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Lighting design e arte abstrata

Por:   •  28/5/2015  •  Abstract  •  2.673 Palavras (11 Páginas)  •  270 Visualizações

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Lighting design e arte abstrata

 

Um paralelo entre as idéias do mestre Kandinski e a iluminação

 

            Tenho notado ultimamente algo nos projetos de iluminação que me parece bastante sério. Perturbador mesmo. Parece que, de repente, surgiu uma espécie de onda no País, que tem feito com que muitos projetos pareçam iguais. Cheguei a pensar que eu poderia estar exigindo demais dos designers. Imaginei que as tecnologias que estavam chegando com força no Brasil e, de alguma forma, influenciando as escolhas dos profissionais iria passar rapidamente, como passam as ondas.

 

            Mas o fato é que o tempo foi passando, e eu não consegui perceber tantas mudanças. Os projetos, tirando algumas exceções, apresentam ainda "receitas" prontas, iguais àquelas de bolo, que a gente faz, e nunca mais esquece. Pior ainda, a gente não esquece porque deu certo uma vez e, certamente, dará certo sempre.

 

            Torçam os narizes os mais cépticos, mas esta "coisa" não funciona quando tratamos nossos projetos como o que eles realmente são: obras de arte. E estas fórmulas não funcionam justamente por isso: porque iluminação é arte, e na arte não existem receitas. Não existem "regras" que possam ser cumpridas sempre que necessitamos, de alguma forma, nos expressar.

 

            Podemos (e devemos!) aprender os meios de fazer a arte, tais como: as técnicas, os materiais,   as tecnologias e teorias que regem o mundo das formas, dos sons, das cores, da harmonia etc. No entanto, não podemos usar esses conhecimentos como um receituário. O lighting design deve ser mais complexo, mais instigante, pois nele há um lado invisível, espiritual, intuitivo...

 

            Quando andamos nas ruas, nos confrontamos, muitas vezes, com essas receitas de iluminação, replicadas por todos os lados, nos shoppings, nos condomínios etc. Mas será que nos perguntamos a razão dessas imagens criadas pela luz, das cores, das sombras? Será que sabemos o valor de um fio de luz que invade uma parede, como uma fenda aberta? Será que nos perguntamos qual a finalidade dessas cores jogadas sobre esses jardins? Ou podemos perceber o valor estético, resultado de todas essas combinações num mesmo ambiente?

 

            Claro que a maioria das pessoas nunca questionará esses valores com profundidade, mas não estou falando da maioria das pessoas, estou falando daqueles que querem não apenas reproduzir o que está na moda, mas fazer com que seus trabalhos sejam capazes de chegar à alma das pessoas.

 

            Bem, até aqui falei apenas de projetos de iluminação que compõem o mundo da arquitetura, do design de interiores e exteriores. E o que dizer dessas luzes que são "jogadas" sobre os palcos, onde qualquer movimento, por mais ínfimo que seja, vem carregado de simbolismo? Onde se torna necessário o conhecimento da luz, das formas, das cores, dos movimentos, do conteúdo dessas complexas composições.

 

            No que diz respeito à iluminação cênica, as tecnologias também chegaram ao País atropelando nossos profissionais. Lá fora, onde foram criadas, foram pesquisadas e produzidas para atender demandas estéticas. Quando aqui chegaram, em meados dos anos oitenta, produziram uma verdadeira revolução.

 

            O que mete medo é saber que nossos jovens profissionais estão muito mais preocupados com as tecnologias do que em como transformá-las em ferramentas de expressão. Fazendo uma relação com a pintura, seria como se os pintores e estudantes da arte pictórica se interessarem muito mais pelos pincéis e pelas tintas do que pela própria expressão artística. Um absurdo que provavelmente nos traria conseqüências catastróficas: uma geração inteira perdida e abismada com os seus pincéis e tintas.

 

            A mim, parece-me que isso está atualmente acontecendo aqui no Brasil com a iluminação cênica e, algumas vezes, com a arquitetural. Mas não é o pessimismo que nos fará quebrar essas algemas, e sim o aprofundamento dos conhecimentos mais sutis que envolvem a criação artística. É o reconhecimento de que a arte, assim como a ciência, é um campo imenso de pesquisas, de busca de entendimento e soluções.

 

            Nosso mestre Kandinski e muitos outros que vieram antes e depois dele, também em suas épocas e culturas, tiveram que romper algemas. As algemas eram outras, mas a força que exerciam sobre espíritos empreendedores era tão forte como as que enfrentamos hoje.

 

            E por isso, acredito que a análise da vida e a obra desses homens e mulheres pode, de alguma forma, nos ajudar a alçar vôos. E, quem sabe, nos impulsionar a jogar as receitas pela janela e buscar a compreensão do que ainda é novo em suas características técnicas, e utilizar simplesmente como ferramentas de criação.

 

Em busca de uma teoria da arte

 

            Em 4 de dezembro de 1866 nascia em Moscou, na Rússia Czarista, Vassili Wassilievich Kandinski. Dotado de uma incrível sensibilidade artística, principalmente no que diz respeito à cor, e de uma inteligência notável, viria a se tornar uma das mais fortes e expoentes vozes da arte moderna ocidental.

 

            Suas idéias consolidaram as vertentes modernistas do começo do século XX que, por sua vez, derrubaram a hegemonia dos rígidos conceitos do classicismo nas artes plásticas, literatura, arquitetura, escultura, música e até mesmo na filosofia e ciência. Sua obra é considerada por muitos estudiosos uma ruptura dentro da ruptura, pois para Kandinski a questão da forma se torna secundária. Para ele, a arte abstracionista abole a forma como princípio e parâmetro básico de expressão e abre caminho para as liberdades do espírito.

 

            Mas o abstracionismo de Kandinski conquista respeito no meio artístico de sua época não apenas por sua inovadora "formalização" da livre expressão do

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