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Modelo de Resenha Atualizado

Por:   •  24/6/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.893 Palavras (8 Páginas)  •  196 Visualizações

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RESENHA

BAUMAN, Zygmunt. A riqueza de poucos beneficia todos nós ? Rio de Janeiro: Zahar, 2015.

É certo que as grandes revoluções que o mundo passou e o avanço da tecnologia surgiram com o discurso encantador de progresso, que por sua vez são compreendidos implicitamente como promotores de igualdade e justiça. Porém esse pensamento é ligeiramente superado após uma análise mesmo que superficial dos índices de distribuição da riqueza pelo mundo.

Bauman nos propõe refletir sobre o problema da riqueza e da sua distribuição ao apresentar dados estatísticos de comparação de países ricos e pobres pelo mundo, como o abismo que separa a Qatar do Zimbábue, aquele 428 vezes mais rico do que esse. Ressalta-se que esses dados são uma média, logo a desigualdade real entre os indivíduos é bem maior.

Outro exemplo é o da população dos Estados Unidos em que a média de renda dos 10% mais ricos é de 14 vezes maior do que a dos 10% mais pobres, o que nos leva a refletir sobre a relação existente entre a distribuição de renda e a qualidade de vida, uma vez que serviços essenciais como alimentação, saúde e educação só podem ser obtidos mediante uma renda que permita alcança-los.

  1. O QUANTO SOMOS HOJE DESIGUAIS?

Para que se possa entender esse problema é necessário o auxílio de alguns dados estatísticos, tais como o número de bilionários nos Estados Unidos, que aumentou 40 vezes nos últimos 10 anos, logo, a riqueza combinada das 100 pessoas mais ricas do mundo é quase duas vezes maior que aquela dos 2,5 bilhões mais pobres.

Além do mais, 20% da população mundial detinha 86% de todos os bens produzidos no mundo, enquanto os 20% mais pobres consumiam apenas 1,3% dessa riqueza, sendo que após quase 15 anos esses 20% mais ricos passaram a deter 90% da riqueza, enquanto o segundo grupo apenas 1%.

Esses são apenas alguns dados que nos levam a pensar que com o passar do tempo ao invés da desigualdade diminuir ela tem aumentado expressivamente, mesmo apesar de se notar uma clara aproximação entre as economias mundiais os indivíduos nacionais ainda convivem com os males provocados por pertencerem a uma classe inferior, ficando esse problema mais evidente nos países subdesenvolvidos e emergentes como o Brasil, que em 2012 os 10% mais ricos concentravam 46% da riqueza, enquanto os 40% mais pobres detinham apenas 13,3%, isso representa um abismo de 12,6 vezes. (Fonte: notícias.terra.com.br)

Isso reflete diretamente no modo e na qualidade de vida dos indivíduos da classe inferior que sem perceberem são dirigidas por um determinismo social que os levam a permanecer nessa situação, como no caso comparado do filho de um advogado que possui 27 vezes mais chances do que o filho de um funcionário subalterno, sendo que por mais que os dois sejam submetidos por um período de tempo às mesmas condições de ensino, o primeiro teria mais chances de chegar com 40 anos ao grupo dos 10% mais ricos, enquanto o segundo teria uma em oito chances de ganhar uma renda mediana. Logo, o meio em que o indivíduo se desenvolve, bem como as oportunidades a ele ofertadas influenciam diretamente na renda que sua família terá futuramente.

Além do mais, as próprias pessoas têm alimentado essa disparidade, criando meios de segregação social, sejam através de escolas particulares com altas mensalidades ou em condomínios longe de bairros pobres, cujos quais estão relacionados diretamente a alta concentração de criminalidade.

Nesse sentido, no Brasil ao passo que o governo cria mecanismos de redução da desigualdade através de programas habitacionais, esses têm se tornado meio de segregação social, pois são construídos, em sua grande parte, em áreas distantes dos núcleos urbanos criando um núcleo de pessoas igualmente pobres, os quais carecem de infraestrutura, de saneamento básico e de segurança, sendo transformados em centros de concentração da pobreza.

Consoante a isso, há o discurso utilitarista que a desigualdade é justificável, pois as pessoas mais ricas contribuem mais para a sociedade, ou que aquelas que ganham mais é porque são mais talentosas, no entanto esse é apenas um discurso de conformação, pois empreendedores potenciais muitas vezes não conseguem crédito bancário por não possuírem garantias, ou ainda, jovens talentosos não conseguem desenvolver suas habilidades por falta de educação de qualidade.

Portanto, diante de tais dados é possível afirmar que há argumentos consistentes que nos levem a crer que a riqueza de poucos beneficia a todos nós? Apenas pelos dados expostos de antemão já podemos responder com certeza que não.  

  1. PORQUE TOLERAMOS A DESIGUALDADE?

Após as primeiras impressões sobre a desigualdade que prevalece na sociedade em todo mundo, é necessária uma reflexão sobre as razões que nos levam a aceita-la. Bauman nos traz alguns desses motivos como a crença no destino, no curso natural da vida, pois assim como uns ficam altos e outros baixos, uns nascem brancos e outros negos, de igual modo uns nascem pobres e outros ricos, logo isso é próprio da natureza, do destino.

Porém, apesar de parte desse argumento ser verdadeiro, as escolhas realizadas pelo indivíduo são influenciadas por fatores externos como a mídia, a ideologia, e as tecnologias que têm sido usadas comumente como meio de conformação e bestializarão, impedindo o indivíduo de refletir sobre sua condição.

Contudo, ao tirar o véu da ignorância percebe-se facilmente que o discurso em favor da desigualdade é utilizado para manter a dominação à classe subalterna, nesse sentido nota-se que as justificativas como: o elitismo é eficiente, a exclusão é normal e necessária e a desesperança é inevitável, trata-se de grandes absurdos e que são no mínimo inaceitáveis.

Logo, é necessário esclarecer que deve prevalecer nas escolhas é o caráter do indivíduo, que por sua vez possui a capacidade de influenciá-lo e lapidá-lo, pois é fruto da sua autonomia, liberdade e escolha de resistir a dominação ou submeter-se a ela.

  1. ALGUMAS GRANDES MENTIRAS SOBRE AS QUAIS PAIRA MENTIRA MAIOR AINDA.

Nesse momento é necessário apresentar certos mitos que são contados para acalmar os ânimos e promover a aceitação da desigualdade social. São eles: o crescimento econômico é o único meio de solucionar os problemas que a coabitação humana exige; o aumento permanente do consumo como a efetiva maneira da sociedade buscar a felicidade; a desigualdade entre os seres humanos é natural; a rivalidade é necessária à justiça e a produção da ordem social.

O primeiro mito é facilmente refutado pelo autor, pois diante dos dados já expostos fica claro que o crescimento econômico só beneficia os mais ricos, uma vez que a maior parcela dos lucros ficam com eles, logo, o problema não está na obtenção da riqueza, mas na sua distribuição, pois tal crescimento não traz um futuro promissor para os mais pobres por esses não fazerem parte desse ganho. Além do mais em períodos de crises esses sãos os que mais sofrem, pois os sacrifícios propostos para a recuperação da economia são geralmente a redução da proteção aos trabalhadores e o aumento de impostos, por sinal essa têm sido a proposta do governo brasileiro.

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