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Resenha do livro: O mundo se Despedaça

Por:   •  6/2/2018  •  Projeto de pesquisa  •  1.397 Palavras (6 Páginas)  •  501 Visualizações

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Seminário do livro: O mundo se Despedaça, China Achebe

Aluno: Othon J. P. Rissato – História 2013/1

  1. Na última frase do livro, está o título dado por um comissário europeu represente da região: “A pacificação das tribos primitivas do Baixo Níger”, percebemos o quão estavam determinados os exploradores europeus em evangelizar a população dos Ibos. De acordo com seu modo de enxergar o que é civilizado ou não, ou melhor, em acordo com o check-list civilizacional de Braudel, por exemplo.

“Braudel faz uma distinção entre ‘civilizações’ e ‘culturas’, estando as sociedades da África Negra entre as culturas”, seria algo que ainda estava em processo de formação, “que não atingiu ainda sua maturidade” (FEEIRMAN, 1996, p.6). Colidindo diretamente com a ideia de progresso na história. Mas essa suposta superioridade europeia, ignora vários fatores, fazendo com que o check-list seja questionável, pois nas regiões dos Ibos, apresentava uma alta quantidade populacional, de grande densidade, havia o cultivo de mandioca, inhame como fonte principais de alimentos, tudo através da enxada, e não do arado devida as condições geográficas, entre outras questões que rebate os europeus em relação ao que é civilização. Principalmente seu sistema econômico e de comércio organizados em feiras, sem escrita, porém, organizado e de alta produtividade, até se transformar num comércio de exportação, onde as hierarquias irão predominar, principalmente a política e educação religiosa imposta violentamente pelo homem branco.

Assim percebemos a ironia do título dado pelo comissário, onde toda violência causada na região, destruindo o mundo de muitos, em prol da “pacificação” das “tribos primitivas”, ignorando o sistema familiar organizadas em clãs, e as tradições mantidas através de um longo processo histórico.

  1. Sabendo que existe um longo processo histórico nas “tribos” do Ibolândia, novamente não se sustenta o check-list. Pois a história não é estática, e as tradições mantidas passaram por processos de mudanças, mas percebemos que esses costumes são mantidos a fim de manter forte o clã e o sistema familiar, e vemos isso no livro em toda sua primeira parte, na educação e relação que Okonkwo tem com seus filhos, em especial o mais velho, no qual ele mais se preocupa e o faz lembrar de seu pai. O esforço que ele faz em manter sua família é toda canalizada em seu temperamento explosivo, suas características e escolhas vão determinar os acontecimentos futuros até ao seu suicídio.

Os valores impostos por esse check-list, juntamente à moral cristã, é totalmente contraria aos valores pessoais e religiosos dos Ibos (que são relacionados), mais uma ironia aqui. Pois o europeu com certeza está sendo hipócrita ao afirmar que as missões religiosas são para salvar as almas apenas, e não com a intensão de estudar a população, as dominar e assim explorar economicamente e socialmente com o que for necessário. Os missionários sempre questionaram as práticas e tradições dos próprios africanos, as classificando como profanas e barbaras, pois, envolviam praticas violentas, como o que faziam com gêmeos, ou bebes “amaldiçoados”, etc., que ferem os “bons-costumes” resumidamente.

 Hipócrita porque não levam em consideração de que se tratando de evangelizar, a violência (que foi muito maior pelos europeus, e nada equivalente aos que estavam “horrorizados”) foi fundamental nesse processo, como a imposição e instalação de interpostos comerciais, tribunal, igrejas, e uma nova administração, quebrando todo um código e costumes, dividindo opiniões entre os Ibos.

 Quem é contra o projeto dos europeus, é, portanto, contra Deus, e por isso deve ser exterminado, um exemplo disso no livro é a passagem onde o sr. Smith diz que nem todos devem entrar no reino de Deus, por serem “idólatras”, e também por já serem subjugadas, não tinham importância em salvar uma grande multidão (ACHEBE, 2009, p.206-207). Seria essa hipocrisia totalmente proposital, para dominar e explorar diretamente a região?

  1. Outra questão que demonstra a como os europeus estavam desde sempre para negociar, na medida do possível, explorar matéria prima e mão de obra, é ao chegarem em tais terras, e perguntarem pelo rei da região. No livro são os missionários que pergunta pelo rei, e recebem a surpresa respostas de que lá os valores hierárquicos são outros, ou não existem como eles entende (sendo uma cópia do reino de Deus). Pois nos Ibos há homens de grandes títulos no sentido religioso, que envolvera a sociedade como um todo, por isso a importância explicitas dos sacerdotes, dos mais velhos. E uma forma de dominação que foi eficaz, é a comparação que é feita com seus deuses, colocando a crença em discordância e em constante indagação para quem estava sendo convertido. Muitos aceitaram a conversão, e outros não, dando uma resposta violenta aos missionários e ao povo branco, no qual houve consequências horríveis também, levando a dominação da região, e ao fracasso de quem tentava manter as tradições. As populações do Ibolândia desconheciam o homem branco, não entendiam sua língua, ao contrario que o europeu os estudas gradativamente e conquistavam mais “fiéis”. O processo de evangelização foi o principal fato para a falta de resposta do povo Ibo, além da violência contra, levando a sua dominação, no qual impós suas instituições administrativas?

O homem branco é muito esperto. Chegou calma e pacificamente com sua religião. Nós achamos graça nas bobagens deles e permitimos que ficasse em nossa terra. Agora, ele conquistou até nossos irmãos, e o nosso clã já não pode atuar como tal. Ele cortou com uma faca o que nos matinha unidos e nós nos despedaçamos (ACHEBE, 2009, p.198).

  1. Esse sentimento de culpa de certo pode ter sido bem aproveitado pelos europeus. Mas o silencio e passividade da maioria, e o fato de aceitar a religião cristã, tem a haver com o temor ao homem branco? Ou seria também uma forma de fuga e oportunidade para alguns membros dos Ibos (principalmente os mais jovens que sempre são questionados no livro por estarem perdendo o respeito pelas tradições), como o filho mais velho de Okonkwo, Nwoye, contra as formas repressoras do pai, e toda pressão que sofrerá para ser o próximo homem do clã?

  1.  Umas das grandes questões discutidas na disciplina de África I , e pegando a mesma questão sobre a educação em contexto africanos da disciplina que fiz no período anterior, foi a importância e o peso que a História Oral apresenta nas discussões historiográficas, além de enfatizar o extremo valor que os testemunhos orais têm para essas sociedades, principalmente no sentido da educação e nas práticas educativas desses povos, que diferencia em muito das nossas tradicionais formas de educação institucionalizada.

E é nessa diferença que é importante ser discutidas e analisadas, pois o que houve na África no período em que ocorreu explorações, domínios, entre outras atrocidades na população, causou uma transformação radical em muitos locais do continente, ocultando vários tipos de conhecimentos históricos de muitos lugares. E sabemos que muitas dessas sociedades na África, não possuem escrita, e sim uma tradição oral muito forte e presente na vida e cotidiano dessas populações como vemos de exemplos no livro de Chinua Achebe. A oralidade possui um caráter sagrado devido as proporções que essas características atingem, muitas vezes vinculada a natureza de origens divinas e religiosas, elevando sua condição como homem, dando um significado à identidade africana, e também um sentido magico, por isso a recusa e abominação da mentira, pois poderia descarrilhar um turbilhão de acontecimentos negativos somente através da fala.

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