A Experiência Multissensorial

Experiência multissensorial

Bachelard fala da polifonia dos sentidos, nosso senso de realidade é reforçado por essa interação constante. Já a arquitetura direciona nossa atenção e experiência existencial para horizontes mais amplos, além de dar uma estrutura conceitual e material às instituições societárias, bem como às condições da vida cotidiana.

Toda experiência comovente com arquitetura é multissensorial. As características de espaço, matéria e escala são medidas igualmente por nossos olhos, ouvidos, nariz, pele, língua, esqueleto e músculos.

Todos os sentidos, inclusive a visão, podem ser considerados como extensões do sentido do tato. George Berkeley supôs que a noção visual da materialidade, distância e profundidade espacial seriam absolutamente impossíveis sem a cooperação da memória tátil. A visão desvinculada do tato não poderia ter qualquer ideia de distância, exterioridade ou profundidade e consequentemente do espaço e do corpo. O tato sente o peso, a resistência e a forma tridimensional dos corpos materiais.

Uma obra de arte autêntica simula nossas sensações idealizadas de toque.

O encontro ao vivo com a casa da cascata de Frank Lloyd Wright  constitui uma experiência totalizante e única, a floresta do entorno com os volumes, as superfícies a texturas e as cores da casa e até mesmo os aromas da floresta e os sons do rio. A frontalidade visual de um desenho de arquitetura desaparece na experiência real da edificação.

As imagens presenciais fazem energia imagens da memória das fantasias e dos sonhos. Um espaço de arquitetura enquadra detém, reforça e foca nossos pensamentos e a geometria do pensamento reflete a geometria do cômodo.

O corpo não é uma mera entidade física, ele é enriquecido pela memória e pelos sonhos, cada forma de arte elabora pensamentos metafísicos com seus meios característicos e seu envolvimento sensorial.