Baseado no contexto Multicultural e Democrático: Por quê as minorias são mal representadas?

BASEADO NO CONTEXTO MULTICULTURAL E DEMOCRÁTICO:

POR QUE AS MINORIAS SÃO MAL REPRESENTADAS?

Maria Alice Marinho Fonseca Braga 1

As ideias escolhidas para o desenvolvimento do ensaio são os ideais multiculturais

do Canadense Charles Taylor. O pluralismo cultural associado aos princípios

democráticos prega a importância do reconhecimento e aceitação de culturas

diversificadas. O multiculturalismo converge com a democracia liberal uma vez que

propaga também o direito à liberdade de opinião.

O autor aborda também as reivindicações políticas que foram necessárias ao longo

da história para provar que as chamadas “minorias” sofriam discriminação social e

política. Ele cita o exemplo da luta das comunidades negras e movimentos feministas em

buscas de seus direitos civis. Esse projeto multicultural, então, visava defender e permitir

a coexistência livre e voluntária dos diferentes grupos culturais que vivem no interior de

cada país. Logo o autor deixa clara a importância de uma sociedade aberta e plural, que

são premissas também do modelo de Democracia Deliberativa.

A democracia representativa contemporânea é a forma de exercício político da

população através de seus representantes designados pelo voto do povo. É essa

participação contínua da sociedade civil por meio de argumentos e debates públicos que

fazem a democracia deliberativa. O voto, direito e razão dão a dimensão de

representatividade de grupos vulneráveis, que ascendem socialmente e ganham proteção

institucional. Este princípio está diretamente ligado ao multiculturalismo de Charles

Taylor, que demonstra a relevância de uma sociedade plural, onde os indivíduos possam

gozar do “ sentimento de existência” e viver de forma “autêntica”.

Para enriquecer o debate das questões culturais dentro de uma sociedade

democrática eu vou inserir algumas ideias abordadas no artigo “Cultura política,

instituições e experiência democrática no Brasil” (Rev. Sociol.

Polit. n.28 Curitiba jun. 2007). O artigo visa fazer uma pesquisa para identificar o

impacto que o período de vigência de instituições democráticas produziu sobre os mais



jovens da população, mas o ponto mais interessante para nossa discussão são os meios de

análise desses indivíduos que o autor do artigo aborda.

“Nas últimas décadas um considerável grupo de sociólogos e cientistas políticos

tem afirmado a importância de variáveis culturais para a explicação do surgimento,

consolidação e aprofundamento de sistemas políticos democráticos” (PUTNAM, 1996;

DALTON, 2000; INGLEHART, 2001; NORRIS, 2002; INGLEHART & WELZEL,

2005). O autor como meio de elaborar sua pesquisa, busca entender a relação entre as

diferentes crenças e valores da população com a democracia, uma vez que “os valores,

conhecimentos e crenças políticas dos indivíduos são fundamentais para a configuração

de qualquer sistema político” (ALMOND & VERBA, 1989). O autor encontra

divergências sobretudo no que se trata de identificar quais destes valores afetam mais

sobre o sistema político.

Nos estudos são identificadas diversas diferenças nas normas, valores, crenças

políticas, sociais e religiosas de diferentes nações, que se modificam ao longo da história.

Essas modificações são de extrema importância pois estão relacionadas com as

possibilidades de estabelecimento e desenvolvimento de sistemas políticos democráticos.

Assim, levando em conta esse aspecto cultural para sua pesquisa, o autor conclui a partir

da análise de estudos sobre o desenvolvimento humano que existe uma relação entre

variáveis culturais e os processos de democratização. Logo, a partir dessa interpretação

ele utiliza dados e outros métodos para concluir qual é a relação da faixa etária da

população e a forma de governo democrático no Brasil.

A partir das premissas multiculturais de Charles Taylor, da alegação de direitos

iguais da democracia representativa e da importância da cultura abordada no artigo, fica

o