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O Ruth Benedict e os Padrões de Cultura

Por:   •  4/11/2021  •  Trabalho acadêmico  •  3.011 Palavras (13 Páginas)  •  184 Visualizações

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Ruth Benedict e os padrões de cultura

A “Escola de Cultura e Personalidade”, floresceu nos estados unidos no período das duas guerras mundiais, e é considerada uma das mais importantes tradições da história da antropologia. Na qual inclui autores como Edward Sapir, Ruth Benedict e Margaret Meade. A importância do conceito de “cultura”, na perspectiva de Boas, é relativizadora e não hierarquizante das diferentes culturas. Em contrapartida, o conceito de “personalidade” reflete o impacto decisivo que a psicologia e em particular a psicanálise tiveram no mundo durante esse período. Se “cultura” se reportava a conjuntos de indivíduos que adotavam a visões de mundo e seguiam estilos de vida específicos, “personalidade” referia-se a diferenças entre os indivíduos em relação a padrões de comportamento, cognição e emoção.

Ruth Benedict, estudou os índios Serrano na Califórnia e os Zuñi Cochiti e Pima nas planícies do sudoeste americano.  Seu livro mais importante foi “Padrões de Cultura”. Na qual Ruth Benedict classifica dois tipos de cultura indígenas opostas do sudoeste americano: o dos Pueblo “apolíneos” e o de várias culturas ao seu redor- “dionisíacos”. O ethos apolíneo enfatiza sobriedade e a moderação, na qual desconfia do excesso e da orgia; e o dionisíaco valoriza o excesso, tanto psíquico (sonhos, transe) quanto físico (embriaguez, uso de drogas, orgias). Desse modo, Ruth Benedict vê as culturas como projeções ampliadas da psicologia individual, dotadas de proporções e longa duração.

Configurações de Cultura na América do Norte

A acumulação de alguns retratos de corpo inteiro de povos primitivos, foi o fato mais importante na antropologia nos últimos 25 anos. É difícil relembrar a possibilidade de reconstruir uma imagem de qualquer tribo primitiva. A vasta quantidade de material antropológico disponível era francamente anedótica, como nas narrativas de viajantes, era esquematicamente dissecada e tabulada, como nos relatos de etnólogos. Nessa circunstância, o debate antropológico recorria, na época de Tylor, ao método comparativo. Em suma, mediante de seu contexto ele buscava, mediante reunião de grandes series de observações dissociadas em seu contexto, estabelecer a mente primitiva ou o desenvolvimento da religião, ou a história do casamento.

Em virtude disso, as necessidades impostas por essas situações, floresciana, assim como as escolas difusionista, que transformavam em virtude a limitação dos materiais a seu dispor e operavam unicamente com objetos isolados, nunca com cenário ou função na cultura de que provinham. As insatisfações com as abordagens teóricas dominantes podem chamar de período anedótico da etnologia.

Bruxaria, lógica e racionalidade: Evans-Pritchard entre os Azande

            As principais posições na antropologia britânica passaram a ser ocupadas, depois de Radcliffe-Brown e Malinowski, por Edward Evan Evans-Pritchard e Raymond Firth. Evans –Pritchard em 1920 e 1930 esteve entre as tribos Azande e Nuer do sul do Sudão. Diante disso, Evans-Pritchard publicou dois livros: Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande e o cânone da antropologia: Nuer.

        No capítulo, de Bruxaria, oráculos e Magia dos Azande, Evans-Pritchard analisa a onipresente crença zande na bruxaria, além de refutar a ideia, que havia uma mentalidade “primitiva” especifica, pré-lógica ou irracional, fundamentalmente diferente da mentalidade “racional” ou “cientifica” da civilização ocidental. Em seu estudo, Evans-Pritchard mostra como a crença na bruxaria tem sua própria lógica e não contradiz o conhecimento empírico de causa e efeito, mas superpõe-se a eles, na qual concede aos eventos sociais um valor moral, unindo-se, assim, a uma casualidade natural, uma casualidade mística. Os ocidentais, no entanto, não conseguiriam explicar por que duas cadeias casuais independentes se interceptam em um determinado momento do tempo e em determinado ponto do espaço, já a filosofia zande pode acrescentar, através da explicação de bruxaria, o elo que falta.

        A Noção de Bruxaria como Explicação de Infortúnios

        Segundo as concepções dos Azande, bruxos não poderiam existir. No entanto, o conceito de bruxaria fornece a eles uma filosofia natural por meio de que explicam para si mesmos as relações entre os homens e o infortúnio, e um meio rápido e estereotipado de reação aos eventos funestos. As crenças sobre bruxaria compreendem, além disso, um sistema de valores que regula a conduta humana. Segundo, Evans-Pritchard, a bruxaria é onipresente. Uma vez que ela desempenha papel em todas as atividades da vida zande: como, agricultura, pesca e caça; na vida cotidiana dos grupos domésticos, como a vida comunal do distrito e da corte.

        É um tópico importante da vida mental, desenhando o horizonte de um vasto panorama de oráculos e magia; sua influência está na lei e na moral, na etiqueta e na religião; ela sobressai na tecnologia e na linguagem. Na cultura zande, não existi nicho ou recanto que não se insinue, ou seja se uma praga ataca uma colheita de amendoim, foi bruxaria; se o mato é batido em vão em busca de caça, foi bruxaria; se a esposa está mal-humorada, tratando mal seu marido, foi bruxaria; ou seja qualquer insucesso ou infortúnio das múltiplas atividades da vida, ele pode ser atribuído à bruxaria. Os zande atribui todos esses infortúnios à bruxaria, a menos que haja forte evidência, e subsequente confirmação oracular, de que a feitiçaria ou um outro agente maligno estavam envolvidos, ou a menos que tais desventuras possam ser claramente atribuídos à incompetência, à quebra de um tabu ou ao não cumprimento de uma regra moral.

        Desse modo, dizer que a bruxaria estragou a colheita do amendoim, espantou a caça, ou ainda que, o fulano ficou doente equivale a dizer, em termos de cultura, que a colheita fracassou por motivos de praga, e a caça é escassa nessa época e que fulano pegou uma gripe. No entanto, a bruxaria participa de todos os infortúnios e é idioma em que os Azande falam sobre, e por meio do qual eles são explicados. O zande espera cruzar com a bruxaria a qualquer hora do dia ou da noite. Além disso, para os zande é de esperar que uma caçada seja prejudicada por bruxos, no entanto, eles dispõe de meios para enfrentá-los. Uma vez que quando ocorrem infortúnios, eles não ficam paralisado de medo diante da ação de forças sobrenaturais; não se põe aterrorizado pela presença de um inimigo oculto. O que ocorre é que eles fica extremamente aborrecido.

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