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A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NO DESEMPENHO DA APRENDIZAGEM

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Por:   •  8/10/2013  •  9.514 Palavras (39 Páginas)  •  455 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Até recentemente, o trabalho pedagógico vinha sendo tratado como se as decisões docentes em sala de aula envolvessem apenas a dimensão cognitiva do aluno, desconsiderando-se o aspecto afetivo. No presente trabalho, procuramos mostrar a relevância da dimensão afetiva no contexto escolar, tanto nas relações que envolvem professor e aluno, quanto nas práticas pedagógicas desenvolvidas pelos docentes.

Autores como Wallon (1971) e Vygotsky (1998) defendem que, através das interações sociais os indivíduos apropriam-se dos elementos culturais construídos pelo homem ao longo da história e se desenvolvem. O conceito de mediação tem, assim, assumido um lugar central nesta teoria: é pela mediação, realizada pelo outro, que o indivíduo incorpora os modos de pensar, agir e sentir, socialmente elaborados e se constitui enquanto sujeito.

Outros autores como Tassoni (2000) e Moysés (2004) defendem a íntima relação existente entre o ambiente social e os processos afetivos e cognitivos, afirmando que ambos inter-relacionam-se e influenciam-se mutuamente.

Neste sentido, fica evidente que a afetividade está presente nas interações sociais, além de influenciar os processos de desenvolvimento cognitivo.

Podemos então supor que as interações que ocorrem no contexto escolar também são marcadas afetivamente em todos os seus aspectos, não se restringindo, apenas, às relações “face-a-face”, entre professor e aluno.

Partindo dessa premissa, elaboramos esse estudo, cujo objetivo geral é abordar a questão da afetividade nas práticas pedagógicas. A partir deste foco, traçamos como objetivos específicos as dimensões afetivas presentes nas relações que se estabelecem entre o sujeito (aluno) e os objetos de conhecimento (conteúdos escolares). Também queremos mostrar aspectos das dimensões afetivas no trabalho docente e analisar a afetividade nos processos de constituição da aprendizagem.

O trabalho está organizado em três capítulos, cada qual desdobrado em vários tópicos inerente a temática em questão.

O primeiro capítulo foi desenvolvido com o interesse de enfocar as dimensões afetivas identificadas nas práticas pedagógicas, desenvolvidas pelo professor em sala de aula, procurando mostrar como se constituem as relações que se estabelecem entre o sujeito e os diversos objetos de conhecimento.

Na seqüência, o segundo capítulo aborda claramente a questão da afetividade e sua contribuição para a promoção de uma aprendizagem significativa. Também serão discutidas as dimensões afetivas nas práticas pedagógicas, onde buscamos mostrar como o trabalho pedagógico que o professor realiza pode facilitar a apropriação dos conteúdos escolares pelos sujeitos, aumentando a chance de obterem sucesso no processo de ensino-aprendizagem.

O último capítulo é constituído de uma análise da mediação, incluindo as decisões de ensino assumidas pelo professor, e como esta influencia a relação afetiva que se estabelece entre sujeito-objeto.

Entendemos que a presente pesquisa representa uma contribuição para a comunidade acadêmica que se dedica ao tema.

1. AFETIVIDADE: FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Às vezes, mal se imagina o que pode passar a representar, na vida de um aluno, um simples gesto do professor.

- Paulo Freire

Para fundamentar adequadamente nosso trabalho, consultamos vários autores importantes para a construção de uma base teórica que dê suporte aquilo que queremos alcançar.

Pino (1978, p.130-131) defende que, “as experiências afetivas, referem-se a experiências subjetivas, que revelam como cada indivíduo é afetado por acontecimentos da vida, ou seja, pelos significados e sentidos que têm para o sujeito”. Ele afirma ainda que tais experiências repercutem na subjetividade dos indivíduos e depende do”outro”, o que torna a afetividade dependente de uma ação cultural. Em outras palavras, são as relações sociais, que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto da realidade seu contexto afetivo.

Seguindo esta mesma abordagem, Vygotsky (1993, p.130) assume uma posição teórica segunda “a qual o indivíduo nasce como ser biológico, com história filo e ontogenética, mas que, através da inserção na cultura, constituir-se-á como um ser sócio-histórico”.

Oliveira (1993, p.24) faz uma síntese das principais idéias de Vygotsky, consideradas como os pilares básicos de seu pensamento, os quais afirmam:

■ as funções psicológicas superiores tem suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral: o cérebro assumido como a base biológica do funcionamento psicológico, é entendido como “um sistema aberto e de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamento são moldados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual”;

■ o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior, as quais se desenvolvem num processo histórico: ou seja, o homem transforma-se de sujeito biológico em sujeito sócio-histórico mediante sua inserção na cultura, sendo ela, pois, essencial para a constituição das funções superiores, características do desenvolvimento humano;

■ a relação homem-mundo é uma relação mediada por sistemas simbólicos: o que coloca o conceito de mediação como central na abordagem histórico-cultural; destaca-se o papel da fala, como sistema simbólico considerado fundamental apara a constituição das diversas funções superiores e, portanto, para a constituição do sujeito.

Em outras palavras, baseado nas concepções marxistas, Vygotsky assume que a origem das funções superiores do comportamento consciente deve ser buscada nas relações que o homem mantém com sua cultura. Vale salientar, que quando ele fala de cultura, está se referindo ao grupo social que fornece aos indivíduos um ambiente estruturado, pleno de significados socialmente compartilhados, o que inclui aspectos afetivos.

Uma teoria psicológica sobre o desenvolvimento humano foi apresentada por Wallon (1971, p.45), centrada na idéia da existência de quatro grandes núcleos funcionais determinantes, que são: afetividade, conhecimento, ato motor e a pessoa. Para este autor, “o desenvolvimento é um processo de construção em que se sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva”.

Para Wallon (op. cit.p. 91), “a

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