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O Fenomeno Religioso

Por:   •  17/9/2019  •  Projeto de pesquisa  •  3.906 Palavras (16 Páginas)  •  143 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O fenômeno religioso é a manifestação do sagrado. É um fato universal que se encontra em todas as culturas, tempos, lugares e povos. A fenomenologia explora especificamente seu sentido, sua significação para o ser humano específico que expressou ou expressa os fenômenos religiosos.

O fenômeno pode ser representado em diversas formas e oportunidades na vida do homem: na questão do bem e do mal, da vida e da morte, na saúde e na doença, nos medos e nos ritos, nas teologias e na sua relação com a economia, na política, na liberdade, na moral e na justiça.

A origem divina da religião faz com que exista uma verdade absoluta, intocável, inquestionável, que transcende este mundo: o sagrado. Essa interpretação da religião afirma que existe um ser supremo, imortal, divino (Deus), que está no início e no fim de tudo.

Na modernidade, a partir do século XVI, desenvolveu-se um processo histórico cultural complexo de transformação de mentalidades. Realiza-se uma ruptura com a tradição medieval, através da descoberta do Novo Mundo. Surgiram então várias interpretações do fenômeno religioso, que se discute o sentido e a significação do discurso e da prática, a legitimidade das explicações teóricas e das orientações práticas da religião.  

As descobertas científicas e a ruptura com as crenças e alguns dogmas religiosos deu cada vez mais força aos pensamentos racionalistas e materialistas.

As interpretações que surgiram negam a religião como um todo. Nessa linha situam-se Ludwig Feuerbach, com sua teoria da projeção, reduzindo o “mistério da teologia à antropologia”, Karl Marx, com sua teoria da pura ilusão projetiva da alienação social (ópio do povo), completada por Sigmund Freud pela teoria da imaturidade psicológica. Para Nietzsche, a morte de Deus é a certeza de que a fé num Deus transcendente é absurda.

Ludwig Feuerbach


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Ludwig Feuerbach é reconhecido pela teologia humanista e pela influência que o seu pensamento exerce sobre Karl Marx. Abandona os estudos de Teologia para tornar-se aluno do filósofo Hegel, durante dois anos, em Berlim. Em 1828, passa a estudar ciências naturais em Erlangen e dois anos depois publica anonimamente o primeiro livro, “Pensamentos sobre Morte e Imortalidade”. Nesse trabalho ataca a ideia da imortalidade, sustentando que, após a morte, as qualidades humanas são absorvidas pela natureza. Ao atacar religiosos ortodoxos entre 1848 e 1849, anos de turbulência política, é considerado um herói por muitos revolucionários. Morreu em setembro de 1872 em Rechenberg, na Alemanha.

Feuerbach, do qual Max recebeu uma grande influência, foi o primeiro dos “mestres da denúncia” contra a religião no século passado. Desenvolve sua crítica da religião nas obras: Sobre Filosofia e Cristianismo (1839);A essência do cristianismo (1841); Princípios da filosofia do futuro (1845); A essência da religião (1846); Preleções sobre a essência da religião (1848) e Teogonia (1857).

        Para Feuerbach, a teologia deveria ser substituída pela antropologia, segundo as próprias palavras do autor: “Esta minha doutrina é simplesmente: teologia é antropologia” (Preleções Sobre a Essência da Religião, pág 23), deixa-nos cientes de que, questões teológicas recaem inevitavelmente em questões humanas, em análises e reflexões, tendo como objeto o homem em todas as suas atividades.

        Ele dizia que não foi Deus que criou o homem à sua imagem e semelhança, mas foi o homem que criou a Deus à sua imagem e semelhança.

Dali se conclui que, para Feuerbach, a religião é pura ilusão. Na religião, além disso, o homem se nega, se diminui, se escraviza, se aliena e se empobrece interiormente. Na medida em que o homem se torna religioso, ele se aliena de sua humanidade, pois atribui a Deus os tesouros de seu próprio interior: “Deus é o ser infinito, o homem é o ser finito. Deus é perfeito, o homem imperfeito. Deus é eterno, o homem temporal. Deus é onipotente, o homem impotente. Deus é santo, o homem temporal.”. “O homem pobre possui um Deus rico”. Assim Deus se torna a grande projeção do próprio homem.

Feuerbach formula, de maneira mais sistemática, sua crítica radical do cristianismo e da religião em A essência do cristianismo. A obra foi estruturada em duas partes principais. A primeira delas afirma a antropologia como verdadeira essência da religião, ao passo que a segunda afirma que teologia é antropologia.

O pilar de sustentação para suas argumentações concentra-se justamente na relação sujeito/objeto, entre o homem e o objeto religioso. Inicialmente faz uma distinção clara entre o objeto sensível e o objeto religioso, pautada estritamente na consciência que o homem possui de tais objetos.

"Na relação com os objetos sensíveis é a consciência do objeto facilmente discernível da consciência de si mesmo; mas no objeto religioso a consciência coincide imediatamente com a consciência de si mesmo. O objeto sensorial está fora do homem, o religioso está nele, é mesmo íntimo". Por isso, "a consciência de Deus é a consciência que o homem tem de si mesmo" (A Essência do Cristianismo, p. 55).

A partir deste fragmento, fica explícito o campo de atividade em que estão inseridos os tipos de consciência propostos pelo autor. No caso dos objetos sensíveis, dá-se o reconhecimento, justamente por ser caracterizada como percepção das coisas exteriores ao homem, ou seja, na práxis humana ao utilizar-se de suas capacidades sensíveis no tocar, no ver, no sentir, em relação a um objeto que esta fora de si, tal consciência permite ao homem reconhecer-se como sujeito, distinguindo-se do objeto com o qual se relaciona. Enquanto que, no que se refere ao objeto religioso, a sua existência se dá a partir da consciência de si, da sua própria essencialidade, no íntimo contato consigo mesmo.

O homem, a essência humana, é dotado de determinações puramente humanas, por exemplo, o ato de pensar, de sentir, o agir a partir de seus pensamentos e conforme os seus sentimentos.

Objetivar a essência humana consiste no momento em que o homem projeta tais determinações elevando-as aos céus, santificando-as, divinizando-as, idealizando um ente supremo que as possui e se faz valer a partir delas, ou seja, um ente divino detentor de determinações divinas, que são nada mais que determinações humanas, purificadas e libertas das limitações do homem.

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