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A Evolução do Piano

Por:   •  2/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.652 Palavras (11 Páginas)  •  263 Visualizações

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Introdução

Através dos tempos, o piano sofreu diversas transformações a nível do seu mecanismo. Essas transformações, para além de poder responder à estética musical da altura, trouxeram também novas técnicas pianísticas e adaptações para a interpretação de alguns artistas. Neste trabalho vou então apresentar a evolução do piano forte ao piano moderno, no contexto da obra de Mozart e Chopin.

Principais diferenças mecânicas, tímbricas e interpretativas.

O piano surgiu nos finais da época barroca, por volta de 1700, como uma alternativa ao cravo. Nas décadas anteriores, os instrumentos de teclas privilegiados foram o cravo e o órgão, onde Bach e Scarlatti compuseram grandes obras, no entanto a procura de novas sonoridades e diferente projeção de som, levaram ao nascimento do piano. Este surgiu como uma oportunidade de juntar qualidades de outros dois instrumentos já existentes na altura: o cravo e a sua capacidade de projeção de som e o clavicórdio e a possibilidade de sustentação de som. Assim, Bartolomeu Crosofori, um artista florentino a serviço da família Medici, criou um sistema de martelos que correspondia aos requerimentos apresentados pela época. No entanto, Crosofori não desenvolveu o instrumento, trabalhando-o e dando novas possibilidades e capacidades, mas este serviu como base para o desenvolvimento daquele que viria a ser o instrumento mais tocado do séc. XIX. Foi um fabricante de cravos, órgãos e outros instrumentos de teclas que pegou no mecanismo de Crosofori desenvolvendo-o e melhorando-o. Gottfried Silbermann, alemão, fabricou o seu primeiro piano por volta de 1732, um ano após a morte de Crosofori. Este novo piano foi construído tendo por base apenas o sistema de martelos de Crosofori, sendo que as madeiras, as cordas e até a cobertura dos martelos foi decisão do seu construtor. Para além disso, ao contrário do primeiro piano, este de 1732, apresentava um mecanismo de subida dos abafadores, o que permitiria a vibração livre das cordas, à semelhança do pedal sustain dos pianos modernos. No entanto, este mecanismo tinha de ser acionado com a mão, o que levava à interrupção do executante para poder usufruir do sustain, e criava uma diferença tímbrica muito diferente àquela que hoje nos é proporcionada pelo pedal.

Mais tarde em Viena, com o nascer do classicismo, o piano desenvolveu-se, oferecendo novas cores sonoras ao executor. Da época barroca para o classicismo houve uma mudança de mentalidade que se manifestou numa procura de melodias simples e harmoniosas, o que diferenciava da composição matemática do contraponto. Para além disso, o piano tornou-se o ponto central do entretenimento familiar, e o instrumento predileto nas soires organizadas por nobres e burgueses. Por essa razão, era necessário um instrumento mais harmonioso e que oferecesse mais cor melódica. O pianoforte (designação dos pianos construídos no séc. XVIII) veio então satisfazer essas necessidades, criadas sobretudo na corte vienesa, a capital musical da altura. Um piano como aquele que Mozart tocava tinha várias diferenças em relação ao piano moderno. Em primeiro lugar, possuía duas cordas por nota, o que lhe permitia ter uma maior intensidade que o clavicórdio. Os martelos eram cobertos por pele de animais, no entanto alguns construtores usavam a parte interior, enquanto outros usavam a parte onde teria estado pelo, originando timbres e expressões diferentes. Para além disso, o piano tinha um mecanismo que permitia que a diferença de força na percussão das teclas resultasse em diferentes cores sonoras. Este era um artificio usado por muitos compositores como Mozart, em que alterando a dinâmica, acabavam por alterar também o próprio som do piano, oferecendo maior diversidade às composições. Este piano teria também alguns antecedentes dos pedais na forma de botões que eram pressionados com os joelhos. O esquerdo, à semelhança do piano de Crosofori, fazia levantar os abafadores, deixando as cordas vibrar livremente. O direito, chamado de moderador, desapareceu na transição de pianoforte para o piano moderno e servia para abafar o som, colocando um pedaço de feltro entre o martelo e as cordas. Nesta época, os pianos eram feitos totalmente de madeira e tinham apenas 57 teclas, um âmbito mais reduzido que o piano moderno.

No séc. XIX, em parte como consequência dos movimentos nacionalistas que fizeram despertar sentimentos de patriotismo e liberdade, surgiu uma nova filosofia musical que ficou conhecida como o período Romântico. Este teve implicações em diversas formas artísticas como a pintura, a literatura e claro, a música. O compositor ganhou maior liberdade para escrever, podendo inovar e descrever os seus sentimentos da força mais pura, sem formas rígidas como acontecia no período Clássico. Foi uma época de inovação: Paganini, violinista, levou ao extremo as capacidades do violino, o que inspirou autores como Listz a fazerem o mesmo com o piano. O piano acompanhou então estas mudanças e desenvolveu-se. Uma das maiores diferenças que surgiram no piano do séc. XIX, foi o aumento do âmbito do piano para 88 teclas (cerca de 7 oitavas), o que daria uma maior liberdade ao compositor, pois este teria mais sons para utilizar. Para além disso, desenvolveram-se os pedais, que ao contrário do mecanismo do piano forte, originavam mudanças ténues da cor do som, originando obras mais homogéneas. No período Romântico, a tónica da música estava na melodia e nas experimentações realizadas com ela e as harmonias inovadores, enquanto no clássico a grande importância seria a inovação em termos de cor, porque as linhas melódicas eram muito mais simples. Os pedais surgiram também como novas maneiras de inovar a composição visto que davam outras capacidades ao piano o que levava a maiores possibilidades de composição. Foi assim que surgiu o pedal una corda e sostenudo. O moderador existente nos pianos do séc. XVIII, deixou de existir, bem como a mudança de cor na diferença de intensidade da percussão das teclas, uma consequência do novo mecanismo desenvolvido. Na verdade, quando tocamos mais forte num piano moderno, apenas a intensidade se altera. Em termos de materiais, no piano moderno começou a ser usada uma armação de ferro fundido, o que vai levar a um melhor suporte da tensão das cordas e uma afinação mais estável. Também se substituiu a madeira maciça por placas de madeiras coladas e moldadas, o que oferece muito maior ampliação de som. Esta é uma novidade muito importante pois vai responder à necessidade de um piano preparado para maiores salas de concerto e para acompanhar orquestras com mais e melhores instrumentos. Podemos também notar uma ligeira diferença no próprio timbre do piano, resultado da cobertura dos martelos com feltro, ao contrário da pele usada no período clássico, o que originava um som mais abafado e menos brilhante.

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