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Resenha Critica: A ética E Os Custumes

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Por:   •  1/5/2013  •  2.245 Palavras (9 Páginas)  •  1.197 Visualizações

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"VALLS, Álvaro L.M. O que é Ética 9ª Edição. São Paulo: 2008. Brasiliense.

Pode-se observar que ao longo da análise da obra, o autor faz uma reflexão crítica sobre qual tipo de ciência seria a ética, baseando-se na liberdade humana. Traz discussões de ideias sobre a ética antiga, e sua relação com a religião, comportamento e valores, que associados à liberdade surgem problemas de consciência moral, do bem e do mal, de lei entre outros. Envolvendo problemas de ordem fundamental e específica, fazendo adiante a distinção da ética de outros ramos do saber. Assimilando ética, comportamento humano, ações e costumes, trazendo questionamentos diversos. Valls destaca a importância da ética inserida no cotidiano do homem, “pois na vida real eles não vêm assim separados”. No primeiro capítulo, o autor mostra os problemas, a maneira tradicional e a moderna em que os povos agiam diante da ética e da moral, já que o assunto gerava polêmica. Relacionando ética aos costumes, por exemplo, de um povo que poderia sofrer mudanças, considerando-se o que ontem era tido como errado, hoje é aceito. Tendo a ética uma função descritiva que se apoia na antropologia, costumes de diferentes épocas e lugares, esta também tem sido uma reflexão teórica. Os costumes foram reconhecidos através da história dos povos de como viviam, como se comportavam, quais normas políticas vigoravam naquela época etc. Em certos casos descobria-se a ética vigente de uma determinada sociedade através de documentos escritos, pinturas, esculturas, tragédias e comédias e formulações jurídicas, como as do direito Romano e leis de Esparta e Atenas. Assim descobriu-se que os costumes desses povos explicavam condutas e comportamentos que conhecemos hoje. Assim costumes e valores variam passando por transformações de um povo para outro.

A obra de Álvaro Valls destaca dois grandes nomes do estudo ético, Sócrates e Kant. (Sócrates, filósofo grego, condenado a beber veneno, acusado de induzir a juventude a questionar as leis). A ética vai além das leis, sendo a lei uma norma que nos diz como devemos agir, Sócrates obedecia às leis, mas as questionava em seus diálogos perguntando se estas leis eram justas. Sócrates seria o grande pensador da subjetividade.

Kant buscava uma ética que se apoiasse na igualdade dos homens, sendo esta fundamental para o desenvolvimento de uma ética universal que partiu do movimento iluminista que pregava a igualdade básica entre os homens. Sendo a ética vista como um dever ou obrigação moral. Kant achava que ética dependia da igualdade humana, buscava sempre a moral racional entre os povos, todos deveriam agir segundo a razão, a forma de um agir necessário e universal. “(...) a moral é a racionalidade do sujeito (...) porque é dever, eis o único motivo válido da ação moral", e se assim não o fosse, então “legalidade e moralidade se tornam extremos opostos”. (pág.20).

No segundo capítulo o autor faz uma reflexão sobre a natureza do bem moral buscando um princípio absoluto da conduta. Platão (lembrando que foi este quem escreveu os pensamentos de Sócrates), dizia: "Os homens deveriam procurar, então, durante esta vida, a contemplação das ideias, e principalmente da ideia mais importante, a ideia do Bem" (pág.25). A ideia do Bem traz em sua oposição, a ideia do Mal, que seria então, equivalente ao não ético, ao antiético. O sábio é um homem virtuoso estando aí o sumo do bem e para Platão a prática da virtude é a coisa mais preciosa para o homem, o sábio busca assemelhar-se a Deus. O diálogo das leis afirma que “Deus é a medida de todas as coisas”. (pág.27)

Ainda na Grécia antiga, Platão vai trabalhar os ideais do homem baseado na sua racionalidade, apontando quatro valores éticos: Nas pesquisas efetuadas (...)Platão vai organizando um quadro geral das diferentes virtudes. Sendo que as principais são: Justiça (dike) a virtude geral, que ordena e harmoniza (...)Prudência ou Sabedoria (frônesis ou sofía) é a virtude própria da alma racional, a racionalidade (...) Fortaleza ou valor (andréia) é a que faz com que (...) o prazer se subordine ao dever; Temperança (sofrosine) é a virtude (...) equivalente ao autodomínio, à harmonia individual.(pág.27) Aristóteles diz que o homem tem seu ser no viver, no sentir e na razão, o pensamento é o elemento divino no homem e o bem mais precioso. Já no terceiro capítulo aborda a relação da ética com a doutrina religiosa, onde se discute as influências de relacionamento, sexualidade e moralidade. As doutrinas procuravam orientar a vida dos indivíduos voltada para o bem às atitudes do ser humano perante a sociedade influenciava no modo em que as pessoas eram vistas. Viver de acordo com a natureza era questão moral e ter princípios religiosos era de fato, uma moral existente.

O ideal ético da Fraternidade Universal, e da Igualdade de Kant, e do próprio cristianismo, também estão atrelados ao pensamento de Marx: “O marxismo é, no século XX, uma grande tradição de preocupações éticas, onde persistem elementos do cristianismo em forma secularizada” (pág.39)

No capítulo “Os ideais éticos”, agir moralmente significaria agir de acordo com a própria consciência. Praticar o bem era importante na doutrina. Para muitos, viver de acordo com a natureza era fundamental, era como viver aos princípios de Deus. E ainda havia aqueles que achavam que o mais importante era a busca pelo prazer. A autonomia individual estaria atrelada à razão, e não mais aos dogmas religiosos como na Idade Média. É quando surge e se desenvolve a burguesia e se constroem os Estados nacionais, “(...) entre os séculos XV e XVIII, a burguesia que começava a crescer (...) acentuou outros aspectos da ética: o ideal seria viver de acordo com a própria liberdade pessoal, e em termos sociais o grande lema foi o dos franceses: liberdade, igualdade, fraternidade” (pág.45). O homem racional, autônomo, autodeterminado, aquele que age segundo a razão e a liberdade, eis o critério da moralidade.

O quinto Capítulo, aborda ética relacionando-a a liberdade humana, fato que depende do modo de pensar e agir do homem, lembrando sempre que há normas a serem seguidas e responsabilidades a serem cumpridas. Liberdade guiada pela consciência moral e que muitas vezes leva o ser humano a crises existenciais. O livre-arbítrio (livre escolha entre o Bem e o Mal), base da liberdade individual, leva-nos a outro ideal ético geral fundamental, o ideal da Liberdade. Segundo Valls, “Falar de ética, significa falar de liberdade” (pág.48). Segundo Karl Marx, ética e liberdade estão intrinsecamente atrelados, uma não existe sem a outra: “Quando (...) não há mais espaço para a liberdade e consequentemente nem para a ética”

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