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A Escola Como Ambiente De Aprendizagem Para O Processo De Iniciação Da Prática Do Futsal

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Por:   •  6/11/2013  •  4.670 Palavras (19 Páginas)  •  1.030 Visualizações

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TÍTULO: A escola como ambiente de aprendizagem para o processo de iniciação da prática do futsal.

RESUMO

O futebol é o esporte mais praticado no Brasil. Desde sua chegada no país em 1894 até os dias atuais, sua prática, assim como o país, passou por grandes transformações. Outrora praticado e aprendido nas ruas, jogado espontaneamente por meninos descalços, hoje sua prática é restrita pelo crescimento das grandes cidades e pela insegurança das ruas.

Nos dias atuais a escola tornou-se um importante ambiente para o processo de aprendizagem, ensinado pelos professores de educação física. A questão é saber se a escola e o professor estão preparados para assimilar tal processo de aprendizagem.

PALAVRAS CHAVE: futsal, pedagogia, educação física escolar, iniciação esportiva.

INTRODUÇÃO

De acordo com uma pesquisa realizada para saber onde é o lugar que mais as crianças e jovens aprendem a jogar futsal (futebol) e foi encontrado o seguinte resultado:

“A rua ainda é o cenário principal da formação inicial destes jovens jogadores de futebol (54,8%). No entanto, a escolinha, uma instituição esportiva relativamente recente no futebol brasileiro, surge com um percentual relevante (33,9%), apontada pelos atletas como o local da aprendizagem inicial do futebol. Outros locais indicados pelos atletas foram: em casa (9,7%) e no colégio (1,1%).” (Maurício Pimenta Marques e Dietmar Martin Samulski - 2009)

Os resultados encontrados neste estudo confirmam que o futebol na rua continua sendo o principal espaço de iniciação ao futebol no Brasil, corroborando as afirmações de SALMELA, MARQUES e MACHADO (2003). No entanto, um percentual expressivo (33,9%) dos atletas afirma que aprendeu a jogar futebol na escolinha. As escolinhas parecem estar se proliferando, principalmente nos grandes centros urbanos, onde não é mais possível jogar na rua por questões de espaço e de segurança.

Referencia: Revista Brasileira de Educação Física e Esporte ISSN 1807-5509 versão

Rev. bras. Educ. Fís. Esp. v.23 n.2 São Paulo jun. 2009

OBJETIVO

O objetivo desta pesquisa é realizar uma revisão bibliográfica sobre o assunto e estruturar o conteúdo do planejamento do futsal que possibilitará a escola cumprir seu papel no processo de ensino aprendizagem da modalidade.

MATERIAIS E MÉTODOS

Será realizada uma revisão bibliográfica sobre aspectos sociais, metodológicos, técnicos e psicológicos relacionados ao futsal e sobre as orientações relacionadas nos PCN’s para a prática de esportes nas escolas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

HISTÓRIA DO FUTEBOL

De acordo com o site www.suapesquisa.com/futebol/, Charles Miller nascido no bairro paulistano do Brás, viajou para Inglaterra aos nove anos de idade para estudar. Iniciando contato com o futebol , ao retornar ao Brasil em 1894, trouxe na bagagem a primeira bola de futebol e um conjunto de regras. Podemos considerar Charles Miller como sendo o precursor do futebol no Brasil. O primeiro jogo de futebol no Brasil foi realizado em 15 de abril de 1895 entre funcionários de empresas inglesas que atuavam em São Paulo. Os funcionários também eram de origem inglesa. Este jogo foi entre FUNCIONÁRIOS DA COMPANHIA DE GÁS X CIA. FERROVIARIA SÃO PAULO RAILWAY. O primeiro time a se formar no Brasil foi o SÃO PAULO ATHLETIC CLUB (SPAC), fundado em 13 de maio de 1888. No início, o futebol era praticado apenas por pessoas da elite, sendo vedada a participação de negros em times de futebol.

