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Comunidades Quilombolas do Baixo Sul da Bahia: Elementos para um Estudo Antropológico e Turístico

Por:   •  12/7/2016  •  Artigo  •  5.257 Palavras (22 Páginas)  •  725 Visualizações

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Relatório

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Comunidades quilombolas do Baixo Sul da Bahia: elementos para um estudo antropológico e turístico

Por Isabel Brum Schaeppi e Luciano Pinho da Silva

Apresentado à Fundação Odebrecht

Julho de 2009

SUMÁRIO

  1. Introdução............................................................................................3
  2. Breve histórico regional.......................................................................4
  3. Perspectiva turística: interpretação do patrimônio e ecoturismo.........6
  4. Perspectiva antropológica : comunidades quilombolas.......................9
  5. Experiências vivenciadas em loco.....................................................14
  6. Conclusão..........................................................................................18
  7. Bibliografia.........................................................................................19
  8. Anexos...............................................................................................21

                                

I. INTRODUÇÃO

Este relatório tem por objetivo a apresentação de informações e experiências relativas às primeiras visitas realizadas nas comunidades quilombolas do Baixo Sul da Bahia. Estão situadas na APA do Pratigi que engloba o ECOPOLO 3, área definida inicialmente como o nosso local de atuação. Esse primeiro contato com as comunidades quilombolas contribuiu para identificarmos através do ponto de vista da Antropologia e do Turismo aspectos importantes, os quais precisam ser levantados e estudados para melhor analisar o modo de vida dessas comunidades. O trabalho iniciou com um planejamento direcionado para o reconhecimento histórico-cultural com o intuito de resgatar os valores artísticos e estimular a própria preservação do patrimônio ambiental e sociocultural visando à promoção do desenvolvimento sustentável através da união de quatro capitais: capital humano (formado pelas pessoas que ali vivem), capital social (formado pelas relações entre as pessoas e pelo conhecimento coletivo), capital ambiental (oferecido pela natureza), capital produtivo (combinação dessas forças para a transformação geradora de riquezas e fator de sobrevivência, crescimento e perpetuidade do grupo).

As visitas às comunidades quilombolas foram realizadas também com o propósito de levantar dados sobre as possibilidades da implementação do turismo étnico, do turismo cultural e do ecoturismo a partir de metodologias e gestão participativas. A estratégia passa a ser elaborar um projeto amplo que atenda aos anseios e necessidades das comunidades, respeitando suas características e cultura. Neste sentido, será necessário implementar oficinas participativas a serem realizadas nas comunidades quilombolas, principalmente na estância turística do ECOPOLO 3, onde estão situadas as comunidades de Boitaraca, Jatimane e Lagoa Santa.

Dentro de uma perspectiva Antropológica, entende-se como necessário se fazer um amplo e detalhado levantamento da situação socioeconômica, política e cultural das comunidades quilombolas existentes nessa região, quanto incentivar a discussão da criação de mecanismos próprios para a geração da capacidade de desenvolvimento sustentável. Associados a este objetivo maior, vinculam-se outros dois: oferecer qualificação a um grupo de jovens dessas mesmas comunidades ou ligados a elas afim de estabelecer bases qualificadas para a elaboração de investigações e intervenções futuras. Vale salientar a necessidade de um mapeamento de pessoas estratégicas para o desdobramento da pesquisa num plano qualitativo, a exemplo de presidentes de associações e cooperativas, mestres de grupos lúdico-religiosos, rezadores e rezadoras, parteiras e demais atores sociais.

Nesse primeiro período de visita de campo, bem como pesquisas e estudos realizados sobre a área observou-se o potencial ambiental, a riqueza sócio-cultural e uma forte e crescente vocação turística como estratégia de sustentabilidade regional.

II. Breve histórico regional

Maior Estado do Nordeste brasileiro, a Bahia abriga uma grande diversidade de atrativos naturais e culturais, possui a mais extensa faixa litorânea do Brasil e uma das maiores diversidades ambientais e paisagísticas do mundo. Ricos ecossistemas, belíssimas praias entrecortadas por rios e seus estuários, recifes, cachoeiras, lagoas e manguezais, desenham a paisagem da Costa do Dendê. Localidade onde se encontra a maior parte de remanescentes de mata atlântica do Estado e guarda preciosidades naturais e históricas da época do descobrimento do Brasil.

A Costa do Dendê é uma porção privilegiada do litoral da Bahia, área denominada de Baixo Sul, que abrange os municípios de Valença, Tancredo neves, Cairu, Taperoá, Nilo Peçanha, Piraí do Norte, Ibirapitanga, Ituberá, Igrapiúna, Camamu e Maraú, muitos dos quais têm na agricultura sua força econômica. É uma região muito rica que possui uma diversidade incrível na área ambiental, cultural e social.

        Situada entre as encostas íngremes e os grandes manguezais do canal de Serinhaém, cortada ao meio pelo rio Santarém, Ituberá é uma cidade importante para a região do baixo sul do da Bahia. Num dos trechos dos rio dos Cágados, na área urbana, fica a cachoeira de Castro Alves. O município de Ituberá, que inicialmente se denominava Santarém, surgiu do desenvolvimento de uma pequena vila indígena em 1758. No ano de 1909 foi elevada a cidade, passando a chamar-se de Serinhaém em 1943. E finalmente em 1944 passou-se a chamar de Ituberá que em Tupi significa cachoeira reluzente. A igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, datada da primeira metade do século XIX, é um belo monumento ao qual se tem acesso por uma longa escadaria. Construída em meados do século XVIII, a igreja de Santo André também se destaca na paisagem urbana e foi erguida em homenagem ao padroeiro da cidade. As ruínas de engenho e a forte presença da cultura negra afrodescendente evidenciam a importância da cana de açúcar em tempos coloniais. Não por acaso, portanto há no município comunidades remanescentes de quilombos.

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