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BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL - UMA VISÃO SOCIOINTERACIONISTA

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Por:   •  8/7/2014  •  2.750 Palavras (11 Páginas)  •  1.336 Visualizações

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A perspectiva sociointeracionista, dentre outros, Vygotsky e Wallon, considera que o desenvolvimento da criança é uma interação entre ambientes físicos sociais historicamente elaborados, sendo que os membros desta cultura, como pais, avós, educadores e outros, ajudam a proporcionar a criança participar de diferentes atividades, promovendo diversas ações, levando a criança a um saber construído pela cultura e modificando-se através de suas necessidades biológicas e psicossociais.

A partir do campo sociointeracionista, pode-se dizer que a brincadeira não é uma dinâmica interna da criança, mas uma atividade dotada de um significado social que necessita de aprendizagem. Tudo gira em torno da cultura lúdica, pois a brincadeira torna-se possível quando apodera elementos da cultura para internaliza-los e criar uma situação imaginária de reprodução da realidade. Esta reprodução não é uma cópia idêntica da realidade existente, e sim formas de satisfazer seus desejos não realizáveis e criando uma situação imaginária e ilusória, não reproduzindo somente objetos mais utilizando modelos extraídos do meio.

É incorreto dizer que a brincadeira é uma atividade sem propósito, pois justifica a atividade de brincar e determina a atitude afetiva da criança com a brincadeira. A criança é livre para determinar suas próprias ações na brincadeira e está liberdade é ilusória, pois suas ações estão subordinadas aos significado dos objetos. A situação de criação imaginária é considerada um meio do desenvolvimento do pensamento abstrato.

Segundo Vygotsky (2002, 75), “a essência da brincadeira é a criação de uma nova relação entre situações do pensamento e situações reais criando uma zona de desenvolvimento proximal”, a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, sendo como ela fosse maior do que ela realmente é, contendo todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada possuindo a função de uma grande fonte de desenvolvimento, promovendo mudanças nas necessidades e consciência. A criança se desenvolve através da atividade de brincar. Neste sentido a brincadeira pode ser vista como uma atividade condutora que determina o desenvolvimento da criança.

Para Kishimoto (2000, p. 61), Vygotsky define o brincar sendo “uma situação imaginária criada pela criança, preenchendo as necessidades que vão mudando de acordo com a idade”, dando grande ênfase ao significado do brincar atrelado ao desenvolvimento da criança, pois a criança com menos de três anos não consegue envolver em uma situação imaginária, porque ao passar do concreto para o abstrato não há uma continuidade, só através da brincadeira ela vai poder ver o objeto da maneira que ele não é, mas como desejaria que fosse. Isto acontece na brincadeira porque o objeto perde sua força determinadora, acrescentando um novo significado, pois para Vygotsky o mais importante é o gesto com o brinquedo. Pode-se citar uma criança brincando de cavalo com uma vassoura, montando e fingindo que está cavalgando, a criança está acrescentando um novo significado ao objeto, sendo este novo significado do objeto mais importante do que o próprio objeto.

Ocorre à mesma relação de significado quando se analisa a ação da criança ao brincar. Por exemplo, quando a criança bate o pé no chão e imagina-se andando a cavalo, ela está dando mais importância ao significado da ação do que a própria ação. Quer dizer, que ao brincar “uma ação substitui outra ação, assim como um objeto substitui outro objeto” (Kishimoto, 2000, p 62). A criança é livre ao determinar suas ações, mas estas estão subordinadas ao significados dos objetos e a criança age de acordo com eles ao brincar.

O brinquedo tem grande importância no desenvolvimento da criança, ocorrendo à simbolização através dos objetos, sendo a pré-condição para o aparecimento do jogo de papéis. O jogo de papéis se desenvolve a partir das brincadeiras da criança com o objeto e ocorre nos segundos e terceiros anos, envolvendo diversos objetos adquiridos no primeiro ano de vida e a novos objetos. Somente desenvolve uma atividade em relação da criança com os adultos. Após isso, a criança consegue inserir ações em suas brincadeiras, por exemplo, antes a criança só alimentava seu cãozinho, agora alimenta outros animais de brinquedo. Com o tempo estes limites vãos se expandindo e seus brinquedos deixam de ser somente uma identificação com os adultos e passam a refletir momentos individuais da sua vida. Até então, a criança só reproduz uma situação, a separação entre a ação e o objeto só ocorre quando ela reproduz a situação quando o objeto está ausente ou alguns objetos começam a ser substituído por outros. A criança dá banho na boneca com água imaginária e usa uma madeira como sabonete. A criança consegue nomeá-los sozinha e a partir desse momento, ela passa também a representar papéis da vida adulta como brincar de mãe, médico, professor, etc.

Na concepção walloniana toda atividade da criança é lúdica que ela exerce por si mesma antes de integrar-se em um projeto de ação que a subordine e transforme o meio. As atividades surgem livres, exercendo-se pelo prazer de fazê-las, mas tendem ao aperfeiçoamento, tornando-as aptas a entrarem em cadeias mais complexas.

Para a criança de um ano o ato de andar é uma atividade-fim, que se exerce por si mesma, diferente do adulto que anda para algo. Este ato de andar, parar, cair, levantar, normal de uma criança desta idade, é uma atividade lúdica, criando a sua própria ludicidade sobre esta ação. Pode-se dizer que toda a atividade motora é lúdica, pois a própria incontinência motora infantil transmite para os adultos, uma certa alegria, bastando observar os gestos que as crianças fazem quando estão comendo, sendo gestos de expressão emocional: alegria, tristeza, excitação, etc. Cabe ao adulto respeitar a ludicidade da motricidade infantil.

A ludicidade também está presente no uso da linguagem, marcado pelo ritmo e a rima, sendo um grande estímulo poético: “Na chácara do Chico Bolacha, o que se procura nunca acha”.

Para Kishimoto (2000, p. 65), “a brincadeira passa por uma evolução interligada aos aspectos do desenvolvimento infantil”. O recém-nascido brinca com suas possibilidades sensoriais nascentes; brinca de gorjear, de olhar; as suas reações não passam de brincadeiras funcionais, criando uma sensação agradável. A criança busca recuperar estas sensações, tornando-se intenção, criando um círculo intenção – ato – efeito. Este círculo gera grande importância na atividade livre, estimulando cada vez mais a criança em busca do novo.

O mesmo processo lúdico se repete várias vezes no desenvolvimento infantil.

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