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Comportamento Organizacional

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Por:   •  17/3/2014  •  2.870 Palavras (12 Páginas)  •  169 Visualizações

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Comportamento Organizacional

EMPREGABILIDADE E CARREIRA

Sigmar Malvezi

Professor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo,

da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.

A sociedade dos nossos dias pode ser caracterizada pela peculiaridade de ter testemunhado, em curto espaço de tempo, a transição da engenharia de tarefas (tecnologia eletromecânica) para a globalização (tecnologia de teleinformação). Teria essa mudança um impacto significativo na formação e capacitação para os empregos? Altera-se a probabilidade de obtenção e manutenção dos empregos? Para enriquecer a reflexão produzida neste evento, vamos tratar dessas questões.

O processo de globalização consiste num conjunto integrado de mudanças que tem como dimensão ontológica a compressão do espaço e do tempo. Pela tecnologia da teleinformação, podemos manobrar máquinas distantes de nós, dar aulas a múltiplas classes, ao mesmo tempo, e realizar uma reunião na qual pessoas, embora localizadas em cidades distintas falam e discutem entre si, tentam persuadir umas às outras, como se estivessem numa reunião numa mesma sala. Essas possibilidades são exponenciadas pela associação a outros fatores a elas interdependentes. O desenvolvimento científico e tecnológico é veloz em quase todas as áreas do saber, possibilitando a contínua incorporação de nova instrumentalidade aos negócios, alterando seu equacionamento econômico. Isto implica que a manutenção e desenvolvimento dos negócios (e consequentemente, dos empregos) depende da atualização tecnológica enquanto conteúdo e enquanto velocidade de incorporação de novas tecnologias que tem potencialidade de afetar não apenas o custo e o tempo de produção, mas a incorporação de valores que melhor atendem as necessidades e expectativas dos clientes. Como conseqüência dessa contínua alimentação da competitividade através do desenvolvimento da organização da produção temos produtos mais baratos e mais acessíveis, e crédito automático estimulando, por sua vez a produção. Esse fato explica a decadência da indústria. A renovação industrial é muito cara e mais difícil de ser operacionalizada porque seus fluxos de transformação são de natureza hardware. Ao montar-se uma empresa para produzir canetas, é importante saber que seu preço de custo pode cair pela simples incorporação de uma nova tecnologia. Desse modo, essa empresa só sobreviverá se se adaptar e se produzir em maior quantidade. Essa contínua adaptação é um problema sério: basta ver que tínhamos há algumas décadas atrás 26 ou 27 indústrias de televisão no país e, hoje, elas não passam de 6 ou 7 e esse número ainda vai cair mais. Pode-se concluir desses fatos que o desenvolvimento tecnológico elimina os empregos industriais.

Essa nova condição dos negócios, altera o papel dos sindicatos. Como defensores dos empregos, os sindicatos arcam com o ônus do acompanhamento da evolução tecnológica e da vigilância sobre a atualização das empresas. Na sociedade globalizada, a manutenção dos empregos depende do ritmo da competitividade e do acompanhamento de seus passos. As regras do jogo foram alteradas, como se percebe nas freqüentes turbulências que reorganizam os mercados, dos quais os empregos dependem, por isso, em certo sentido, os sindicatos têm sido obrigados a se aliarem à classe produtora. Qual o problema que as empresas enfrentam hoje? A mesma sina dos trabalhadores: a sobrevivência. Não há empresa hoje que, em se descuidando de seu ajustamento ao mercado e às regras da competitividade, não corra riscos de sobrevivência. Todos conhecemos casos de empresas grandes ou tradicionais e sólidas que perderam rapidamente competitividade e enfrentaram enormes dificuldades para se recuperar. Por causa da necessidade de sobrevivência, a competitividade passou a ser um imperativo do qual não se pode fugir.

Por sua vez, o enfrentamento da competitividade obriga as empresas a reverem suas estratégias de produção. É difícil para qualquer negócio sobreviver (mesmo uma simples padaria) fora do binômio da automação associada a decisões artesanais. Lamentamos a automação porque ela elimina empregos, mas raros são os casos nos quais os custos de um negócio sejam competitivos sem a incorporação de fluxos automatizados de produção. Podemos constatar essa condição na análise do caso dos bancos. Entre 1990 e 2000 tivemos uma diminuição aproximada de dois terços dos empregos dos bancários com a automação dos serviços. A situação é análoga nas fábricas de automóveis e nos escritórios. Todos sabemos que o serviço público é um emprego em extinção, não se discute mais o “se” mas o “quando” vamos automatizar a máquina governamental e enfrentar a demissão de milhares de funcionários. Talvez essa decisão seja um dos mais complexos dilemas políticos que enfrentamos hoje; utilizar o dinheiro público para recuperar nossas deficiências históricas de infraestrutura de saneamento, saúde, educação e transporte, ou manter o emprego de milhares de pessoas que terão sérias dificuldades de acesso ao mercado de trabalho, por não estarem treinadas ao trabalho competitivo.

De outra parte, a contínua incorporação de novas tecnologias aos negócios, as inesperadas turbulências no mercado financeiro, as crises na produção e o manejo freqüente de símbolos e significados minaram a potencialidade dos manuais e da autoridade hierárquica. A manutenção dos resultados parciais em qualquer fluxo de transformação depende de uma avaliação das contingências “de plantão”, às quais os eventos têm que ser ajustados. Essa condição torna o trabalhador um elemento da produção mais necessário do que nunca, menos pela sua força de trabalho do que pela sua capacidade de discriminar contingências e tomar

decisões; a eficácia dos resultados depende de seus diagnósticos do aqui e agora. O trabalhador responsável está atento à variabilidade no contexto e no evento em particular como condição essencial para criar a melhor solução, capaz de resolver os problemas daquele momento. O trabalhador é chamado a realizar contínuos diagnósticos da situação e propor soluções, muito freqüentemente novas, ainda não previstas nos manuais. Não se pode mais apenas seguir as regras, mas recriá-las a cada novo evento. Em uma pesquisa que estamos realizando neste momento, a partir de resultados preliminares e parciais, pudemos constatar que em torno de 70% das pessoas entrevistadas, tanto

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