TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

RESENHA CRÍTICA DO FILME "QUE HORAS ELA VOLTA"

Por:   •  7/11/2018  •  Resenha  •  1.058 Palavras (5 Páginas)  •  860 Visualizações

Página 1 de 5

RESENHA DO FILME “QUE HORAS ELA VOLTA”

A pernambucana Val se mudou para São Paulo com o intuito de proporcionar melhores condições de vida para a filha, Jéssica. Dez anos depois, a garota lhe telefona, dizendo que quer ir para a cidade prestar vestibular. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, porém o seu comportamento complica as relações na casa.

         O filme consegue confrontar o Nordeste e o Sudeste, os ricos e os pobres, o Brasil segregacionista e a ideia de união nacional.

Val é uma empregada doméstica de Recife que mora há mais de uma década na casa dos patrões. Dentro deste amplo lar de classe média-alta, Val é considerada “quase da família”, tendo criado o filho dos patrões como se fosse próprio, mas ela ainda faz as suas refeições em uma mesa separada, dorme no quartinho dos fundos (o pior cômodo da casa) e jamais colocou os pés na grande piscina onde os outros se divertem. Val é mantida numa condição totalmente serviçal. Nestes dez anos de convivência, a “patroa” nunca se interessou por sua vida, ignorando até mesmo que esta tem uma filha. A empregada doméstica foi o símbolo escolhido para ilustrar a condescendência de certa elite que “acredita sinceramente ter sido feita para ocupar tal posição”.

         O elemento que permite implodir a dinâmica familiar é a chegada de Jéssica, filha de Val, à casa dos patrões, na intenção de se preparar para o vestibular. Questionadora, ela funciona como um elemento de subversão que ressalta a artificialidade daquela estrutura, que parecia natural tanto à família quanto a Val.

O casal deixa muito claro qual é a posição e o lugar das pessoas na casa quando define quais coisas da geladeira podem ser consumidas pelos empregados e por quais ambientes podem circular. Depois que Jéssica entrou na piscina com Fabinho e seu amigo, foi mandado esvaziar e trocar a água. Atitudes que denotam a ideia de repulsa dos patrões.

        A família fica bastante surpresa ao constatar o nível de conhecimento da “filha da empregada” e mais incrédula ainda quando esta passa no vestibular e seu filho não.

O filho, “Fabinho”, é um adolescente mimado, que tem problemas de relacionamento com a mãe mas é super amoroso com Val. Ganha uma viagem de seis meses para a Austrália como um consolo por não ter obtido êxito nas provas de vestibular.

Os patrões fazem a imagem do casal rico e supostamente descolado, apesar de serem presos às convenções sociais, tendo um relacionamento superficial. Há um breve momento em que o filme trata da questão de assédio sexual quando o pai tenta maiores intimidades com Jéssica.

          A condição de Val, uma retirante do nordeste que viaja para São Paulo para ganhar a vida, lhe custou caro uma vez que sua relação com a filha é bastante distante e impessoal (não sabe para que curso ela vai prestar vestibular e muito menos que a mesma já possui um filho).

        O filme retrata também a condição de muitas mães que não acompanham o crescimento e desenvolvimento de seus filhos por conta de sua atividade profissional. O que por consequência acaba gerando inúmeros conflitos familiares. Daí a ideia do nome do filme, quando em criança, tanto a Jéssica quanto Fabinho perguntam “que horas ela volta”, se referindo à ausência da mãe. Claro que a resposta é a mesma, mas o motivo é outro, a ausência de muitas mães Bárbaras é completamente diferente de tantas outras mães Vals.

É possível que muitos brasileiros se identifiquem com este filme. Muitas pessoas poderão enxergar em tela as próprias famílias, ou as famílias de pessoas que conhecem.

Penso que a problemática do filme possa estar relacionada ao texto de Ricardo Antunes: A classe-que-vive-do-trabalho, que trata da forma de ser da classe trabalhadora hoje.

A classe trabalhadora de hoje inclui a totalidade daqueles que vendem sua força de trabalho, tendo como núcleo central os trabalhadores produtivos. Incorpora a totalidade do trabalho coletivo assalariado; Engloba também os trabalhadores improdutivos cujas formas de trabalho são utilizadas como serviços, trabalho consumido como valor de uso e não como trabalho que cria valor de troca (assalariados do setor de serviços, bancos, comércio, turismo, serviços públicos etc.).

...

Baixar como (para membros premium)  txt (6.5 Kb)   pdf (89.1 Kb)   docx (13.5 Kb)  
Continuar por mais 4 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com