HISTÓRIA DO FUTSAL

De acordo com o site www.futsalbrasil.com.br, do Rio Grande do Sul, o Futebol de Salão tem duas versões sobre o seu surgimento, como em outros esportes, há divergências quanto a sua invenção. Há uma versão que diz que o Futebol de Salão começou a ser jogado no Brasil por volta de 1940 por freqüentadores da Associação Cristã de Moços, em São Paulo, pois havia uma grande dificuldade em encontrar campos de futebol livres para poderem jogar e então começaram a jogar suas "peladas" nas quadras de basquete e hóquei. No inicio jogavam-se com cinco, seis ou sete jogadores em cada equipe, mas logo definiram o número de cinco jogadores para cada equipe.

As bolas usadas eram de serragem, crina vegetal ou de cortiça granulada, mas apresentavam o problema de saltarem muito e freqüentemente saiam da quadra de jogo. Então tiveram seu tamanho diminuído e seu peso aumentado. Por este fato o Futebol de Salão passou a ser chamado de "O Esporte da Bola Pesada".

Tendo também a versão que eles, os gaúchos, amantes deste esporte dão como a mais provável, o Futebol de Salão foi inventado em 1931 na Associação Cristã de Moços de Montevidéu/Uruguai, pelo professor Juan Carlos Ceriani, que chamou este novo esporte de "Indoor-Foot-Ball". Destaca-se em São Paulo o nome de Habib Maphuz, que muito trabalhou nos primórdios do Futebol de Salão no Brasil.

O professor da ACM de São Paulo, Habib Maphuz no inicio dos anos cinqüenta participou da elaboração das normas para a prática de várias modalidades esportivas, sendo uma delas o futebol jogado em quadras, tudo isto no âmbito interno da ACM Paulista. Esse mesmo salonista fundou a 1ª Liga de Futebol de Salão, a Liga de Futebol de Salão da Associação Cristã de Moços, tornando-se o 1º presidente da Federação Paulista de Futebol de Salão. Foi colaborador de Luiz Gonzaga de Oliveira Fernandes para a elaboração do 1º Livro de Regras de Futebol de Salão editada no mundo, em 1956.

Sendo assim temos duas conclusões, a que o Futebol de Salão nasceu na Associação Cristã de Moços, na década de 30 em Montevidéu ou na década de 40 em São Paulo.

RELAÇÃO HISTÓRICA FUTEBOL X FUTSAL

O futebol nas décadas passadas era praticado nas ruas, campos de várzea e onde houvesse espaço e uma bola concerteza havia jogo. Este esporte chegou ao Brasil por intermédio de Charles Willian Miller. O preconceito racial ainda era muito grande, lembrando que o Brasil foi o último país das Américas a acabar com a escravidão, assinando a lei Áurea que extinguia de vez esta prática aqui (1888), ou seja, faziam apenas seis anos desde a abolição, somente os homens brancos podiam jogar em clubes e em lugares mais adequados a prática esportiva.

“Aqui se narra uma história que começa com Charles Miller, no final do século XIX, e vai até os primórdios da profissionalização do futebol e da aceitação de atletas negros, a partir dos anos de 1920”. (Museu do Futebol/ SP).

Esta frase comprova o tamanho preconceito que havia no Brasil, foi passando se os anos e estas práticas foram sendo extintas e o Futebol começou a se desenvolver. Muitos ainda pensam que nós brasileiros inventamos o futebol, tamanha nossa intimidade com a bola.

“Em um país com tantos insucessos sociais, os êxitos futebolísticos foram tão grandes que tornaram as tentativas de explicação inevitáveis”. (Freire, J. B – 2006)

O futebol brasileiro foi gerado nos centros urbanos, antigamente havia espaços para jogar, jogava-se em qualquer lugar, afinal qualquer lugar era lugar, onde havia espaço livre e seguro, havia crianças brincando, havia FUTEBOL.

Nas ruas as pessoas ensinavam umas as outras (conhecimentos transmitidos de forma informal), a rua tinha sua própria pedagogia, uma pedagogia que dava liberdade, desafios e criatividade.

