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Resenha Crítica A Moreninha

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Por:   •  28/11/2014  •  1.459 Palavras (6 Páginas)  •  530 Visualizações

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Quatro estudantes de Medicina reunidos em um quarto num momento de ócio conversam sobre os sortilégios do amor. Augusto se diz um homem fiel ao seu sentimento afirmando que não se apaixona tão facilmente por uma mulher. Convidado por Felipe, juntamente com mais dois amigos, Fabrício e Leopoldo, a passarem o fim de semana na casa da avó de Felipe, D. Ana, Augusto é posto a prova. Por ele garantir aos seus colegas ser incapaz de amar uma mulher por mais de três dias, os três propõem um desafio: a partir daquele fim de semana, Augusto irá se envolver sentimentalmente com uma das moças, apenas uma, por, no mínimo quinze dias. Caso Augusto perca a aposta, terá de escrever um livro, um romance no qual contará a história do seu primeiro amor duradouro.

Esse é o enredo da obra A Moreninha, de autoria de Joaquim Manuel de Macedo, nascido em Itaboraí, Rio de Janeiro, em 24 de junho de 1820. A vida de Macedo coincidiu com os anos em que o Brasil vivia sob o regime imperial. Ás vésperas da Proclamação da Independência, Macedo presenciou os esforços de emancipação política do Brasil, acompanhou as grandes modificações pela qual passou a cidade da Corte (Rio de Janeiro), no seu esforço de modernização e morreu sete anos antes da Proclamação da República, em 1889. Esses fatos políticos, sociais e culturais serviram de base para que Macedo desenvolvesse e introduzisse no país um novo estilo literário, o Romantismo.

Lançado em 1844, a obra de Macedo é considerada o primeiro romance do Brasil. Um ano antes da publicação de A Moreninha, Teixeira e Souza havia publicado O Filho do Pescador, considerado o marco da prosa romântica no país. Porém, como a obra contava com uma trama pouco articulada, confusa e sem o acabamento formal e uma estrutura límpida, não chegou a alcançar grande êxito.

Na primeira metade do século XIX, a inseminação da cultura européia no Brasil era latente. Chegavam da Europa a moda, as revistas, os perfumes e também as idéias renovadoras do Romantismo (a cidade do Rio de Janeiro era considerada a Nova Paris), cuja proposta era a de uma literatura voltada para as raízes nacionais, expressa em linguagem simples e próxima do coloquial com valorização do folclore, das tradições e das manifestações individuais.

Ao mesmo tempo em que crescia o número de leitores no país, verificava-se o surgimento de uma vida cultural na corte brasileira. Esses acontecimentos eram resultado do gradual desenvolvimento das cidades, em especial o Rio de Janeiro. Conseqüência dessa gradual evolução social surgiram na capital do Império vários jornais, trazendo outra novidade: o folhetim. Configurado como uma simples técnica de publicação (e também uma estratégia de marketing), os jornais dependiam dessas histórias de leitura rápida e descompromissada, em que o enredo, sempre que alcançava um momento culminante (clímax) era interrompido propositalmente para que pudessem atingir seu público alvo (mulheres ricas e ociosas). Dessa forma, o folhetim alterou profundamente as características do romance enquanto gênero literário. O hábito de comentar o último capítulo de tal folhetim, de escandalizar-se com alguma cena, de sofrer por – e com – seus heróis e heroínas foi pouco a pouco se sedimentando na cultura popular brasileira substituindo o romance pelo que hoje conhecemos por telenovela. Tanto A Moreninha como outros romances de Macedo, possuem as características do romance-folhetim, gênero da narrativa que irá marcar definitivamente os primórdios do romance brasileiro.

A Moreninha segue a estrutura típica do romance romântico: a superação do herói de todos os problemas para, ao final, concretizar seu grande amor. Para isso, tal esquema segue um recurso literário relativamente incomum para a época: o uso da metalinguagem. O livro não narra apenas o nascimento do romance (no sentido de caso amoroso) entre Augusto e Carolina, mas é também a história de sua própria criação enquanto romance, forma literária consagrada no Romantismo que pressupõe uma longa história em prosa girando em torno dos desdobramentos de um enredo, envolvendo certo número de personagens. (Há certa semelhança entre os heróis e heroínas do romance com a vida particular de Macedo. Vários obstáculos o autor teve de enfrentar para conseguir a mão de sua amada, Maria Catarina Sodré, prima-irmã do poeta Álvares de Azevedo. Depois de um namoro de dez anos, Macedo conseguiu a aprovação do velho Sodré e, segundo consta, Catarina foi a moça que inspirou Macedo a criar a personagem Carolina, a moreninha mais famosa do Romantismo.)

O protagonista Augusto é um estudante alegre, jovial, inteligente e namorador. Dotado de sólidos princípios morais, fez um juramento amoroso no inicio da adolescência que retardará a concretização de seu amor por Carolina. É o impedimento de ordem moral que permitirá o desenvolvimento de várias ações até que, ao final da história, a jovem Carolina é quem revelará a Augusto a menina por quem ele jurara amor eterno (exaltação ao sentimento de amor). A caracterização de Augusto é feita por etapas. No início seus colegas o vêem como romântico e inconstante; mais tarde Augusto confessa que sua inconstância é, na verdade uma forma de disfarçar sua fidelidade a um amor não realizado.

Carolina é a personagem significativa para a criação de um mito romântico estritamente brasileiro: é jovem e “moreninha”, ou seja, morena de um tom leve e agradável, e não profundo e sedutor como outras

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