IDENTIDADE, AÇÃO E ATUAÇÃO DO PROFESSOR DE DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

IDENTIDADE, AÇÃO E ATUAÇÃO DO PROFESSOR DE DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

GEVAEL JUNIOR FURINI^[1]

SILVANA PEREIRA SÃO CYRILO^[2]

RESUMO

Nesse artigo temos como intuito refletir acerca da formação dos professores atuantes no Ensino Superior, assim como salientar a importância de sua formação didático- pedagógica. A formação docente para o exercício no ensino superior tem sido objeto de discussões e questionamentos, uma vez que os conhecimentos inicialmente adquiridos são específicos de cada área, havendo deficiência da formação docente específica para o exercício do magistério a nível superior. Os cursos e programas de pós-graduação, mestrado e doutorado dão ênfase à pesquisa e pouca importância à formação pedagógica. Desse modo, pretende-se que essa pesquisa contribua para as discussões no preparo do docente no ensino superior, ressaltando à necessidade da formação continuada para a aquisição de saberes e metodologias pedagógicas, repensando a concepção de que ensinar se resume apenas na transmissão de conteúdos, sem refletir e aperfeiçoar as ações e práticas educativas. Trata-se de uma pesquisa exploratória, fundamentada por meio de leituras de obras e textos de autores renomados na área de educação, tais como Libâneo (1994; 1999; 2004), Saviane (1998), Caldeira (1995), Masetto (1998; 2002) e Pimenta e Anastasiou (2002).

Palavras-chaves: Ensino Superior. Formação Docente. Formação Didático Pedagógica. Teoria e Prática Educativa.

1 INTRODUÇÃO

Em meio aos desenvolvimentos e mudanças nos diversos âmbitos da sociedade, especialmente, na aquisição e transmissão do conhecimento, é importante avaliar a formação docente. Esta têm sido uma questão bastante discutida, principalmente no que diz respeito a atuação, formação, identidade e práticas indispensáveis a este profissional, como também, as maneiras de avaliar com êxito suas competências no exercício da docência. Os insucessos na educação e a falta de profissionais devidamente qualificados para o exercício docente, contestadores, pragmáticos às adversidades desta profissão e, maiormente, frente ao grande avanço nas pesquisas científicas, são temas muito debatidos no meio educacional no Brasil, em especial à educação superior.

Acreditamos que as análises acerca da educação institucional não devem estar desvinculadas da formação e atuação profissional, uma vez que constituídas por intermédio da relação entre o profissional docente e o aluno, sendo fundamental sua formação e busca do aprimoramento didático-pedagógico. É importante que o profissional da educação anseie inovar suas práticas de ensino-aprendizagem, adquirindo conhecimentos sobre métodos de ensinar, buscando transpor as dificuldades para as inovações, proporcionando-lhe uma identidade distinta na docência do ensino superior. No entanto, nos indagamos: os professores que atuam no ensino superior possuem formação docente necessária para o desenvolvimento da sua prática pedagógica? Objetivamos, desse modo, refletir acerca de algumas questões na docência do ensino superior, tais como a ação de ensinar o conhecimento específico, acrescida do conhecimento didático-pedagógico, bem como as perspectivas no aprimoramento da prática docente, considerando que a prática desse profissional é responsável pela formação de diferentes áreas do saber.

2 IDENTIDADE DO PROFISSIONAL DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR

Devido a diversidade de profissionais de formações distintas e com conhecimentos de origem heterogênea, os requisitos à identidade do profissional universitário acabam, ocasionalmente, não sendo suficientemente estabelecidos para a formação do corpo docente da instituição, o que pode provocar confusões quanto às funções docentes exercidas na instituição e na sociedade. Apesar da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, de 1996, Lei nº 9.394 determinar que a formação ocorra em programas de mestrado ou doutorado, ainda, não há uma formação inerente para professores universitários (BRASIL, 1996). Tais cursos não visam proporcionar uma formação pedagógica e sim de pesquisadores, o que evidencia a ausência de políticas públicas necessárias para a formação de professores para atuar no ensino superior destinada à prática docente (SOARES; CUNHA, 2009).

Para o exercício da docência nos níveis de ensino Fundamental e Médio a formação pedagógica é inerente e necessária. Da mesma forma, que é importante essa formação para professores não licenciados, ou seja, profissionais bacharéis ou tecnólogos para o exercício da docência nos níveis de ensino Profissional de Nível Técnico, para lecionar disciplinas relacionadas a sua área de formação, também, deveria ser vista do mesmo modo, para os profissionais do ensino superior e, em todos os níveis da docência. De acordo com Oliveira; Silva (2012, p. 198),

[...] deveria ser parte integrante do processo institucional de admissão e de desenvolvimento profissional por meio de formações continuadas de professores para a atuação na Educação Profissional e no Ensino Superior, pois sabemos que nesse processo de admissão, independente do nível de titulação que o professor apresente (graduação, mestrado, doutorado) o conhecimento das especificidades do ensino e da aprendizagem nessas áreas são imprescindíveis ao exercício docente.

Segundo Murilo (2004) comumente os professores recuperam suas experiências e conhecimentos adquiridos ao observar seus professores enquanto discentes ou pedem ajuda a outros professores mais experientes. Essa situação torna-se perceptível na formação do docente do ensino superior, quando

[...] os professores de maneira geral só contam com sua iniciativa pessoal e sua bagagem experiencial para ir construindo e desenvolvendo suas teorias sobre o ensino e aprendizagem dos alunos. Ao longo de sua vida foram interiorizando modelos e rotinas de ensino que se atualizam quando enfrentam situações de urgência onde tem que assumir o papel de professor sem que ninguém/nada o tenha preparado para tal (MURILO, 2004, p. 4).

Para o autor, situações como a reprodução de métodos, o emprego de meios pedagógicos e o espelhamento de seus professores enquanto alunos, recuperando e interpretando suas ações em sala de aula, ocorrem especialmente no início do exercício da docência. Embora os professores universitários possuam conhecimentos em suas áreas específicas, ou largo embasamento teórico, há, comumente, a predominância da ausência de preparo e/ou, melhor conhecimento científico daquilo que efetivamente é um processo de ensino e de aprendizagem e dos conhecimentos no exercício da docência (PIMENTA; ANASTASIOU, 2002).