“Grandes civilizações existiram, certamente. Não seria eu que iria denegrir as civilizações do Egito, da China, da Índia, e mesmo da Europa na Idade média. Contudo todas estas falharam em um ponto: Limitaram a liberdade de imaginação dos jovens”. (J. Bronowski)

Junto ao Futebol se desenvolvendo, desenvolveu-se também a cidade urbana, as indústrias, a tecnologia, trazendo restrições a diversas práticas cotidianas, como: jogar bola na rua, as brincadeiras tradicionais populares e principalmente à SEGURANÇA.

Com essa escassez de espaços/campos para jogar futebol, começaram a jogar em quadras de basquete e hóquei, dando origem a uma nova modalidade chamada em sua raiz de “Futebol de Salão”.

ESPORTE ENQUANTO MODALIDADE ESPECIFICA

Tem como base o trabalho dos seguintes aspectos:

• FUNDAMENTOS TÉCNICOS (habilidades motoras de passe, condução, chute, cabeceio, recepção, marcação, drible e finta)

• TÁTICA (movimentações ofensivas e defensivas)

• PREPARAÇÃO FÍSICA (capacidades físicas)

• ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO

• REGRAS

ESPORTE COMO MEIO EDUCACIONAL

Privilegia os conteúdos relacionados à:

• O COMBATE A VIOLÊNCIA E CONSUMISMO

• AS DIFERENÇAS ENTRE MENINAS E MENINOS

• A APRECIAÇÃO E CRÍTICA

• A ATENÇÃO A DIVERSIDADE

• A UTILIZAÇÃO DE ESPAÇO

• A PROBLEMATIZAÇÃO DAS REGRAS

• OS CONHECIMENTOS PRÉVIOS

ALUNO

ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO DA CRIANÇA

A prontidão esportiva segundo MALINA (1986) (apud DE ROSE JR, 1996), é o equilíbrio entre o nível de crescimento, desenvolvimento, maturação e demanda competitiva. Portanto a prontidão para participar de competições esportivas está relacionada com a associação entre o estágio de desenvolvimento em que a criança se encontra e as demandas específicas da modalidade.

Segundo TANI ET alli (1994) quando o estágio de desenvolvimento é incompatível com as demandas da modalidade esportiva, o envolvimento pode ser problemático em termos de capacidade e esforço exigidos, podendo trazer conseqüências físicas e psicológicas indesejáveis a criança.

Para melhor compreensão das variáveis que interferem na prontidão das crianças, abordaremos aspectos do desenvolvimento, crescimento, maturação e período ótimo de aprendizagem:

DESENVOLVIMENTO

Desenvolvimento é um processo complexo de uma variedade de domínios interrelacionados, isto é, competência social, intelectual ou cognitiva e motora entre outras (MALINA, 1986, Apud DE ROSE JR, 1996).

Para BÖHME (1986), o desenvolvimento de uma criança consiste em complexas mudanças biológicas do seu organismo, ligadas a fatores psicológicos e ao ambiente que está inserida.

CRESCIMENTO

MALINA, (Apud DE ROSE JR, 1996), define o crescimento como as mudanças mensuráveis no tamanho do corpo: estatura, peso, gordura. E está relacionado com as fases cognitivas que BÖHME (1986) utilizando os conceitos de Piaget subdivide em:

• Pequena infância: do nascimento até os 2 anos de idade – período sensório motor.

• Media infância: de 2 anos até os 6 anos – período pré operacional.

• Grande infância: de 7 anos até as primeiras manifestações da puberdade, aproximadamente 11/12 anos – período de operações concretas.

• Adolescência: do inicio ao fim da puberdade, que é o atributo as mudanças biológicas que ocorrem neste período – período de operações formais. (PIAGET, Aput RAPPAPORT, 1981).

MATURAÇÃO

Maturação é um fenômeno qualitativo, traduzido por uma série de modificações na estatura, composição e morfologia corporal, que se sucedem pela idade adulta, como por exemplo, a dentição, ossificação, características sexuais, entre outras. (BÖHME, 1986).

