os produtos brasileiros apenas entravam livremente no território americano porque não havia, de fato, uma concorrência com os produtos produzidos internamente. Apesar disso, Rio Branco também sabia da importância deste mercado consumidor para o funcionamento da economia brasileira. As gestões pós-Rio Branco acabaram levando à um alinhamento automático entre os dois países e inauguraram um período de transformações políticas e econômicas. Algumas mudanças ocorriam no plano externo dos EUA, como a chegada de Roosevelt à presidência e a adoção de novas políticas, que acabaram afetando o Brasil e toda a América Latina. Durante a posse de Roosevelt é adotada a "política de boa vizinhança", a qual foi criada como resposta à ameaça alemã após a I Guerra Mundial. Essa política consistia, basicamente, em reforçar a presença dos EUA na América Latina através de vínculos culturais, militares, econômicos e também através da venda de tecnologia norte-americana para os países latino-americanos, esperando em troca, o apoio dos mesmos e esta era também o principal instrumento para a execução do plano de americanização (TOTA, 2005, p. 39). O "american way of life" foi ganhando cada vez mais espaço na sociedade brasileira e em todo o continente. Uma passagem de Tocqueville simplifica bem a ideia do americanismo, "... mais do que significar simples preponderância política, militar e econômica sobre a América do Sul, apontaria para um processo em que o atraso ibérico, sob o impacto das diferentes influências exercidas pelo seu vizinho anglo-saxão, se converteria 'às luzes' e se modernizaria, rompendo com os fundamentos de sua própria história." Neste contexto, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, já demonstrava um certo apoio ao Pan-Americanismo. Em 10 de novembro de 1941 Vargas fez um discurso sobre sua interpretação de qual era a missão do exército, e esta consistia em defender a nação contra qualquer inimigo estrangeiro e assegurar a ordem interna. Isso levou à união do Brasil com os Estados Unidos em relação às forças armadas, já que o Brasil estava disposto a compartilhar uma solidariedade hemisférica contando que suas forças armadas estivessem devidamente fortalecidas (MOURA, 2012, p. 47). As iniciativas militares norte-americanas no Brasil foram sucedidas por mais iniciativas culturais e econômicas. Em relação a cultura, o cinema foi de grande importância para a integração entre Brasil-EUA. Personagens como Zé Carioca simplificam como as relações culturais foram feitas. O sentimento de Pan-americanismo cresceu e se fez cada vez mais presente em toda a América Latina, se tornando um importante item na política externa dos países latino-americanos. A relação Brasil - Estados Unidos passou por alguns impasses nos anos seguintes, embora o Brasil nunca tenha deixado de apoiar os estadunidenses e tenha declarado seu apoio aos mesmos durante a II guerra mundial. Esse alinhamento feito de forma gradativa entre os dois países gerou benefícios políticos e econômicos para ambos, embora em 1945 essa união tenha se enfraquecido e seria repomada apenas no governo Dutra.

VISÃO GERAL SOBRE O GOVERNO DUTRA:

O general Eurico Gaspar Dutra, candidato da aliança entre o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), foi eleito no dia 2 de dezembro de 1945 e assumiu a presidência no dia 31 de janeiro de 1946. Graças às bases políticas formadas por Getúlio Vargas, Dutra conseguiu se tornar presidente e foi o primeiro a ser eleito através do voto direto, após o Estado Novo. Quatro dias após sua posse, no dia 4 de fevereiro de 1946, foi instalada a Constituinte e no mesmo ano foi promulgada a Constituição. Essa nova Constituição determinou a autonomia entre os três poderes (executivo, judiciário e legislativo)  e determinou também a realização de eleições diretas para os cargos executivos e legislativos estaduais, municipais e federais. Foi também reestabelecido o federalismo e a liberdade de imprensa, porém, limitou a liberdade sindical e das greves. O voto feminino foi mantido, com a alteração da idade mínima para 18 anos, e o direito de voto aos analfabetos e aos militares permaneceu negado. Pode-se dizer que no campo econômico, o Brasil acabou conseguindo um certo prestígio no cenário internacional, já que o país reconquistava os níveis de importação na medida em que as grandes nações industrializadas retomavam o antigo ritmo de produção e como o Brasil era um mercado consumidor de grande interesse, acabou absorvendo uma quantidade significativa de bens de consumo, principalmente dos Estados Unidos. Porém algum tempo depois a dívida externa brasileira voltou a crescer, já que a indústria nacional deu uma desacelerada e as reservas cambiais do país caíram. Dutra desenvolveu uma política monetarista, a qual consistia na diminuição da intervenção do Estado na economia. Inicialmente a política econômica do governo esteve centrada no controle mínimo de cada setor, na liberação do câmbio, no relaxamento das restrições à saída de divisas do país e na manutenção de um alto nível de importações, visando o combate à inflação que atingira dois dígitos anuais. A adoção destas políticas acabaram conduzindo  à um esgotamento das reservas de divisas acumuladas ao longo da Segunda Guerra, o que levou à reintrodução dos controles cambiais a partir de 1947, com o objetivo de combater a inflação e o desequilíbrio do balanço de pagamentos. Em 1948, Dutra apresentou ao Congresso o chamada Plano SALTE (iniciais para saúde, alimentação, transportes e energia), o qual tinha o objetivo de estimular e melhorar esses setores. Como efeito deste plano, criou-se a Companhia Siderúrgica Nacional e foi feita uma ampliação da rede rodoviária (tendo como destaque a inauguração da Via Dutra, a qual liga São Paulo ao Rio). Ainda sobre o desenvolvimento interno do Brasil durante o governo Dutra, pode-se destacar a reformulação do Estado Maior, a criação do Conselho de Segurança Nacional, criação da Escola Superior de Guerra, além da reformulação do ensino primário e a realização de uma bem-sucedida campanha de alfabetização de adultos. Apesar destes feitos, o governo do décimo sexto presidente do Brasil tem como característica principal o alinhamento com os Estados Unidos. Politicamente, esse alinhamento resultou no rompimento das relações diplomáticas do Brasil com a União Soviética, representando uma decisão natural dentro do contexto, já que somos um país americano que vinha dando seus primeiros passos na redemocratização, tendo os Estados Unidos como parceiros.  O alinhamento com os norte-americanos também resultou na criação de uma Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, a qual planejou a adaptação da economia brasileira às necessidades dos Estados Unidos, sob supervisão de instituições internacionais, como o Eximbank e o Banco Mundial.

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