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A MULTIDIMENSIONALIDADE DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Por:   •  20/2/2016  •  Dissertação  •  4.325 Palavras (18 Páginas)  •  15.890 Visualizações

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3 A MULTIDIMENSIONALIDADE DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Percebemos que os conceitos de Didática deixam claro que seu objeto de estudo é o processo ensino-aprendizagem e toda proposta didática está marcada de forma clara ou não por uma concepção desse processo que precisa ser adequadamente analisado e compreendido, para que articule consistentemente as dimensões: humana, técnica e político-social, ou seja, a multidimensionalidade desse processo. 

A dimensão humana não pode ser considerada o centro configurador do processo de ensino-aprendizagem, no entanto, a Didática deixa clara a importância dessa dimensão. O componente afetivo está presente no processo de ensino-aprendizagem perpassando e impregnando toda sua dinâmica e não deve ser ignorado.

A dimensão técnica se refere ao processo ensino-aprendizagem como ação intencional, sistemática, que procura organizar as condições que melhor propiciem a aprendizagem. No entanto, quando a dimensão técnica é privilegiada, analisada de forma dissociada de suas raízes político-social e ideológica, e vista como algo “neutro” e meramente instrumental, temos, então, o tecnicismo. A questão do “fazer” da prática pedagógica dissociada das perguntas sobre o “por que fazer” e o “para que fazer” e analisada de forma, muitas vezes, abstrata e não contextualizada parte de uma visão unilateral do processo ensino-aprendizagem. A dimensão técnica é um aspecto que não pode ser desconsiderado para uma adequada compreensão e mobilização do processo ensino-aprendizagem. O domínio do conteúdo e a aquisição de habilidades básicas, assim como a busca de estratégias que viabilizem esta aprendizagem em cada situação concreta de ensino, constitui problemas fundamentais para toda proposta pedagógica, que adquire mais significado quando contextualizada.

A dimensão político-social inerente ao processo ensino-aprendizagem, que é situado, contextualizado, não é apenas uma dimensão, ela impregna toda a prática pedagógica que, querendo ou não, possui em si uma dimensão político-social, ocorre sempre numa cultura específica, trata com pessoas concretas que têm uma posição de classe definida na organização social em que vivemos.

A multidimensionalidade articula organicamente as diferentes concepções do processo de ensino-aprendizagem e se constitui na proposta da didática fundamental.

A perspectiva fundamental da Didática assume a multidimensionalidade do processo de ensino-aprendizagem e articula as três dimensões técnica, humana e político-social no centro configurador de sua temática.

Nessa perspectiva procura analisar a prática pedagógica concreta e seus determinantes, contextualiza a prática e procura repensar as dimensões técnica e humana de modo contextualizado, analisando as diferentes metodologias explicitando seus pressupostos, o contexto em que foram geradas as concepções de mundo, de sociedade, de homem e de educação que veiculam.

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Para colocar em prática seus conhecimentos, resolva aAtividade 1 – Relacionando as dimensões técnica, humana e político-social, disponível na ferramenta Atividades.

 

1.4 A DIDÁTICA E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Segundo o Professor Miguel Berger, docente da Universidade Federal de Salvador, atribuir o fracasso escolar às condições sócioeconômicas e culturais do aluno e a formação inadequada do professor foram justificativas muito utilizadas para escamotear a ausência de uma política que contemple o profissional do magistério. 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9394/96 e a Lei nº 9424/99, que dispõe sobre o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF) fazem parte de um conjunto de Leis que se reportam à formação do profissional da educação e os investimentos necessários a essa formação e valorização, no entanto, não garantem a efetivação de uma política de formação capaz de atender a essas necessidades. 

A LDB em seu bojo trouxe a obrigatoriedade da formação em cursos de Licenciatura Plena aos docentes da Educação Infantil e as séries iniciais do Ensino Fundamental. Com vistas a atender dispositivo legal, os cursos destinados à formação de professores proliferaram na última década em todos os recantos nacionais e com eles aumentaram as preocupações com esses cursos e o conjunto de teorias e práticas que os compõem.

A Didática se encontra no centro dessas discussões, ao ser trabalhada nos cursos de formação de professores. Busca-se ao mesmo tempo uma ressignificação da identidade do educador e procedimentos para aprimoramento da prática social da educação. 

Segundo Berger, quando os alunos já exercem o magistério, ou seja, já militam nessa tarefa educativa e buscam a formação específica, apresentam saberes – fazeres resultantes de sua experiência, os quais são objetos de reflexão, análise e reelaboração a fim de favorecê-los no processo de (re) construção do conhecimento e no redimensionamento de seu agir. 

A Didática deve oportunizar espaços de discussão que partam das vivências e experiências dos sujeitos envolvidos em atos educativos e dessas discussões devem surgir os procedimentos para subsidiar o trabalho pedagógico, bem como a prática avaliativa a ser desenvolvida no cotidiano em sala de aula. 

É importante que a Didática possibilite a vivência e análise da prática do planejamento participativo para favorer a apropriação por parte do aluno, futuro professor, de conhecimentos necessários a respeito de como ir além do planejamento burocrático e de natureza tecnicista, que empobrece e fragmenta o trabalho pedagógico, ainda presente nas escolas.

A importância do planejamento encontra-se, entre outras, na possibilidade de favorecer ao professor; o desenvolvimento de situações de ensino que valorizem as experiências e contemplem a realidade do aluno, e sejam desafiantes e contribuam para uma aprendizagem significativa, ao invés da memorização (COLL, 2004); à eficácia ou não da aula expositiva; o uso do livro didático como um recurso auxiliar; a busca de formas para fugir do uso de testes, da avaliação de natureza classificatória para uma avaliação contínua e que favoreça o aluno no processo de (re)construção do conhecimento, são algumas das preocupações da Didática.

 

1.5 A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES TEORIA E PRÁTICA: A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE


Fig. 01 – Paulo Freire.
Fonte:
www.pedagogia.pro.br/ imagens/freire.jpg[pic 2]

Paulo Freire (1921 – 1997) – Paulo Freire deixou uma vasta obra na área da Educação, foi professor universitário em universidades brasileiras e estrangeiras, sendo outorgado o título de “Doutor Honoris Causa”, em 27 universidades. Foi também Secretário de Educação da cidade de São Paulo. Faremos uma breve abordagem do último livro escrito por ele – Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. E, assim, esperamos proporcionar aos alunos uma reflexão da possibilidade de ações mediante as idéias do professor.

Paulo Freire, no citado, aborda questões fundamentais para a formação dos educadores de forma objetiva, sugere práticas e indica possibilidades para os educadores estabelecerem novas relações e condições de educabilidade, deles entre si, dentro de cada um deles e com seus educandos. Conclama os educadores para uma ética crítica, competência científica e amorosidade autêntica. Para conhecer melhor sua teoria, sugerimos a leitura de suas obras e as de autores que se dedicam a estudá-la mais amiúde. Vamos a síntese do livro.

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