Para MALINA (1986), (Apud DE ROSE JR, 1996), maturação é o “relógio biológico” da criança, que marca o progresso ao estado maduro e é vista como maturação esquelética, sexual e ritmo do estirão de crescimento.

PERÍODO ÓTIMO DE APRENDIZAGEM

Período ótimo de aprendizagem está baseado na noção de que certos períodos durante o desenvolvimento são os mais adequados para influenciar o comportamento e promover a aprendizagem. Antes ou após deste, qualquer esforço resulta em pouca aprendizagem. O período ótimo não é o único para todos os componentes da aprendizagem e podem diferenciar de acordo com as capacidades solicitadas como psicológica, física, social, cognitiva e as demandas específicas da modalidade esportiva (TANI et alli, 1994).

ESCOLA/ ESCOLINHA COMO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM

A evolução da sociedade pode ser considerada positiva ou negativa, depende apenas do ponto de vista.

No tempo que havia fartura de espaço para brincar, nem se pensava na hipótese de se ter uma escolinha de futebol. As escolinhas de futebol só foram criadas quando as pessoas dos grandes centros urbanos, constatando a escassez de espaços para jogar bola, perceberam que podiam reinventá-lo. (Freire – pag.2)

A INICIAÇÃO ESPORTIVA E O FUTSAL NA ESCOLA/ESCOLINHA

Diferentemente do passado, quando o brincar era mais importante, hoje participar de jogos nas ruas é muito difícil, brincar se tornou coisa rara, esses espaços na rua foram desaparecendo, as casas sendo trocadas pelos condomínios fechados, e as ruas foram trocadas pelas escolinhas esportivas e aulas de educação física.

Muitas pessoas não sabem o que é iniciação, então vamos ver o que alguns autores entendem por iniciação, e ver como devemos lidar nesse processo tão importante na vida de uma criança, pois um esporte não só vai fazer bem a saúde, mas também desenvolve a criança nos aspectos motores, cognitivos e sócios afetivos levando para a vida toda.

Segundo Lucena (2000), fala que iniciação é aprender um desporto, adequar algumas regras a esse esporte e também se adequar a algumas técnicas específicas de cada esporte.

Enquanto que Mutti (2003) se refere à iniciação como a prática de qualquer modalidade esportiva que requer determinadas condições motoras que permitem a execução de movimentos específicos e ainda um grau de habilidade para alcançar a eficiência do gesto técnico pertinente á modalidade.

Esse trabalho de iniciação requer alguns cuidados especiais, porque tudo que acontecer com essas crianças, pode marcá-las pelo resto da vida, consciente ou inconscientemente. Essa realidade aumenta a responsabilidade do profissional que irá desenvolver esse trabalho com as crianças.

Segundo Voser e Giusti (2002) algumas escolas da rede pública e da rede particular preocupam-se com o ensino da educação física desde a educação infantil e reconhecem a importância do esporte para as crianças como meio de educação e saúde.

No período escolar, podemos realizar trabalhos interdisciplinares com as demais disciplinas da escola, porque toda atividade em forma de recreação é mais atrativa para as crianças. O lúdico, o brincar é muito importante para a criança.

Já na iniciação ao futsal ou em outra modalidade esportiva se requerem determinadas condições motoras que permitem a execução de movimentos específicos e ainda um grau de habilidade para alcançar a eficiência do gesto técnico exigido na modalidade esportiva, sendo que esse grau de habilidade está diretamente ligado ao seu desenvolvimento motor.

Segundo Mutti (2003) quanto maior for à variedade de experiências motoras que a criança vivenciar, maior será o desenvolvimento motor, e o que não se adquiriu no tempo hábil do desenvolvimento motor jamais será recuperado totalmente.

Pois a iniciação ao futsal deve ser uma continuidade do trabalho de desenvolvimento motor, quando são aplicados diversos movimentos e experiências que proporcionam o aumento do acervo motor dessa criança.

