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Filme A professora de Piano

Por:   •  19/4/2016  •  Resenha  •  1.896 Palavras (8 Páginas)  •  851 Visualizações

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Filme: A professora de piano, 2001. Autor:

Retrata a história de Erika Kohut, que apresenta ter uma das áreas da sexualidade humana chamada: o abuso da perversão. O próprio Freud afirma que toda a fundamentação da sexualidade é perversa.

Aos 40 anos, Erika, uma mulher orgulhosa, sempre ríspida em seus comentários, principalmente com os alunos, ainda mora com a mãe, a única pessoa por quem estabelece uma relação de afeto, é professora de um conservatório de Viena e que sua vida se resume em dar aulas e ao chegar conviver com sua mãe, sendo esta última uma mãe extremamente castradora. Erika tira por “passatempo” maltratar e depreciar seus alunos durante as aulas, enquanto os dirige, sua vida social se resume em fugir da vigilância da mãe para frequentar lojas de artigos pornográficos ou em espiar casais tendo relações sexuais, a exemplo dessas situações são os momentos em que ela assiste o filme onde um casal está tendo relação sexuais ou onde num carro onde ela vê e ouve um casal se relacionando dentro do carro e chega a fazer xixi ao lado do carro.

A mesma não tem amigos nem namorado e não tem pretensão por isso até que conhece Walter, um rapaz bastante jovem e bastante sedutor que a conhece num recital onde ela toca, e aí começa a tentar seduzi-la, ele tenta a todo custo entrar para a classe dela como aluno afim de conquistá-la deixando claro que a quer, mas ela se mantém aparentemente indiferente diante das investidas, a mesma não suporta que nada saia do seu controle, e escreve uma cara para que Walter tendo esta como condição para se relacionar com ele, onde coloca por escrito todos os seus desejos de forma fria e sua mãe de alguma maneira tem participação nessas fantasias sadomasoquistas, entrando como a sua “salvadora” do espancamento ao qual iria sofrer nas mãos dele.

Pelo que pudemos observar na proposta de drama psicológico feito pelo psicólogo, diretor, escritor e filósofo Michael Haneke, há uma perturbadora relação entre mãe e filha. Freud dizia que a primeira escolha de objeto amoroso feito pela criança é a mãe, ou uma representação materna, tendo essas duas pessoas um amor sem limites até que há o encontro com o pai ou uma representação paterna, enfim, um outro alguém com o qual tem que dividi-la, sendo este o motivo que desvincula a menina da mãe e a inclui no Complexo de Édipo, porém esse caso não acontece na história de Erika e sua família.

Erika vive em divergência com a mãe, pois ao mesmo tempo que não gosta da constante interferência da mãe em sua vida, sempre acaba a perdoando, e dividindo a mesma cama com ela todas as noites.

Alguns momentos podemos observar que a fase pré-edipiana aparenta não ter sido superada por não haver a intervenção de uma terceira pessoa que impeça a ligação entre elas. Se considerarmos a passagem pelo Édipo crucial para a construção do sujeito, podemos ver que o caso de Erika deixou marcas arraigadas, profundas e permanentes. Érica é um raro exemplo de mulher perversa na sua estrutura.

No livro Uma viagem pessoal pelo cinema Americano, Scorsese e Wilson (2004) afirmam que a sexualidade é a última fronteira a ser conquistada pelos cineastas. A perturbadora e fascinante personagem de Isabelle Huppert, em A Professora de Piano, oferece uma contribuição importante para romper esta barreira ao investigar uma das áreas mais sombrias da sexualidade humana: o abuso da perversão, já que toda a fundamentação da sexualidade é perversa, como apontou Freud em 1905. A questão tem um pano de fundo: há mulher na estrutura perversa?

Erika Kohut, de 40 anos, é uma professora especialista em Schubert do aclamado Conservatório de Viena. Sua vida se restringe entre suas aulas e o convívio sufocante com sua mãe extremamente castradora (Annie Girardot). Erika é austera, sisuda, orgulhosa, nada afetiva (exceto com a mãe) e ríspida em seus comentários, principalmente quando os dirige aos seus alunos talentosos e esforçados. Tem um prazer genuíno em maltratá-los e depreciá-los. Sua vida social se resume a fugir da vigilância materna para frequentar lojas de artigos pornográficos (onde assiste a vídeos de sexo explícito e esfrega no rosto o esperma dos frequentadores que lá estiveram antes dela) ou em espiar (sem pudor ou constrangimento) outros casais tendo relações sexuais. Erika não tem amigos nem namorado, e não parece ter interesse em vir a tê-los. No entanto, quando conhece Walter (Benoît Magimel), um jovem e sedutor rapaz, inicia-se um jogo de sedução um tanto perverso. Walter decide ter aulas com

Érika, mas deixando claro quanto às suas intenções com a professora, que se mantém inexpressiva perante as suas investidas. Ela não suporta qualquer coisa que fuja ao seu controle, por isso, a condição para se relacionar com Walter é que ele leia uma carta onde expõe por escrito os seus desejos de forma minuciosa e fria, e que, de alguma forma, sua mãe tem uma participação nas suas fantasias masoquistas, entrando como a “salvadora” do espancamento ao qual estaria sujeita nas mãos do rapaz.

A partir desta exposição sobre a estória que Michael Haneke propôs-se a contar, inicio a análise deste filme com a perturbadora relação entre mãe e filha. Com Freud, aprendemos que a primeira escolha de objeto amoroso feita pela criança é a mãe. É um amor sem limites até o encontro com o pai, um outro com o qual tem que dividi-la, motivo que leva a menina a se desvincular de sua mãe e a introduz no Complexo de Édipo propriamente dito.

Todavia, não é isso que acontece na família Kohut. Erika vive um conflito com sua mãe; ao mesmo tempo em que se irrita com as suas constantes intromissões, termina semprepor permiti-las e perdoá-la por isso, deitando-se, ao fim de cada dia, na mesma cama que ela. Existem momentos que temos a impressão que a fase pré-edipiana não foi superada, em que mãe e filha ainda não se descolaram, já que não houve um terceiro barrando a simbiose entre elas. Se admitirmos que a passagem pelo Édipo – mais precisamente pelo horror da castração – é determinante para a estruturação do sujeito, constata-se que no caso de Erika ela deixou marcas profundas e permanentes, levando-nos a crer que seu caso se trata de algo além de uma mera perversão-polimorfa. No entanto, poderia ser imprudente afirmar que Erika é um raro exemplo de mulher perversa, estruturalmente falando. Não é de hoje que esbarramos com a dificuldade de isolar a perversão como uma estrutura específica, distinguindo-a da psicose e da neurose a partir do ponto de vista fenomenológico. Essa dificuldade é devido à manifestação polimorfa-perversa da sexualidade humana.

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