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Indisciplina Na Escola

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Por:   •  13/6/2013  •  1.586 Palavras (7 Páginas)  •  993 Visualizações

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O COTIDIANO ESCOLAR E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR: PERPLEXIDADES E ALTERNATIVAS FRENTE AO

FENÔMENO DA (IN)DISCIPLINA

FORSTER

Falar de disciplina /indisciplina é falar de um fenômeno complexo, multifacetado e que não encontra sentido único. Esta questão tem ocupado um espaço cada vez maior no cotidiano escolar e vem se tornando um desafio para professores e gestores educacionais que não sabem o que fazer para impedir ou minimizar estes conflitos presentes desde a educação infantil até o nível superior, nas instituições de ensino públicas ou privadas e que se manifestam nas relações dos alunos entre si, dos alunos com os professores e com o ambiente físico, situações que precisam ser resolvidas em sala de aula, de um modo geral, entre o professor e o aluno.

Esta temática, com multiplicidade de causas e efeitos, tem sido estudada ora sob o enfoque psicológico, ora sob o enfoque sociológico. Esta investigação examina a questão da disciplina/indisciplina pedagogicamente e, mesmo considerando os limites e restrições deste olhar, procura contextualizar a temática entendendo-a no cotidiano da escola, com todos seus rituais e condicionantes, inserida em um espaço-tempo mais amplo: a sociedade brasileira do século XXI e suas dissonâncias sócio-político-culturais.

Tomar a indisciplina e outros comportamentos disruptivos como fenômenos complexos ditados pelos novos tempos pedagógicos significa conceber a relação professor-aluno como necessariamente conflitiva. Mais ainda: significa concebê-la como um continente sempre mutante e deveras distinto das monocórdias imagens que acalentamos sobre a ambiência escolar (AQUINO, 2003, p. 16).

Escola e disciplina (tanto do ponto de vista do saber, como de comportamento) sempre estiveram associadas, desde os meados do século XIX, com a institucionalização da escola como aparelho reprodutor do estado, pela implantação da racionalidade moderna e com a emergência dos modos de produção industrial, em que passa ser valor respeitar horários, hierarquias, regras. O que muda hoje? Aquilo que se concebia como escola, como aluno já não mais se sustenta! Tínhamos alunos da elite, “naturalmente” disciplinados e casos de indisciplina, quando existam, eram pontuais, eram questão de comportamento, eram individuais. Hoje, esta discussão passa a ser entendida como uma questão social e mais complexa. Portanto a escola não pode mais (se é que pode algum dia) dar conta da “disciplina” da mesma forma como antes o fazia o que, talvez, a deixe, e a todos que nela estão, perdidos. Temos avançado, enquanto educadores, na compreensão de que a escola precisa ser um espaço aberto e que é um espaço conflitual, entretanto, como fazê-la assim, se sempre foi sinônimo de regulação? Quais energias emancipatórias mobilizar e como, num lócus tão perversamente condicionado e condicionador dos sujeitos que aí vivem? Ao mesmo tempo, como buscar soluções para a (in)disciplina, não só nas suas causas e conseqüências, e sim, sem “pré-conceitos”, na compreensão do que a mantém e pereniza?

Portanto, dizer que tratar do tema (in)disciplina implica em lidar com fenômeno complexo, multifacetado, e que assume diferentes significados, não pode imobilizar-nos e deixar de constituir um instrumento para produzir conhecimento.

A excessiva simplificação do problema da (in)disciplina, por outro lado, e a falta de distância crítica em relação à naturalização do conceito, são agravados pelos discursos alarmistas, instigados através da mídia na opinião pública, o que gera na escola e nos professores um mal-estar e um constrangimento evidente à discussão da temática.

Vivemos hoje a perda do espaço da escola (a TV e a INTERNET impõe-se); os professores, por sua vez, sentem-se, cada vez mais “incompetentes” para dar conta de todas as solicitações, intensificando seu trabalho e regendo-se por uma lógica de consumo dos saberes escolares e de diversificação de públicos que habitam as escolas. Frente a tudo isto e assistindo a violência “explícita como moeda de troca nas relações sociais” ante a violência como “novo código da sociabilidade”, é fundamental repensar a função da escola e do educador (OLIVEIRA, 1998, p. 230).

É dentro deste contexto que se faz necessário discutir acerca de questões como autoridade/disciplina/liberdade. Que autoridade/disciplina/liberdade deve ser desempenhada para auxiliar as pessoas na decifração do mundo? Será a que tem por base a força ou a que tem por fundamento a ética, a competência, o diálogo? Como entender e desvelar causas estruturais que provocam marginalização e exclusão? Como perceber a realidade cercada por contradições sócio-históricas, condicionadoras de concepções e práticas de vida? Como construir referenciais que auxiliem na percepção e análise de processos autoritários? Como falar em liberdade hoje, nas condições em que os homens se encontram?

Todos estes questionamentos acompanham a investigação, que tem um enfoque qualitativo, usando os princípios de pesquisa-ação, embasada substancialmente no diálogo freireano. A sustentação teórica considera estudos sobre a temática a) (in)disciplina/autoridade/ poder/autoritarismo, liberdade/licenciosidade, ordem/desordem, limites/exigência/ rigidez/rigor/, principalmente nas obras de Paulo Freire (1982, 1985, 1994, 1996, 1997, 2000), Gomercindo Ghiggi (1992, 2002), Bourdieu (1989), D’Antola (1987), Aquino (1999, 2003), Estrela (1986,1994), Foucault (1993) e Correia e Matos (2001), b) escola, nas obras de Apple (1997,1999), MacLaren (1991,1998, 1999), Giroux (1998), Xavier (2002) e c) Prática docente em Freire (obras já citadas), Tardif (2002).

A parte empírica envolve diálogos e discussões sobre concepções e práticas docentes (visões de educação, ensino, aprendizagem, (in)disciplina), leituras de livros, textos e relatórios de pesquisa que tratam da temática e/ou da abordagem metodológica da pesquisa-ação, entrevistas semi-estruturadas, individuais e coletivas, análise de registros e documentos, observações e diário de campo.

Portanto, o objetivo central deste projeto, no diálogo com supervisores, orientadores educacionais e professores da rede municipal de Montenegro, é promover discussões que (re) signifiquem o papel do professor como autoridade pedagógica, ética e competente e, ao mesmo tempo, o papel da escola enquanto espaço formativo. Acreditamos que, para além de atender a esta rede de ensino, que buscou a parceria espontaneamente para estas discussões, os resultados deste trabalho, juntamente com outras pesquisas já realizadas, poderão se estender não só a outras redes, como às Universidades

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