Mutti (2003, p.21) cita a importância dessa continuidade no desenvolvimento motor;

Gradativamente, através da combinação de exercícios com bola e pequenos jogos, que se tornarão cada vez mais complexos, tanto em regras como em movimentos, o futsal irá se incorporando ao acervo motor da criança. Tudo isso deve ser uma continuidade do trabalho de desenvolvimento motor.

Já Lucena (2000) concorda com Mutti (2003) a respeito da progressividade, ele fala que para que ocorra um aprendizado progressivo e bem fundamentado, é importante que a criança obtenha níveis mínimos de desenvolvimento de suas qualidades físicas, cognitivas e sociais, sendo capaz de exercer total domínio sobre técnicas corporais básicas, para então iniciar os elementos das diferentes técnicas do futsal.

Lucena (2000, p.6) fala diretamente sobre esse aprendizado gradativo;

No início do aprendizado é comum que os gestos motores sejam executados de forma insegura, descoordenados e imprecisos, passando a adquirir maior plasticidade em sua execução, a partir de uma prática sistemática de atividades adequadamente planejadas, orientadas no sentido de que os gestos motores tornem-se gradualmente mais consistentes, possibilitando a execução das técnicas com mais dinamismo, precisão, eficácia e economia de função.

INICIAÇÃO ESPORTIVA PRECOCE

De acordo com Mutti (2003, p.23) existe um problema nessa iniciação de hoje em dia.

O trabalho de iniciação no futsal está um pouco distante desse ideal citado acima, principalmente nos clubes/escolinhas, visto que por ser uma modalidade esportiva de grande penetração na camada infantil, têm despertado o interesse das federações, que por sua vez, tem regulamentado e organizado competições para faixas etárias cada vez mais baixas.

Isso prejudica muito a iniciação, porque a pressão sobre as crianças em fase de iniciação é muito grande, não podendo nem desenvolver sua técnica, que os dirigentes, pais e treinadores já cobram dessa criança, pois muitas dessas pessoas consideram o resultado mais importante do que o aprendizado da criança, nem mesmo possibilitar a segunda fase da aprendizagem que seria a fixação da aprendizagem e o ensino da técnica do esporte.

Para Saad (1997) o profissional que atua com iniciação deve seguir alguns princípios pedagógicos para estabelecer uma relação entre o ensino e a aprendizagem, assim como ter alguns procedimentos básicos para propiciar um suporte didático e pedagógico às aulas/treinos e a todo método de ensino a ser passado aos alunos.

A PRÁTICA ESPORTIVA NA INFÂNCIA

A prática esportiva contribui significativamente no desenvolvimento infantil algumas pesquisas demonstram que à maioria dos pais acham que a prática esportiva é necessária desde a infância. Um estudo francês sobre este tema revela que 95% dos pais estão a favor da prática esportiva de seus filhos e 86% acham estas atividades tão importantes quanto às intelectuais.

Da mesma forma, em uma pesquisa encomendada pelo jornal esportivo francês L’Equipe, ficou claro que 67% dos entrevistados são a favor da prática esportiva diária na escola. No mesmo sentido, é o entendimento da classe médica. Foi observado que 99% dos pediatras franceses consideram positiva a prática esportiva infantil, reduzindo, no entanto esta aceitação para 74% quando a iniciação se dá antes dos 7 anos de idade (DURAND, Apud VARGAS NETO, 1999).

Para COTTA, (Apud VARGAS NETO, 1999), em geral o esporte promove a maturidade, o crescimento e o desenvolvimento na criança e no adolescente. Porém acrescenta ser perigoso o esporte de alto rendimento realizado na idade infantil. É quase unânime o acordo atual de recomendar a prática esportiva na infância, ainda que muitos entendam que pode provocar problemas quando esta prática se inicia muito cedo ou está totalmente voltada para a competição.

