O filme "Escritores da Liberdade"

Ao assistir ao filme “Escritores da liberdade” e analisar a relação instituição/docente/estudantes baseada nas leituras da disciplina percebe-se que as estruturas tradicionais de currículo estabelecem uma relação de poder entre eles, do maior para o menor instituição-docente-estudantes, limitando seus espaços. Comparando essa situação ao filme nota-se que a professora superou esses limites escutando seus alunos, se interessando por suas histórias, dando voz aos mesmos, proporcionando dentro da instituição maneiras de lutar contra a discriminação e a violência. Para isso a mesma não contou com o apoio da escola, nem de seus superiores hierárquicos, precisando lutar por conta própria pela educação que defendia.

Infelizmente o currículo atual ainda tende a sobrepor uma cultura à outra, precisamos combater essa hegemonia da cultura europeia em relação aos povos colonizados por esse continente durante tantos séculos. A produção cultural pode ser muito rica se o currículo valorizar as diferenças, prevalecendo a identidade de cada grupo, assim como no filme assistido, estimulando a interação entre diferentes culturas, sendo as mesmas inacabadas e incompletas.

No estudo da disciplina fica claro o interesse de alguns em manter a desigualdade social, por se privilegiarem de tal situação. Em decorrência disso faz-se necessário formar mais trabalhadores para o mercado de trabalho, com menor custo e menor tempo, reflexo da Revolução Industrial. Com isso o conhecimento que é produzido nas escolas atende a essa demanda, de formação mínima para o operário. Nesse contexto o currículo reproduz uma situação de desigualdade, onde as classes injustiçadas ficam com pouca ou sem saída. No filme retratado o conhecimento produzido pelo grupo é sem dúvida incomparável ao estabelecido pelos sistemas de ensino. Eles fizeram leitura de vários livros que faziam total sentido para eles, escreveram suas histórias, conheceram o holocausto e o melhor, se sentiram capazes de mudar sua realidade.

Sabemos que a ação docente é fundamental na produção curricular, mas nem sempre, na prática, as escolas reservam um momento para debater e discutir o currículo. O que acontece muitas vezes é o desejo que o docente reproduza um modelo existente que atenda aos padrões daquela instituição, porém devemos superar essa visão. A professora do filme derrubou obstáculos ao pedir que a leitura dos livros doados por ela fosse aceita dentro do currículo oficial da escola.

Meu posicionamento sobre a produção curricular segue as críticas apresentadas no módulo da disciplina, no sentido de revermos as separações perpetuadas no currículo escolar como branco/preto, menino/menina, heterossexual/homossexual, dando lugar à pluralidade existente nos seres humanos, criticando as verdades tidas como absolutas, que contribuem para esse cenário de preconceito, discriminação e desigualdade.