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A Ciência e Métodos e Indefinições

Por:   •  14/11/2017  •  Resenha  •  1.490 Palavras (6 Páginas)  •  348 Visualizações

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RESENHA: “Ciência. Métodos e indefinições”

CHALMERS, Alan F. O que é Ciência afinal?. Tradução: Raul Filker. São Paulo: Editora Brasiliense. 1993.

Em uma crítica ao equivocado senso comum sobre ciência, aos problemas históricos que levam ao seu mal julgamento e, sobretudo, a indefinição a respeito do que é de fato Ciência e porque ela existe, o professor de filosofia da ciência Alan F. Chalmers, em seu livro O que é ciência afinal? percorre a história da Ciência e de sua filosofia demonstrando como esta se constituiu autoridade em termos de conhecimento apresentando diversos pontos de conflito até, por fim, sugerir um caminho.

A Ciência é tanto para o leigo e quanto para o cientista fonte confiável de saberes. Como tal fato se constituiu? O que faz da Ciência isto que ela é? O que a qualifica como sendo autoridade sobre outros saberes como o senso comum e a religião, por exemplo?

Chalmers busca trazer luz sobre o tema nos quatorze capítulos que constituem seu livro, dividindo-o em três partes: a primeira detalha conceitos clássicos da ciência, como é o caso das observações experimentais, do inducionismo e da falsificabilidade, que, embora inda se apresentem nos dias atuais, são posicionamentos comuns e veementemente defendidos no passado; a segunda parte apresenta teorias mais modernas e discute o relativismo, o objetivismo, além do critério de racionalidade do conhecimento; por fim, o autor assume definitivamente uma visão mais pessoal, distanciando-se mais dos confrontos entre os posicionamentos históricos e trata da investigação de exposições que se possam chamar de cientificamente verdadeiras sobre os fenômenos naturais.

Na primeira parte, ele começa descrevendo como o raciocínio indutivo tem papel na problemática do ser da ciência. Para esclarecer seu ponto, enuncia uma concepção de senso comum que se faz da ciência rejeitando-a. Parte da visão contradita deriva dos dados da experiência, do indutivismo. Sua crítica ao procedimento tem ressalvas. Ele faz uma distinção especial classificando, por exemplo, um certo tipo de indutivismo de “indutivismo ingênuo” e o classifica como a crença que “a ciência começa com a observação” (p. 24) – posição por ele rejeitada – e diz que o raciocínio indutivo, confundido com a ciência propriamente dita, seria uma ciência “completamente equivocada e mesmo perigosamente enganadora” (p. 25).  

O autor confronta, ainda, o raciocínio indutivo com o dedutivo usando como recurso a lógica. Comparando ambos, demonstra a fragilidade dessa linha de pensamento já que um argumento pode ser uma dedução perfeitamente lógica mesmo que envolva uma premissa que é de fato falsa de modo que “a lógica dedutiva sozinha, então, não funciona como uma fonte de afirmações verdadeiras sobre o mundo. (p. 30)”.  Trata da justificação do princípio da indução, de seu recuo para o campo da probabilidade e de respostas possíveis ao problema da indução, contesta a afirmação de que o “conhecimento científico é obtido a partir de proposições de observação por indução” (p. 36). Diante do naufrágio das tentativas de justiçar a indução, outro recurso utilizado é o da probabilidade, em que o conhecimento científico não representa, em absoluto, a verdade, mas um conhecimento provavelmente verdadeiro. Porém, é notório que, embora a probabilidade por seu caráter de garantir certa previsibilidade possa atrair credibilidade ao discurso científico, o recuo ao recurso da probabilidade não satisfaz às questões em torno do tema e não o justificam.

Em seguida, Chalmers expõe o falsificacionismo como tentativa de melhorar o indutivismo e, para isso destaca suas limitações. É interessante ao modo como os aspectos da falseabilidade são revelados com clareza ao leitor e apresenta feições do método e seu principal expoente, a saber, Karl Popper, cuja falseabilidade aparece como critério limite das teorias universais – suficiente para distinguir as teorias científicas de outras enunciações, de caráter metafísico, religioso ou mesmo social.  

Chalmers se opõe a Popper. Explica pelo exemplo histórico das previsões de Nicolal Copérnico, só confirmadas depois de 70 anos. Sua oposição se destaca, ainda, diante do fato de que os conceitos de força e inércia não terem sido desenvolvidos a partir de resultados de observações e experimentos ou de falsificação ou por substituição de “conjecturas audaciosas”.

Em seguida, o texto, embora esclarecedor, ganha certo peso, pela narrativa e descrição dos posicionamentos de Imre Lakatos e de Thomas Kuhn que segundo o autor tem por diferença a ênfase de Kuhn nos fatores sociológicos.

Lakatos tem uma posição determinista, manifesta por seu “Programa de Pesquisa” que fomenta concorrência entre projetos e que tem por exigência consistência que abarque a descrição de um programa projetado em vista de pesquisa que leve à descoberta de novos fenômenos. Chalmers o critica por entender que sua concepção não estabelece os critérios para manutenção ou rejeição de programas de pesquisa, nem o tempo de degenerescência por não levar à novas descobertas. Demonstra maior tendência a concordar com a estrutura científica de Kuhn, descrita da seguinte maneira: pré-ciência > ciência normal > crise > revolução > nova ciência normal > nova crise. Segundo a obra, para Kuhn o progresso científico obedece um caráter revolucionário. Revoluções que ocorrem filiadas às novas descobertas e a aceitação da comunidade científica das descrições dos fenômenos e das novas teorias.

Após a exposição dos projetos, Chalmers volta a “confrontar” Lakatos e Kuhn  quando opõe Racionalismo x Relativismo Definidas as características das duas correntes, Lakatos é apresentado como racionalista, enquanto Kuhn é apresentado como relativista, embora se defenda desta “acusação”. Lakatos é aquele que propõe critério universal para julgar os programas de pesquisa, enquanto Kuhn propõe critérios de julgamento das teorias dependentes dos valores ou dos interesses do indivíduo ou da comunidade científica.

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