Para os professores de educação física, atualmente a prática das atividades físicas e esportivas contribuem positivamente também no combate da carência relativa de movimento. É uma doença caracterizada pela diminuição da capacidade funcional de vários órgãos e sistemas. Infelizmente este tipo de doença que até bem pouco tempo atingia só aos adultos, está se estendendo hoje em dia também às crianças. A vida no mundo atual libera a criança dos esforços físicos, torna as crianças preguiçosas e cômodas perante o tempo. Neste momento é necessário fazer referência aos aspectos negativos da televisão, ao desenvolvimento dos jogos eletrônicos, e a tendência das máquinas e computadores executarem as tarefas cotidianas antes destinadas ao ser humano; influencia esta que deverá acentuar-se nos próximos anos (VARGAS NETO, 1999).

MUNNÉ e CODINA, (Apud VARGAS NETO, 1999), entendem que todo este contexto colabora para manter inativas fisicamente as crianças, ocasionando deformações da coluna vertebral, aumentando seus hábitos consumistas e sua passividade perante as mensagens subliminares transmitidas pela TV. Porém, nossos corpos não estão adaptados a este nível de inatividade que a tecnologia do século XX nos permite desfrutar.

Como se pode verificar se trata de aplicar um modelo de esporte que não busque o êxito pelo êxito, nem sucesso imediato, mas sim que esteja adaptado às necessidades, características e possibilidades reais de seus praticantes. Assim se pode afirmar que no esporte infantil deve prevalecer o objetivo de contribuir na formação integral por meio da atividade esportiva (VARGAS NETO, 1999).

A COMPETIÇÃO COMO CARACTERÍSTICA DE UMA MODALIDADE

Antes de falarmos sobre a competição como característica de um jogo/esporte é necessário abordarmos: o que é jogo? o que ele possibilita? E posteriormente a competição como característica e como modalidade.

Para Silva e Gonçalves (2010) o brincar e o jogar são momentos sagrados na vida de qualquer indivíduo. É com a prática dos jogos e das brincadeiras que as crianças ampliam seus conhecimentos sobre si, sobre os outros e sobre o mundo que está ao seu redor, desenvolvem as múltiplas linguagens, exploram e manipulam objetos, organizam seus pensamentos,

descobrem e agem com as regras, assumem papel de líderes e se socializam com outras crianças. Já para Freire (2002), o jogo facilita o desenvolvimento das habilidades motoras, pois possui uma linguagem corporal que não é estranha à criança e seu desenvolvimento não apresenta características de monotonia ao contrario de exercícios propostos por alguns autores que não são adequados ao universo da cultura infantil.

De acordo com Nicolau (1994), a experiência da criança com o jogo proporciona os seguintes aspectos:

1. Contato com a realidade de forma espontânea;

2. Resolução de situações problemáticas que enfrentamos durante a vida;

3. Descobrimento de novas maneiras de exploração corporal;

4. Construção interior do seu mundo;

5. Preparando-se para um mundo socializado.

Segundo os PCN´s (vol 7, 2000) nas atividades competitivas individuais se evidenciam e cabe ao professor organizá-las de modo a democratizar as oportunidades de aprendizagem.

Já segundo MARTENS, (Apud ROBERTS, 1986) A competição é uma tentativa individual ou coletiva de alcançar determinado objetivo, atingir um padrão de excelência. É um processo de análise de desempenho dos que dela participam, à medida que conquistam ou não as metas propostas.

COMPETIÇÃO COMO MODALIDADE

A fim de um melhor entendimento sobre a competição, devemos fazer uma prévia distinção sobre os tipos em que ela se enquadra.

De acordo com TUBINO, (Apud DE ROSE JR., 1992), o esporte, segundo manifesto do esporte criado em 1964 pelo “Conseil Internationale d’ èducation Physique ET Sport”, pode ser tratado sob três perspectivas: lazer, escola e alto rendimento.

O Brasil adotou, com base neste conceito, a Lei nº 8672 de 6 de julho de 1993, definindo no artigo 3º a seguinte classificação para o esporte:

• Esporte participação: manifestação voluntária baseada na prática das modalidades esportivas visando contribuir para a integração dos praticantes na vida social, promoção saúde e educação e na preservação do meio ambiente.

• Esporte educação: que tem sua base na escola e que visa ao desenvolvimento integral do individuo e a formação para cidadania e o lazer, evitando-se a seletividade e a hipercompetitividade.

