Produção de Texto O Drama do Amanhecer

O Drama do Amanhecer

Hoje, quando acordei, não pude acreditar que a noite já havia acabado. O relógio indicava que sim, mas meu corpo me dizia que ainda faltavam pelo menos 4 horas. Abri a janela e não restou dúvidas, meu corpo havia se enganado. Fiquei ainda na cama por uns 5 minutos, pensando se isso não poderia, de alguma forma, ser algum mal-entendido. Olhei pela janela novamente e de repente me dei conta de que não havia nada que eu pudesse fazer para evitar aquela situação. Fui pego de surpresa e tive vontade gritar. Não hesitei, enfiei o rosto no travesseiro e xinguei, xinguei o mais alto que se poderia xingar dentro de uma igreja. Isso não aliviou em nada aquele sentimento de eu não era o dono da minha própria vida. Meu corpo implorava pela cama e meu senso de responsabilidade não me deixava pregar olhos.

Aquele, era um drama inconcebível, uma batalha desesperada onde fosse qual fosse o resultado eu sairia perdendo. Olhei no relógio novamente e já havia se passado 20 minutos desde que fui despertado. Naquele ponto, eu chegaria atrasado de qualquer maneira, isso é, se eu fosse. E por um minuto eu cogitei a possibilidade de não ir, aquilo foi como mergulhar num rio de chocolate, foi simplesmente maravilhoso. Mas não durou nenhum um minuto inteiro, pois eu sabia que não tinha essa opção, todos contavam comigo e seria um erro imperdoável eu não comparecer. Novamente me veio aquela estranha vontade de gritar, mas dessa vez eu não gritei, meus olhos se encheram e eu tive a certeza de que eu não tinha o menor controle sobre a minha vida.

Estava decidido eu teria mesmo que ir, já havia se passado 40 minutos e eu não podia mais ficar enrolando. Eu teria que simplesmente ignorar as suplicas do meu corpo e fazer o que tinha de ser feito, ir. Como eu fiquei 40 minutos enrolando na cama eu teria que poupar tempo, para me atrasar o mínimo possível. Comecei a traçar um plano de ação em minha mente, pensei em todos os movimentos que faria, pensei em como fazer para poupar cada segundo. Pronto, minha meta estava traçada e se eu fizesse tudo da forma como eu planejara, não me atrasaria tanto assim. Agora é a hora. Então vamos lá. Era a hora de agir... Foi então que percebi a peça minha mente havia me pregado. E não iria levantar coisíssima nenhuma, minha mente estava apenas criando uma situação aceitável para que eu passasse mais alguns minutos na cama sem o martírio da consciência.

Neste ponto a realidade caiu diante de mim e eu não tive coo fugir dela. Eu não iria a lugar algum, a cama era o meu lugar. Eu estava ferrado e sabia disso, mas não havia nada que eu pudesse fazer, a não ser levantar e ir. Mas isso eu não faria, não porque não quisesse, simplesmente porque não podia. Forças maiores me impediam de fazer o que era necessário. Aceitei meu destino sabendo que isso ia dar a maior merda, mas pelo menos eu não teria que levantar, dane-se... A aceitação me trouxe paz e aquilo foi maravilhoso, fechei meus olhos sem peso na consciência e senti sono me carregando em seus braços maternais.

Quando eu estava a ponto de começar a sonhar eu tive um pensamento muito pertinente. Talvez não estivesse tudo perdido, talvez eu tivesse ignorado um fato importantíssimo para aquela situação. Como por exemplo, que dia é hoje? Foi a pergunta que me fiz, e a resposta poderia mudar a minha vida. Não poderia haver uma motivação maior do que aquela, eu pulei da cama e corri até o celular que estava na estante do outro lado quarto. Quando eu acessei o calendário eu não pude acreditar, conferi novamente e olhei mais uma vez na internet, só pra ter certeza. Era domingo. Eu pulei de alegria e novamente quis gritar, não, eu quis berrar de alegria. Eu podia sentir a adrenalina invadir o meu corpo e fui tomado por ela, não podia haver alegria maior que aquela, aquilo foi como pular de paraquedas.

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