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O Vale dos esquecidos

Por:   •  5/7/2018  •  Resenha  •  854 Palavras (4 Páginas)  •  313 Visualizações

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O documentário, gravado por Maria Raduan, em 2010, abrange um momento de conflito por terras, ocorrido na década de 1970, tentando entender esta disputa e colocando-se no lugar dos índios, posseiros, fazendeiros e as pessoas do movimento sem-terra. A fazenda Suiá Missú, surge em 1970, sendo considerada a maior fazenda do mundo, tendo em vista seus 1,5 milhões de hectares, comparado a 100 vezes a ilha brasileira de Fernando de Noronha.

Esta região é considerada o maior latifúndio do mundo durante a década de 1970, já que surgiu de um financiamento de 30 milhões de dólares, cedido pela SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), que só se fez possível mediante um documento da FUNAI que alegava falsamente que não haviam índios residindo naquele local de terras.

O Cacique da tribo Xavante, explica que, naquele local, já existiram duas outras aldeias, uma delas criada por seu pai, e após esta venda de terras, os índios foram retirados do local de terra de maneira extremamente ofensiva, com aviões das Forças Aéreas Brasileiras, mandados pelo Estado, pousando em suas terras, os rodeando-os como animais, e os obrigando a entrar nos mesmos.

Os índios retirados da fazenda, foram deslocados para outra região, onde havia um agrupamento regional, feito pelo Estado com a ajuda dos religiosos. Os índios que pertenciam a fazenda acabaram não se adaptando ao local que foram designados, e sofreram doenças que dizimaram sua etnia. No atual local de vivência, o Cacique Xavante explica a Maria Raduan que, logo ao lado de sua residência, existe um cemitério com sua família, e que não tem a menor intenção de deixar uma terra que, legalmente e historicamente, é sua.

Quando o Cacique percebeu essa dizimação, decide regressar com os Xavantes para região que, desde o princípio era de sua tribo, a Fazenda Suiá-Missú. Quando voltam a terra se deparam com sem-terra, fazendeiros, peões e posseiros, em momento algum pensam que estão invadindo terra alheia, mas que foram invadidos, considerando que o Cacique cresceu naquelas terras, e que seu pai originou a primeira tribo, sendo assim, foi nesse momento que se instala o conflito por terras na região, pois os outros habitantes também não se consideram invasores.

O conflito já deveria ter sido findado, com uma disputa judicial, no ano de 2009, que deu a posse das terras para os índios, porém a guerra de terras continua existindo na Fazenda, já que, mesmo com a decisão judicial, os outros povos (fazendeiro, posseiros, sem-terras) continuam insistindo em permanecer no local, alegando que, como no início da Fazenda os índios não estavam ali, mesmo que tivessem sido retirados, as terras não os pertenciam.

A região desolada onde ocorre a disputa de terra é pouco habitada, e sofre, constantemente, com queimadas, que ocorrem pelas próprias mãos dos habitantes que são oponentes nesta guerra de terras. Todos os pontos de vista apresentados neste documentário, de índios, fazendeiros e posseiros, não deixam de explanar que existe o enfrentamento violento, em defesa ao que acham correto, o que está por trás de todo este conflito é a inépcia e a omissão do Estado, já que, como deveria resolver conflitos de povos, acaba simplesmente ignorando esta guerra, como se este local não existisse.

Mesmo que, todos os que habitam nessa terra tenham seus prejuízos, quem mais se abala com esta competição por terras é a natureza, que, a cada queimada, desaparece em grande escala. Essas queimadas, provocadas pelos índios, posseiros e sem-terra, são retratadas por John Carter como intermináveis.

Este norte-americano veio morar na área da Suiá-Missú pela simpatia que criou com o local e com os animais, cita que, no último grande incêndio antecedente ao documentário, ele solicitou as autoridades antes mesmo do incêndio se iniciar, pois havia muita briga naqueles dias, as mesmas ignoraram o pedido. O incêndio se iniciou e durou cerca de duas semanas, observando a quantidade de matas e mato seco que havia no local. Diz também que os incêndios são corriqueiros, e que quando tenta avisar as autoridades sempre fora ignorado.

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