• Esporte rendimento: envolvendo as atividades com caráter competitivo, com a finalidade de obter resultados, sujeitando-se as regras pré-estabelecidas pelos organismos nacionais e internacionais de cada modalidade esportiva. (DE ROSE JR, 1996).

PROFESSOR

Segundo (autor?), o professor, pode até passar instruções de tática e técnica aos seus alunos, mas o seu papel principal é o de educador, pois exercemos a ação educativa como foco principal.

Mutti (2003) relata que ser um professor requer alguns conhecimentos científicos importantes que devem ser adquiridos durante sua formação acadêmica, visto que lidam com crianças no seu delicado período da infância e da adolescência, sendo isso uma condição indispensável, porém não suficiente. Agora ensinar quer dizer estimular uma nova forma de conduta ou modificar uma conduta, e aprender é adquirir hábitos, pois o aluno aprende muito rápido, e temos que ter noção dessa rapidez para não ficarmos defasados.

Gomes e Machado (2001) salientam que o professor tem um papel importante junto aos pais, pois cabe a esses profissionais, reeducar o pensamento desses pais, que pensam no trabalho de formação, como apenas competitiva, sugerindo meios de competição, onde o mais importante não sejam os troféus, e sim as crianças.

Os autores ainda afirmam que este profissional necessita buscar conhecimentos sobre fisiologia e anatomia da criança, para que entenda o processo de desenvolvimento físico/orgânico pelo qual está passando seu aluno, e tendo esse conhecimento como base, aprimorar e desenvolver seus métodos e sistemas de ensino, proporcionando ampla possibilidade de desenvolvimento do aluno. Já Santos Filho (2000), se refere ao professor, e treinador também, como o maestro de uma orquestra, que tem sob sua responsabilidade a regência de diferentes músicos, os quais tocam instrumentos diferentes, e são regidos e comandados pelo maestro, que lhes indica o momento certo de participarem, na qual todos atendem seu comando, e dele dependem e confiam para realizar seu trabalho da melhor forma .

Usando o exemplo de Santos Filho, e relacionando-o com o futsal, em nada será diferente o posicionamento do professor, pois ele deve conhecer seus alunos, saber identificar seus defeitos e virtudes para poder fazer intervenções quando necessário, para melhor atender as crianças, e atingir seus objetivos na iniciação.

O relacionamento entre professor e aluno é um dos pontos mais importantes no processo de formação do atleta, pois toda criança que prática um esporte se torna um atleta, e muito provavelmente um professor se tornará um treinador.

Sendo assim, os treinadores, neste processo de relação, muitas vezes desempenham o papel de pai, amigo e conselheiro, sendo ainda para muitos, ídolo e exemplo de vida. Para tanto temos que ser um exemplo dentro e fora da quadra.

Voser (1999) fala que devemos incentivar principalmente os alunos com maior dificuldade, elogiando-os a cada conquista, a cada gesto motor bem feito, e deixando para aqueles que possuem mais facilidade o compromisso de auxiliar na transmissão da sua experiência.

Oliveira (1998) concorda com Voser e ainda complementa o pensamento dele dizendo que o fato de a criança não possuir certas habilidades específicas relativas ao esporte em um determinado momento não significa que não as terá num próximo, e que não sejam aptas para a prática, e também há o contra ponto, que ele relata também que uma criança que apresenta alto grau de desenvolvimento no seu movimento não será necessariamente um atleta de alto nível.

Lucena (2000) falava dos componentes da aprendizagem, e as crianças não entendem muito esse processo de aprendizagem, e já querem logo jogar, sem saber da importância que esses fundamentos tem na sua performance mais adiante, mas temos também que dar o jogo em si para a criança, se não ela sai frustrada da aula, pois a razão maior nada mais é que o jogo.

Isso quer dizer que nós professores temos que estar atentos a esses detalhes que muito importantes na nossa aula, principalmente em si tratando de iniciação, e normalmente com crianças na faixa etária de 7 a 12 anos.

