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Filme Falado

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Por:   •  11/10/2013  •  2.914 Palavras (12 Páginas)  •  299 Visualizações

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1ª PESQUISA

A viagem de Rosa Maria, professora de História em uma universidade portuguesa, e sua pequena filha Maria Joana, do Porto de Lisboa a Bombaim na Índia apresenta trajetória da constituição do Ocidente. A cada grande cidade ou local de evento relevante, a professora relata a criança os feitos políticos, os principais combates, os atos de resistência, a grandiosidade da arte. O filme de Manoel de Oliveira, lançado em 2003, guarda bons momentos de silêncio na observação de arquiteturas ou esculturas, no navio que rompe o mar. Mas, como deixa claro o título da película, o falar predomina, expõe tanto o brilhantismo como as fraturas da civilização ocidental.

Numa cena no navio encontramos o comandante interpretado por John Malkovich, uma mulher de negócios (Catherine Deneuve), uma atriz e ex-modelo (Stefania Sandrelli) e uma intelectual grega (Irene Papas) jantando de maneira cordial, diferentes línguas se compreendendo, mesmo com conflitos ideológicos e visões de mundos distintos. Um jantar multinacional, no qual, mais tarde, a professora e sua infante farão parte. A criança rouba a cena, como renovação da vida, ela obtém todas as atenções. Porém, em um mundo em franca decadência, de políticas autoritárias, de dificuldade de comunicação, desarmonia religiosa e terrorismo.

O cineasta português realizou uma obra envolvente de ritmo lento, mas veemente em suas implicações históricas que culmina num final desolador, impactante, lembrando que a comunicação que conecta as diferentes construções culturais, políticas, religiosas, parece desrespeitada, corroída, gasta, no qual a história se empalidece, equivocada em sua autoridade e vítima da imoderação daqueles que a exaltam e daqueles que a depreciam. E o futuro, infante como a menina Maria Joana, parece sombrio diante de um conhecimento que acumula beleza e barbárie em eqüidade.

Publicado em: 04 julho, 2008

Fonte: http://pt.shvoong.com/entertainment/movies/1824703-um-filme-falado/#ixzz1Km8IHjof

2ª PESQUISA

Um filme que celebra a humanidade, valorizando tanto o seu passado mas também com um olho no presente, em direção ao futuro.

Um Filme Falado é, como o próprio nome sugere, sobre o problema da comunicação. A comunicação entre os povos, entre ideologias, as barreiras lingüísticas, a história como um instrumento de articulação entre o passado e o presente, o homem com seus mitos e logos, a continuidade pela transmissão de conhecimento, o cinema com o espectador. Diversas questões são postas em pauta durante o longa, o que rende diferentes interpretações e discussões sem fim, e a atualidade gritante do tema que certamente transformará este filme daqui a algumas décadas em um retrato antropológico de nossa época, dita a grande força dele em não simplesmente expor suas idéias, mas constantemente dialogar conosco.

Rosa Maria é uma professora de história de uma universidade em Portugal, e segue com sua filha pequena, Maria Joana, em um cruzeiro ao redor das civilizações, a fim de ensinar seu ofício à filha e aprender com os locais sobre os quais sempre lecionou, mas nunca conheceu. Passamos então por Marselha, Nápoles, Atenas, Istambul, Egito e Aden, com a viagem planejada para terminar em Bombaim, onde as duas se encontrariam com o marido. A cada cidade, uma explicação breve sobre a história local e suas lendas, como na explicação do ator português Luís Miguel Cintra no Egito, sobre Napoleão e as pirâmides. Ficamos cara a cara com as muralhas destes antigos impérios, o esmagador peso de milênios de história nos fitando onipresentes, como que gritando "ainda não acabou!". A história também comporta o presente, está em constante mutação, algo que Oliveira deixa claro com planos alongados para além da ação quando, após vermos os monumentos históricos gregos, nos deparamos com um plano da cidade atual, um mar de prédios e ruas, similar aos de Nápoles, Marselha e Lisboa.

Este é o presente; os restos são ruínas de tempos gloriosos que se foram, juntos com os mitos, agora mais mitos do que nunca. As estátuas de Dom Henrique, o ovo do castelo de Nápoles, os deuses gregos, a mesquita turca, a Esfinge quebrada; o ocidente se desvencilhou de suas crenças para abraçar a tecnologia. Numa hora, Rosa explica para sua filha que não temesse o futuro da Grécia, pois, mesmo sem a estátua da deusa Atenas, eram os gregos quem protegiam os gregos, mas ela falha em perceber que esses guardiões sagrados derrotados protegeram não os cidadãos, mas o povo, a sua cultura. Tudo que restaram foram vestígios, e tudo que nos resta é imaginar o que um dia foi a marca dessa cultura, como os turistas fazem nas ruínas de Pompéia.

Entretanto, a medida que o filme caminha, vamos mudando de cenário. Não é a toa que, das seis cidades visitadas, a terceira seja Atenas e a quarta Istambul; o berço do ocidente e a porta de entrada do oriente. Os vestígios de tecnologia vão se esgotando e conseguimos distinguir um lugar do outro mais facilmente, culminando em Aden, uma cidade tipicamente muçulmana. Nela, podemos ver a situação contrária e o choque cultural é instantâneo. Isso devido, em grande parte, ao Canal de Suez, tomado por Rosa e Maria Joana no Egito. Ao cortarem caminho por dentre a terra, evitando toda a África subsaariana da rota original de Vasco da Gama, elas dão um enorme passo entre o último resquício de ocidente e o oriente, e esse conflito cultural e ideológico é posto a prova no final. Rosa Maria explica à filha um pouco sobre as guerras do passado, entre os gregos e os turcos e, quando questionada, responde tranqüilizando a garota de que a guerra entre o ocidente e o oriente, mas se equivoca novamente ao se esquecer de que as manivelas da história não páram, e elas também são seres no tempo.

Aliás, a pequena Maria Joana, que a princípio pode torrar a paciência do público com suas perguntas freqüentes, típicas da infância, acaba por se revelar a figura mais sensata do filme. Suas perguntas, que podem soar como uma desculpa para que a mãe a explique (e, por tabela, também nos explique) os detalhes dos locais por onde passam, são na verdade uma afronta a mãe que, por diversas vezes, se vê encurralada pela língua ácida da filha e obrigada a responder qualquer coisa, estabelecendo de cara um problema de comunicação entre as gerações. Ela é uma professora de história, mas parece estar presa ao passado, enquanto Maria Joana está experimentando o presente a todo momento.

Durante a passagem pelo Canal de Suez, temos uma mudança nos rumos narrativos

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