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A gênese Da Antropologia Cultural

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Por:   •  2/12/2014  •  6.273 Palavras (26 Páginas)  •  209 Visualizações

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RESENHA

No filme “Os deuses devem estar loucos”, identificamos uma grande diferença entre sociedades com costumes distintos, não apenas por seus hábitos, mas também por sua forma de vida. Os Boxímanes, povo simples que vive no deserto do Kalahari, são pessoas tranquilas e em alguns pontos ingênuas. O dia-a-dia da comunidade é pacato e alegre. Para eles não existem regras ou leis a serem cumpridas, nem um líder ou comandante. A igualdade não os incomoda, nem as coisas, os objetos que eles possuem. O que seria comum para a maioria das comunidades, para eles são coisas relacionadas aos deuses, os quais eles consideram seus pais e, portanto, só recebem coisas boas dos mesmos. O barulho de um avião, por exemplo, era interpretado como o arroto dos deuses, que provavelmente comeram demais. Foi exatamente um piloto de um avião que lançou no deserto dos Boxímanes uma garrafa de Coca-Cola, um objeto desconhecido por todos da sociedade, e que foi encontrada por Xi, e possuía múltiplas utilidades para os membros de sua comunidade, porém, como o objeto era único, despertou o sentimento de inveja e discórdias, brigas e até a violência entre seu povo. Como a “coisa”, nome dado a garrafa pelos Boxímanes, causou apenas coisas ruins para sua família, Xi resolve livrar-se dela levando-a até o fim o mundo.

No caminho até o fim do mundo, Xi encontra-se pela primeira vez com pessoas de diferentes sociedades e se depara com a dificuldade de diferentes costumes adotados em variadas culturas, chegando a ser preso, julgado e condenado. Todas essas coisas novas que acontecem com ele são incógnitas e o mesmo não compreende nada, uma vez que em seus costumes ninguém machuca ninguém e a palavra “julgamento” nem existe em seu vocabulário. Enquanto todas essas confusões acontecem com Xi, o filme apresenta diferentes personagens e situações vividas por eles. Mostra uma cena comum para nós, a imposição dos meios de comunicações e da mídia sobre a civilização. Nesta civilização cada minuto traz um símbolo, um ato diferente para as ações das pessoas. O relógio decide o que deve ser feito em cada momento. Quanto mais a sociedade se desenvolve, mais ela se prende a essas rotinas e a esses hábitos. Esses hábitos nem sempre são iguais, o que causa um conflito de interesses. Vemos isso na cena em que Kate tenta editar uma matéria sobre a fome e seu chefe a proíbe de fazê-la. Quando Kate diz para sua mãe que irá a Botsuana, sua mãe acha que ela irá para o meio do deserto onde não há nada. Botsuana possui cultura diferente da sociedade onde vive Kate, é uma região tranquila da África e por isso ela deseja passar as férias naquela região.

A partir deste momento do filme, vemos as diferenças entre as culturas e como cada individuo lida com elas. Botsuana é um país subdesenvolvido e com sistema de governo em crise. Totalmente diferente da sociedade de Kate ou de Xi. Nesse momento outros personagens nos são apresentados. O Senhor Steyn vive isolado propositalmente pelo seu ofício e parece que ele tem receio de contato com outras pessoas. Apesar de estar muito próximo dos Boxímanes, não conhece nada sobre eles, não se relaciona com eles, tem contato apenas com seu ajudante Mpudi, que ao contrário do Senhor Steyn, conhece e respeita a cultura de Xi. Vemos aí um julgamento preconceituoso sobre a figura de Mpudi. Quando aparece pela primeira vez, está mal vestido e usando uma linguagem vulgar enquanto tenta arrumar seu carro. Parece ser um homem nojento e sem conhecimento nenhum. Mas isso é não se comprovado durante o filme, quando Mpudi demonstra sabedoria e compreensão ao ter que defender Xi em seu julgamento, e é o único que consegue traduzir a língua de Xi para a sua própria língua.

Como Xi é um especialista nas coisas que Mpudi e Steyn estudam, passa a ajuda-los nas pesquisas. Ele passa um tempo com eles e conhece um pouco sobre outras culturas, mas Mpudi sempre respeita a origem de Xi. Depois de tudo que aconteceu com Xi e das coisas, para nós algumas absurdas, que ele fez como tentar se livrar a qualquer custo de uma simples garrafa, rir da Senhorita Thompson e achar que pessoas normais para nós eram seus deuses, podemos dizer que estamos praticando o etnocentrismo, pois achamos que nossa cultura, nossos costumes são superiores e que outros costumes que não são comuns em nossa cultura são estranhos e menos dignos de respeito.

As sociedades podem ter várias diferenças, mas devemos respeitá-las e por que não, aprendermos outras coisas com elas?

II

Neste espaço de diálogo, em que se fala da vida, ou de pequenas fracções dela, onde, com a espontaneidade e a natural fluência das conversas mais aprazíveis, podemos trocar pontos de vista, iremos procurar partilhar algumas reflexões à margem do filme «Os deuses devem estar loucos».

Este filme cómico não é, nem recente, nem um clássico detentor de recordes de bilheteira, mas, nem por isso, é menos aliciante e menos provido de matéria de reflexão - tal como em muitas ocasiões da vida, nem sempre as situações mais espetaculares, mais sofisticadas, são aquelas que mais satisfação nos proporcionam, ou aquelas que, realmente, nos fazem crescer mais: um breve olhar; uma palavra oportuna, um aceno espontâneo, um sorriso franco, são, por vezes, mais eloquentes do que um grande discurso.

Trata-se de um filme interessante por diversas razões, de que mencionaremos apenas algumas: por proporcionar um espaço de entretenimento e de prazer, conduzindo-nos às deslumbrantes paisagens africanas, para um contexto espaciotemporal totalmente diferente do nosso; pelo próprio enredo do filme, pelas situações caricatas com que nos confronta, a cada passo, e que são motivo de saudáveis gargalhadas; e, principal motivo desta nossa eleição, pelas ocasiões de reflexão que proporciona a respeito de nós, dos outros, e de como reagimos em relação aos imprevistos e às situações novas, à mudança, afinal.

O filme tem início no deserto do Kalahari, no Botswana, junto à África do Sul, numa pacata e semidesértica paisagem, coberta por uma vegetação arbórea esparsa, mostrando uma cena da vida quotidiana de um grupo de bosquímanos (1) que decorre calmamente.

Sobrevoando esse local, um avião, de onde um dos seus tripulantes lança, inadvertidamente, uma garrafa de Coca Cola - daquelas de vidro, bojudas no meio e estreitas no gargalo e com as letras da marca bem impressas - símbolo universal da moderna civilização de consumo deste final de século.

Por perto, brinca um grupo de crianças. Com a curiosidade que lhes é característica, deslocam-se, rapidamente, ao local, a fim de observarem e apanharem o estranho objeto. De início, a garrafa faz

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