Agora, sabendo desses detalhes todos precisamos também conhecer nossos alunos, e também algumas características físicas e psicológicas, isso seria saber o perfil do aluno que estamos trabalhando nessa iniciação.

Lucena (2000, p.7) salienta bem esse tema do conhecimento do aluno;

O conhecimento do perfil do aluno possibilita a maior interação professor-aluno, pois conhecendo suas características de comportamento, limites e possibilidades, torna-se possível estabelecer uma linha de ensino adequada ás possibilidades de realização da criança.

Agora Santana (1996) fala que para uma iniciação mais adequada nós professores devíamos nos preocupar com aspectos menos técnicos e mais lúdicos para melhorar essa aprendizagem, ele diz que a ausência de posicionamento definido na quadra seria importante, pois muitas informações podem atrapalhar a criança.

A valorização das atividades lúdicas, a aquisição e desenvolvimento de múltiplas formas de movimentos e a aprendizagem dos fundamentos do esporte seria importante, e principalmente ele fala que a preocupação de formar o aluno socialmente, intelectualmente, esportivamente e motoramente seria o ideal da iniciação ao futsal.

CONCLUSÃO

Através das pesquisas realizadas e assuntos abordados neste trabalho, foi possível compreender que esta modalidade esportiva influencia de forma favorável no caráter e conduta de um aluno, desde que os métodos de aprendizagem consistam nos critérios essenciais para o desenvolvimento pedagógico e educacional.

A importância de um profissional competente que respeite os princípios é imprescindível na vida do aluno, pois o mesmo se tornará uma referencia na aprendizagem e desenvolvimento do mesmo. Para que isto ocorra é necessário respeitar a faixa etária do corpo discente, estabelecer vínculos afetivos, incentivar a motivação, transmitir apoio e segurança, entre outros.

Como já citado no decorrer do trabalho, a maioria das crianças no passado tiveram o primeiro contato com o futebol nas ruas, porém com o passar do tempo, do desenvolvimento urbano, e com falta de segurança nas ruas, notou-se a importância de uma infraestrutura adequada para este segmento esportivo, sendo assim o local ideal para a iniciação do esporte nos dias atuais é a escola.

Se o esporte for exercido de forma correta, os alunos aplicarão o conceito aprendido no seu dia a dia, respeitando ao próximo, se sociabilizando, solucionando dificuldades encontradas no cotidiano.

Conclui-se que a iniciação do futsal precisa conter o processo pedagógico bem estruturado de maneira a formar o aluno nos aspectos motor, cognitivo e sócio afetivo, preparando o para ser muito mais que um atleta, tornando-se um cidadão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• Futsal - apontamentos pedagógicos na iniciação e na especialização - Wilton Carlos de Santana;

• FREIRE, J.B. O Jogo: Entre o Riso e o Choro. Campinas: Autores Associados, 2002.

• GOMES, A. C; MACHADO, J.A. Futsal: metodologia e planejamento na infância e adolescência. Londrina: Midiogral, 2001

• LUCENA, Ricardo. Futsal e a iniciação. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.

• MUTTI, D. Futsal: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2003.

• NICOLAU, M. L. M. A Educação Pré-Escolar: Fundamentos e Didática. 7ª edição, São Paulo: Ática, 1994.

• O futsal e a escola - uma perspectiva pedagógica - Rogério da Cunha Voser e João Gilberto Giusti; Porto Alegre: Artmed, 2002.

• O negro no futebol brasileiro - Mario Filho;

• PCN’s - volume 7, 2000.

• Pedagogia do futebol - João Batista Freire;

• SAAD, M. Futsal: iniciação técnica e tática: sugestões para organizar sua equipe. Santa Maria: Ed. MaS, 1997.

• SANTOS FILHO, J. L. A. dos. Manual de futsal. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.

• SILVA, T.A.C.; GONÇALVES,K.G.F. Manual de Lazer e Recreação: o mundo lúdico ao alcance de todos. São Paulo: Phorte Editora, 2010.

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