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Comportamento Desviante (Ruth Benedict) e A Dádiva de dar e receber (Mauss)

Por:   •  4/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.063 Palavras (5 Páginas)  •  518 Visualizações

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Explique o que é comportamento desviante segundo Ruth Benedict.

Para a antropóloga Ruth Benedict, as configurações culturais são a “personalidade” do grupo, já que as culturas são como a psicologia individual só que em escalas de projeção maiores e temporalmente mais duradouras. Sendo assim, as configurações culturais são tão primordiais para se compreender o comportamento grupal quanto a personalidade para se entender o comportamento do indivíduo.

Nenhum indivíduo pode chegar sequer ao limiar de suas potencialidades sem uma cultura da qual ele faça parte. Inversamente, em nenhuma civilização há elemento algum que em última análise não seja contribuição de um indivíduo. (BENEDICT, 2000, p. 208)

        As culturas desenvolvem um trabalho de regulação da personalidade dos indivíduos que se encontram dentro delas. Ruth Benedict explica que as sociedades tendem a se inclinar para certos padrões de comportamento, dessa forma, a cultura escolhe aqueles traços para tornar pertencentes a sua configuração e aqueles para serem ignorados. A tendência é que o individuo assuma a inclinação presente na sua cultura e a acentue, pois, a massa cede ao padrão que lhe é apresentado e o reproduz. Então, o comportamento desviante é aquele diferente do construído “através do buraco da agulha da aceitação social”. (CASTRO, 2016)

Basicamente, o desviante segue uma direção diferente da maioria dos indivíduos pertencentes a sua cultura, e há a presença do sentimento de desajustamento dentro do seu contexto, pois esses desajustados possuem disposições que não condizem com as vigentes em sua cultura de nascimento. Vale ressaltar também que não podemos generalizar os homens desviantes, já que os mesmos não apresentam características gerais, apenas são aqueles que não se encontram dentro do padrão institucionalizado no seu grupo. Segundo a antropóloga,

Enquanto aqueles que têm respostas próprias mais próximas do comportamento que caracteriza a sua sociedade são favorecidos, aqueles cujas respostas próprias caem na área de comportamento não capitalizada pela sua cultura ficam desnorteados. Estes anormais são aqueles que não contam com o apoio das instituições de sua civilização. São as exceções que não adotaram facilmente as formas tradicionais de sua cultura. (BENEDICT, 2000, p. 212).

O comportamento desviante varia de sociedade para sociedade graças ao relativismo cultural, pois em todo globo há uma grande variedade de padrões. A antropóloga explica que as culturas são como lentes através da qual visualizamos o mundo e, dessa forma, um mesmo fenômeno pode ser enxergado de maneiras distintas dependendo do contexto em que o mesmo é observado, entendemos então que um mesmo comportamento pode ser considerado desviante em uma determinada cultura e institucionalizado como padrão em outra, sendo essas classificações resultado da determinação cultural.

Para ilustrarmos essa ideia, tomemos como exemplo os homossexuais, que em nossa sociedade ainda sofrem preconceito, violência física e psicológica por serem considerados promíscuos e/ou pecadores devido a sua forma de viver a sexualidade, que ainda é considerada pela maioria do grupo como errado ou contra os mandamentos de Deus, segundo a concepção cristã. Em contraste a isso, Ruth Benedict traz no seu livro “Padrões de Cultura”, o caso dos denominados berdache que se encontravam em certos grupos indígenas, sendo esses homens considerados indivíduos habilidosos e requisitados que executavam serviços em couro e bordados (habilidades femininas) ao mesmo tempo em que caçavam (habilidade masculina), contribuindo de forma total para o sustento e manutenção de seu lar.

        Esse exemplo da questão da homossexualidade reforça a ideia da cultura como modelador de personalidade e costume, selecionando os traços para serem integrantes da sua composição e, dessa forma, inclinando o comportamento dos homens que estão inseridos nessa sociedade.

Comente a concepção de Marcel Mauss sobre a obrigatoriedade em dar e receber

        Segundo Marcel Mauss, o que regula as trocas em diversas sociedades é a obrigação de dar, receber e retribuir. Nas sociedades antigas existiam sistemas de troca de dádivas entre as coletividades, tendo essas trocas uma grande ligação com o processo de interação social. Sendo assim, alianças podiam ser formadas ou fortalecidas através das trocas feitas por meio dos sistemas de dádiva. Vale ressaltar que as trocas dentro dos sistemas de prestações totais não se resumem a objetos ou a itens valiosos, mas engloba festas, ritos, serviços, mulheres e etc. Dessa forma, podemos entender que essas trocas transcendem o caráter econômico.

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