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ENTRELAÇANDO OS SABERES PARA COMPREENDER A RELAÇÃO EDUCAÇÃO RURAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL

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Por:   •  4/8/2013  •  4.338 Palavras (18 Páginas)  •  779 Visualizações

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ENTRELAÇANDO OS SABERES PARA COMPREENDER A RELAÇÃO EDUCAÇÃO RURAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL

REIS, Edmerson dos Santos

Mestre em Educação pela UQAC

Universidade do Estado da Bahia

Resumo

O presente artigo pretende refletir acerca da relação educação e desenvolvimento rural, centrando o foco principal das análises no espaço da escola rural, que ao longo da história da educação tem sido a grande vitima do abandono por parte dos poderes constituídos.

Palavras-Chave: Educação brasileira; educação rural; desenvolvimento sustentável.

1.0 - Introdução

Iniciarei esse artigo lembrando da experiência de educação rural desenvolvida na Escola Rural de Massaroca, localizada na Comunidade de Lagoinha, Distrito Rural de Massaroca em Juazeiro da Bahia.

Tendo sido concebida a partir do pensamento de uma comunidade que mobilizada e organizada busca na educação mais um meio para romper com os ciclos viciosos de analfabetismo e “alienação” em que tem vivido boa parte da população do meio rural e em particular de algumas regiões do Nordeste Brasileiro, como é o caso de Massaroca, a proposta pedagógica da Escola Rural de Massaroca - ERUM, que tem como marco para a construção do conhecimento a própria realidade local, foi o caminho seguido pelos agricultores desta região, no sentido de dar respostas ao baixo nível de escolarização e de exclusão social a que tem sido submetida boa parte da população e através da mesma conquistar a cidadania camponesa, algo que se mostra tão distante de muitos que habitam a região rural do Brasil.

Trazer essa experiência para a partir dela problematizar a relação educação e desenvolvimento local sustentável é fundamental para nortear as discussões que pretendemos desenvolver ao longo desse trabalho.

2.0 - A compreensão da Educação Brasileira

Para maior entendimento, a educação brasileira está sendo conceituada aqui, a partir da definição contida na LDB 9394/96, que no seu Artigo 1º defini-a como: “aquela que abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais". (art.1)

Dentro dessa maneira legal de compreender a Educação, dá pra entender que a Educação Brasileira apenas considera 'os processos formativos' acima citados como educação, mas não se refere aos métodos de ensino que deveriam ser a ponte que traria para dentro da Escola esses processos, colocando uma longa distância entre o que se estabelece enquanto lei e o que de fato se desenvolve em sala de aula, como se o texto legal, por si só daria conta disso.

Compreender e considerar que o cidadão não se forma sozinho é entendê-lo como fruto de um processo formativo que começa desde cedo, ainda enquanto embrião no útero da mãe, e que esse processo tem continuidade no convívio familiar, no meio social, na rua, nas relações com a natureza, com o trabalho, com a cultura, com os movimentos sociais e com a própria Escola, que, ao invés de dar continuidade a esse desenvolvimento, coloca-lhe as barreiras, pois o seu espaço apenas será o lugar responsável pela formação do cidadão para o mundo do trabalho e adequando-o à sociedade.

Nesse entendimento, a função da Escola passa a ser apenas a de fornecer o ensino, e não a de continuação da formação do indivíduo, transformando-se numa instituição sem vida e distante da realidade do aluno, pois as suas preocupações centrais são o cumprimento das horas-aulas exigidas pelo Ministério da Educação e a transmissão dos conteúdos programáticos.

Nessa lógica, a escola desconsidera a riqueza que seria trabalhar os diversos conhecimentos e processos vividos e experienciados pelos alunos, preferindo deixar essa riqueza distante das práticas pedagógicas, para trabalhar um conteúdo sem vida e descontextualizado.

É contrário a essa lógica que compreendemos a escola, como um espaço privilegiado de troca de saberes e significações humanas que se determinam na construção histórica, tendo as suas bases no seio da cultura, e em seu caráter dinâmico as práticas educativas do ensino formal e informal, oferecendo aos sujeitos a descoberta de novos lugares e sentidos para as suas vidas. Nessa ótica, a Educação estará sempre buscando e propondo o novo, mais sempre considerando o processo vivido, como bem colocado por Araújo (sl,sd), ao afirmar que, "Das raízes do mundo existente, a educação estará sempre propondo a utopia - a construção do que ainda não existe, com a sensibilidade de consciência crítico-criadora dos seus atores, no estofo de um corpo senciente e pensante, como diria Marleau-Ponty." (p.2)

Essa compreensão de Educação nos remete à origem do vocábulo “educação”, que etimologicamente vem do latim “educere”, que significará “conduzir”, levar as pessoas para fora de onde estão.

“Nesse sentido, a educação nasce nos espaços histórico-culturais em que estamos existindo na tessitura do cotidiano, sendo um processo de apropriação e compreensão desse mundo próprio, denso de significados e que vai nos possibilitando alargar fronteiras na descoberta de novos lugares e mundos que farão despontar novos sentidos para a nossa existência individual e coletiva”. Araújo (p.3)

Porém, ao buscarmos ações concretas do governo brasileiro no que se refere o pensar a Educação enquanto universalização e consideração dos saberes, abrangendo os processos formativos, percebemos uma grande contradição: basta percebermos as etapas de elaboração, divulgação e implantação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), já que o “parâmetro” , como o próprio nome sugere, deveria ser um referencial para pensarmos e desenvolvermos a prática pedagógica, e na verdade, eles se constituíram basicamente no “currículo mínimo” adotado nacionalmente, (de norte a sul e de leste a oeste do país) por um ato oficial, como se fosse possível a homogeneização da Educação num país tão imenso e tão cheio de contradições e diversidades como o nosso.

Os PCN’s também possuem uma postura por demais autoritária, imposta verticalmente, pois não levam em conta as práticas educacionais desenvolvidas pelos professores que, de fato, são os agentes que estão no dia-a-dia das escolas e conhecem as facilidades e dificuldades de aprendizagem

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