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Esportes

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Por:   •  2/3/2015  •  1.537 Palavras (7 Páginas)  •  284 Visualizações

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O "esporte na escola" e o "esporte da escola":

danegaçãoradicalparaumarelaçãodetensãopermanente UmdiálogocomValterBracht

Tarcísio Mauro Vago*

A idéia central que apresento para este diálo- go é a de que a escola, como instituição social, pode produzir uma cultura escolar de esporte que, ao invés de reproduzir as práticas de esporte hegemônicas na sociedade, como escreveu Bracht, estabeleça com elas uma relação de tensão per- manente, num movimento propositivo de intervenção na história cultural da sociedade.

Este artigo discute as relações da es- cola com as práticas culturais de es- porte, estabelecendo um diálogo com o livro de Valter Bracht (1992) e trazendo para essa discussão as contribuições de alguns estudiosos da história das disciplinas escolares (Nóvoa, Forquin e Chervel). A idéia central defendida é a de que a escola pode produzir uma cultura escolar de esporte que, ao invés de reproduzir as práticas de esporte hegemônicas na sociedade, como escreveu Bracht, estabeleça com elas uma relação de tensão permanente, intervindo na história cultural da sociedade.

As práticas culturais de esporte vêm sendo escolarizadas ao longo deste século, como um dos temas de ensino da Educação Física. Então, quais as relações possíveis da escola (e do seu ensino de Educação Física) com as práticas culturais de esporte?

Tentando refletir acerca das possíveis respostas a essa pergunta, tomei como referência o livro de Valter Bracht (1992)', Educação Física e aprendizagem social, o que se justifica por ser esse autor um dos mais lidos pelos professores de Educação Física, no Brasil (Oliveira, 1994). A intenção é a de estabelecer com esse estudioso um diálogo2 para discutir um

dos muitos pontos trazidos à reflexão pelo autor, justamente aquele que trata do ensino do esporte na escola, por intermédio da Educação Física.

A idéia central que apresento para este diálogo é a de que a escola, como instituição social, pode produzir uma cultura escolar de esporte que, ao invés de reproduzir as práticas de esporte hege- mônicas na sociedade, como escreveu Bracht, estabeleça com elas uma relação de tensão permanente, num movimento propositivo de intervenção na história cul- tural da sociedade.

EM TORNO DA AUTONOMIA E DA LEGI- TIMIDADE PEDAGÓGICA DA ESCOLA E DOENSINO DAEDUCAÇÃO FÍSICA

Um olhar para a escola como lugar de ''transmissão do saber acumulado"

Depoisdeconceituar,noCapítulo1,oter- mo Educação Física como aquele que abrange as atividades pedagógicas, tendo como tema o movimento corporal e que toma lugar na insti- tuição educacional(p.15),Brachtconsideraque

a Educação Física, em se realizando na insti- tuição educacional, presume-se, assume o es- tatuto de atividade pedagógica e, como tal, incorpora-se aos códigos e funções da própria escola, (p.17)

Há duas idéias impor tantes contidas nessa consideração. A primeira é a de que Bracht, aqui, defende que a escola tem seus próprios "códigos e funções", admitindo então que ela possua uma certa autonomia como instituição social. A segunda idéia decorre imediatamente desta: a Educação Física (e os temas que ela vai ensinar, entre os quais o esporte), sendo constituinte da escola, assu- me e incorpora em seu ensino esses "códigos e funções" da escola.

Bracht prossegue demonstrando o fato de a Educação Física ter recebido, em sua his- tória no Brasil, a influência de duas institui- ções: a instituição militar e a instituição es- porte. O que o autor discute, então, é o grau de autonomia pedagógica (ou a "identidade da Educação Física", segundo ele) alcançada pela Educação Física nas suas relações com essas instituições.

Para definir o que seja essa autonomia, BrachtcitaosociólogoalemãoNiklasLuhmann:

A autonomia pressupõe uma determinada in- terdependência, e expressa o grau de liberdade com o qual as relações entre o sistema e o meio ambiente podem, através dos critérios seletivos do sistema, ser por ele próprio reguladas (Luhmann, citado por Bracht, 1992. p.18).

Com base na definição de auto- nomia de que ele se utiliza, percebe-se que Bracht, ainda aqui, reforça aquela primeira idéia de que a escola, sendo um "sistema", teria sim um "grau de liberdade" para estabelecer relações com o meio ambiente por meio de seus "critérios seletivos" regulados por ela própria. Logo, se o esporte está no meio ambiente, a escola poderá relacionar-se com ele por meio dos seus próprios critérios e, ainda, regular essa relação.

Movimento -AnoIII-Nº5-1996/2 Movimento -AnoIII-Nº5-1996/2

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O "esporte na escola" e o "esporte da escola":

danegaçãoradicalparaumarelaçãodetensãopermanente UmdiálogocomValterBracht

Tarcísio Mauro Vago*

A idéia central que apresento para este diálo- go é a de que a escola, como instituição social, pode produzir uma cultura escolar de esporte que, ao invés de reproduzir as práticas de esporte hegemônicas na sociedade, como escreveu Bracht, estabeleça com elas uma relação de tensão per- manente, num movimento propositivo de intervenção na história cultural da sociedade.

Este artigo discute as relações da es- cola com as práticas culturais de es- porte, estabelecendo um diálogo com o livro de Valter Bracht (1992) e trazendo para essa discussão as contribuições de alguns estudiosos da história das disciplinas escolares (Nóvoa, Forquin e Chervel). A idéia central defendida é a de que a escola pode produzir uma cultura escolar de esporte que, ao invés de reproduzir as práticas de esporte hegemônicas na sociedade, como escreveu Bracht, estabeleça com elas uma relação de tensão permanente, intervindo na história cultural da sociedade.

As práticas culturais de esporte vêm sendo escolarizadas ao longo deste século, como um dos temas de ensino da Educação Física. Então, quais as relações possíveis da escola (e do seu ensino de Educação Física) com as práticas culturais de esporte?

Tentando refletir acerca das possíveis respostas a essa pergunta, tomei como referência o livro de Valter Bracht (1992)', Educação Física e aprendizagem social, o que se justifica por ser esse autor um dos mais lidos pelos professores de Educação Física, no Brasil

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